quinta-feira, 30 de setembro de 2010

0930 MOLIÈRE

0930 MOLIÈRE

30 DE SETEMBRO. Molière: A invenção e a glória de colocar junto o que é sábio e o que é louco na comédia.

MOLIÈRE
Jean-Baptiste Poquelin
(nasceu em 1622, em Paris; morreu em 1673, em Paris, França)
ATOR E DRAMATURGO MAIOR POETA DA COMÉDIA FRANCESA

Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois da Idade Média, pelo conhecimento que prepara a nova civilização industrial moderna.

JEAN-BAPTISTE, conhecido como MOLIÈRE, era o filho mais velho de Jean Poquelin, fabricante de tapetes, mais tarde indicado como fornecedor da corte do rei de França. Molière estudou no célebre colégio de Clermont, dirigido pelos jesuítas, uma das escolas francesas de alto nível, que tinha como alunos personagens brilhantes, entre eles Voltaire. Estudou filosofia com o famoso pensador e cientista Gassendi, que, de certo modo, foi o precursor do experimentalismo de Locke.
Ele admirava o poeta romano Lucrécio, tendo começado uma tradução de seu poema, que consta num fragmento, na sua peça o Mesântropo. Em seguida ao colégio estudou direito e formou-se como advogado.
Sabe-se que seu avô deu-lhe a orientação para o gosto pelo teatro, com que ele se apaixonou pela arte cênica. Em 1544, com 22 anos, ele entrou para um grupo de atores já famoso, conhecido como a Companhia do Ilustre Teatro. Foi quando ele adotou o nome artístico de Molière, com o qual ele é desde então conhecido. Ele nome já tinha sido usado antes por alguns atores e escritores.
Molière consagrou toda sua energia e recursos para a prosperidade de seu grupo teatral. Como não tinha então sucesso em Paris, a Companhia passou a fazer turnês pelas províncias francesas. Durante 12 anos, de 1646 a 1658, Molière passou sua vida em viagens constantes, em que ele obteve grande experiência e fama.
Em 1658 ele retornou definitivamente a Paris, com uma grande reputação adquirida no interior do país. Foi bem acolhido pelo rei da França e pelos últimos 15 anos de sua vida ali trabalhou sem descanso como ator e como escritor.
Durante o tempo em que realizou suas turnês, Molière compôs um grande número de comédias. Seu primeiro grande sucesso, que revelou seu gênio, foi Prècieuses ridicules de 1656. Nela ele fazia o papel de Mascarille, um nome geralmente usado nas comédias para o empregado sem vergonha. Esse tipo de personagem que aparecia com freqüência, quase sempre era representado pelo próprio Molière.
Nessa peça original e deliciosa, ele dá continuidade à qualidade especial de sua carreira artística, a comédia satírica de costumes modernos. Com deliberado propósito ele faz a análise, a descrição e a avaliação de um tipo importante, que ele submete ao julgamento do bom senso e do sentimento de justiça.
Moliére realizou a nobre tarefa de divulgação do pensamento elevado e das boas maneiras com um instinto superior e uma incansável constância. Durante sua vida produziu uma série de pinturas sistemáticas da vida moderna, até sua morte no exercício da missão a que se dedicou. Ele estando doente, desmaiou no palco representando o Malade Imaginaire, o Doente Imaginário, em 1673, morrendo horas depois, aos 51 anos de idade.
As grandes comédias de Molière se seguiram à École des Femmes, Escola das Esposas, de 1662 até Femmes Savantes, Esposas Sábias, de 1672, foram apresentadas nos últimos 10 anos de sua vida. As datas de suas principais peças são Don Juan de 1665, o Misanthrope de 1666, o Tartuffe de 1667, o Avare, o Avarento, de 1668, o Bourgeois Gentilhomme, O Burguês Gentil-homem de 1670, Fourberies de Scapin, Trapaças de Scapin de 1671, Le Malade Imaginaire, O Doente Imaginário de 1673.
Todas as peças de Molière têm sua leitura recomendada até nossos dias, por seu valor ético e filosófico. Durante o período de Molière em Paris, cerca de 14 anos, ele escreveu e encenou perto de 30 comédias, compostas em meio a um trabalho incessante de ator, diretor e membro da corte real, ainda sofrendo com conflitos domésticos agudos, intrigas profissionais ferozes e censura dos religiosos.
A originalidade de Molière está na sua noção do que é o teatro cômico. A comédia, para ele, pode ser engraçada, mas se baseia na constante visão dupla do que é sábio e do que é louco, direito e errado, ambas as imagens vistas juntas, lado a lado. Essa é sua invenção e essa é sua glória.

AMANHÃ: A habilidade no controle de grandes corais e força instrumental: Giovanni Pergolesi.


0929 FIELDING

0929 FIELDING

29 DE SETEMBRO. Fielding: O primeiro criador consciente da epopéia em prosa.

FIELDING
Henry Fielding
(nasceu em 1707, em Sharpham Park, Somerset, Inglaterra; morreu em 1754, em Lisboa, Portugal)
GENIAL DRAMATURGO PIONEIRO DA TRADIÇÃO NOVELISTA NA INGLATERRA

Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois da Idade Média, por meio da idealização artística leiga. A arte então saiu dos palcos das igrejas
e do controle dos sacerdotes criando novo conhecimento que prepara a nova civilização pacífica e industrial moderna.

FIELDING era filho do general Fielding, que serviu com distinção sob as ordens de Marlborough. Sua mãe era Sarah, filha de Sir Henry Gould um dos juizes do tribunal da rainha da Inglaterra. Henry Fielding nasceu em Sharpham-Park em 1707.
Ele pertencia a uma família nobre, sendo bisneto de William, conde de Denbigh, soldado do rei Charles I, de origem dos condes de Habsbourg. Geoffroy de Habsbourg foi para a Inglaterra ao tempo de Henrique III e tirou o nome de Fielding do feudo de seu pai em Rhinfilding. Essa é a origem dos condes de Denbigh.
Henry era o filho mais velho do general Fielding. Foi educado em Eton e depois estudou direito na Universidade de Leyde. Retornou a Londres aos 20 anos de idade e se tornou advogado.
Logo ele se mergulhou dissipação da vida mundana e pagava suas despesas escrevendo peças de teatro e outras obras literárias sob pagamento. Ele justificava dizendo que só tinha uma escolha: ou serei um escritor de aluguel ou um cocheiro alugado.
Durante dez anos ele escreveu para o teatro sob a pressão da necessidade e do pagamento de seus prazeres. Essas peças têm alguma criatividade, mas exceto em farsas como o Tom Thumb, nada indica o que Fielding produziria quando chegasse a maturidade.
Em 1635 Fielding casou-se com Charlotte Cradock, de Salisbury que possuía uma pequena fortuna. Ela seria retratada em suas peças com os nomes de Sophie e de Amelie. Ele a amava com paixão e quando ela morreu em 1743 ele sofreu muito, e seus amigos chegaram a se preocupar pela sua saúde mental, com razão.
Fielding publicou sua imortal história de Tom Jones em 1749, então com 42 anos de idade. No ano anterior, em 1748, ele havia sido nomeado magistrado no tribunal de Bow Street e presidente da corte trimestral. Ele se mostrou um juiz enérgico e eficaz na prevenção e punição dos crimes, mantendo-se gentil mas enérgico.
Uma criança abandonada - é a história de Tom Jones. Nela a grande quantidade de personagens mostra a vida de alto e de baixo nível na cidade de Londres e nas províncias inglesas. O herói tem um caso de amor até que afinal consegue casar. Mas numerosos obstáculos deverão ser vencidos com as viagens de uma parte da nação para a outra, então mostrando uma viva imagem da Inglaterra por volta de 1750. Os personagens são de vários tipos, uns amorosos, outros mal intencionados, ou humorísticos, outros virtuosos, estes necessários para um final feliz.
A novela é marcada por mudanças no clima, entre humor, sofrimento e romance, sempre com diálogos rápidos e fáceis. O autor deixa claro em seu prefácio que se preocupa com o planejamento da novela. Essa a razão de ser a história de Tom Jones uma obra-prima. Um empolgante resultado de engenharia literária.
A leitura do Tom Jones é indispensável para entender a Inglaterra dos anos 1700 e para sentir a generosidade e o amor de Fielding pelo gênero humano.
Em 1751 ele publicou Amelie. Então foi acometido de doenças e os últimos anos de sua vida foram uma luta valente contra o sofrimento. Mas ele manteve sua tarefa de escritor e não perdeu seu zelo como juiz. Em julho de 1754 ele embarcou com sua segunda mulher para tratamento médico em Lisboa, onde morreu em outubro desse ano, na idade de 47 anos. Ele repousa no cemitério inglês de Lisboa num túmulo cuidadosamente conservado.
Fielding foi o herói de seus livros. Ele era grande e robusto; sua figura era bela, viril, nobre; até seu último dia ele conservou uma aparência de grandeza, e, embora esgotado pela doença, seu aspecto e sua presença impunham respeito em sua volta.
A história de Tom Jones tem sido recomendada como leitura até nossos dias. Como pintura de costumes é na verdade raro; é uma maravilha de estrutura: a sabedoria, o poder de observação, a feliz variedade de lugares, de pensamentos e de caracteres dessa grande epopéia cômica prendem o leitor pela admiração e mantém sempre alerta a sua curiosidade.
A obra-prima de Fielding coloca o autor como o verdadeiro pai da epopéia em prosa e foi o seu primeiro criador consciente.


AMANHÃ: A invenção e a glória de colocar junto o que é sábio e o que é louco: a comédia de Molière.


0928 MME DE STAAL

0928 MME DE STAAL

28 DE SETEMBRO. Madame de Staal: A descrição da grande comédia humana em estilo simples e vivo.

MADAME DE STAAL
Marguerite Delaunay Baroneza de Staal, Marguerite Jeanne Cordier deLaunay
(nasceu em 1684, em Paris; morreu em 1750, em Paris)
FAMOSA ESCRITORA FRANCESA MEMORIALISTA DE COSTUMES

Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois da Idade Média, pelo conhecimento que prepara a nova civilização industrial moderna.


MARGUERITE DE LAUNAY, depois MADAME DE STAAL, é autora de interessantes Mémoires, Memórias. Ela era filha de um pintor de nome Cordier, que foi exilado, morrendo na Inglaterra. Sua mãe retomou então seu nome de família, de Launay e se dedicou à educação de suas duas filhas, que estudaram na abadia de Sr-Sauveur em Evreux.
Marguerite, favorita de Madame de Grieu, recebeu uma destacada educação, foi nomeada abadessa de St-Louis em Rouen e tratada como uma pessoa de valor. Estudou Descartes, Fontenelle e Malebranche e manteve uma correspondência ativa com muitos dos personagens eminentes da época. Aos 26 anos foi apresentada à duquesa de la Ferté, para quem sua irmã servia. A duquesa tratou a jovem com uma mistura de afeição, de extravagância e de tirania, que Marguerite descreveu mais tarde de maneira encantadora.
Apresentada pela duquesa de la Ferté à duquesa du Maine, ela entrou a seu serviço como dama de chambre. A duquesa du Maine era a esposa de um filho natural legitimado do rei Luis XIV, com eventuais direitos ao trono da França. A duquesa du Maine também tratou Marguerite com uma mistura de afeição, de extravagância e de tirania, como fizera a duquesa de lá Farte. A jovem ficou com ela durante 40 anos. Mas ela perdeu sua posição como mulher brilhante de uma sociedade culta e foi tratada como auxiliar e confidente da princesa. O grande sábio Fontenelle apreciava seu espírito e a elogiou à duquesa, que a fazia servir sempre aos seus divertimentos e à sua ambição.
Durante a Regência, depois da morte de Luis XIV, a conspiração do duque e da duquesa du Maine contra o duque de Orleans resultou na prisão de toda a família e de seus auxiliares. Mademoiselle Marguerite de Launay foi colocada na fortaleza da Bastilha e lá ficou por dois anos.
Quando a princesa foi posta em liberdade manteve Marguerite em seu serviço, prometendo-lhe um casamento para que ela tivesse um lugar entre as damas da nobreza.
Na falta de todos os recursos, Marguerite serviu sua autoritária protetora ainda por 15 anos. Logo em 1735, ela aceitou por esposo um honesto oficial da guarda suíça, o Barão de Staal, um viúvo idoso, pai de duas filhas adoentadas.
Marguerite, agora a Madame de Staal escreveu, no seu estilo franco:
     “O Barão, sob a promessa de promoção, consentiu em tomar como esposa uma mulher que não tinha sangue azul, nem fortuna, nem beleza, nem juventude”.
Madame de Staal morreu perto de Paris em 1750, na idade de 66 anos. Suas Memoires, Memórias, foram publicadas e 1755. Estão no primeiro lugar entre as anedotas pessoais de seu tempo. Ela também deixou duas comédias representadas na corte real.
Seu estilo simples, sua sinceridade e a pintura viva dos costumes e dos personagens a colocam num lugar privilegiado entre os melhores artistas que descreveram a grande comédia humana.

AMANHÃ: O primeiro criador consciente da epopéia em prosa: Fielding.

0927 LESAGE

0927 LESAGE

27 DE SETEMBRO. Lesage: Com variedade, vida e verdade, está entre os maiores mestres da comédia.

LESAGE
Alain-René Lesage
(nasceu em 1668, em Sarzeau, França; morreu em 1747, em Bolonha, Itália)
GRANDE ESCRITOR TEATRAL SATÍRICO FRANCÊS DE NOVELAS PICARESCAS

Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois da Idade Média, depois da perda de poder do papa e da religião. A arte leiga, não
religiosa saiu dos palcos das igrejas e passou a criar o conhecimento que prepara a nova
civilização pacífica e industrial moderna.

LESAGE nasceu em Sarzeau perto de Vannes, em 1668. Seu pai era um tabelião abastado. Ele ficou órfão quando ainda era criança, aos 14 anos e um tio maldoso dissipou sua pequena fortuna. Ficou sempre bastante pobre. Foi educado pelos jesuítas no Colégio de Vannes, que deixou com a idade de 18 anos. Em seguida estudou Direito em Paris.
Lesage iniciou a trabalhar na advocacia com certo sucesso. Casou-se aos 26 anos em 1694 com uma jovem parisiense, Marie-Elisabeth Huyard, bela, mas sem fortuna. Resolveu deixar a advocacia para dedicar-se à literatura para viver.
Até perto dos 40 anos, Lesage trabalhou na modéstia e pobreza, um grande número de peças, de histórias e de traduções sem originalidade nem mérito.
Ele encontrou no Abade de Lyonne um protetor que chamou sua atenção para a literatura espanhola. Recebeu dele uma pensão, com ele aprendeu a língua espanhola e conheceu o teatro da Espanha.
As primeiras peças de Lesage eram adaptações de modelos do teatro espanhol. A comédia Crispin, Rival de Son Maître, Crispin, Rival de Seu Mestre, foi um sucesso adaptado, colocado em cena em 1707 pelo Teatro Francês. Sua peça em prosa Le Diable Boiteux, O Diabo Manco, fez grande sensação. Foi inspirada pela peça El Diablo cojuelo de Vélez de Guevara, mas Lesage a tornou de fato original e francesa, desenrolada no ambiente da sociedade de Paris.
A companhia de representações populares Thèâtre de la Foire deu a Lesage uma grande liberdade como autor. Para ela Lesage compôs mais de 100 comédias de revista. Com esse sucesso, chegou a ser considerado o sucessor de Molière.
A excelente comédia de costumes Tucarret seguiu-se em 1709. Sua grande obra Gil Blas que apareceu primeiro em 1715, não foi completada senão em 1735.
Lesage continuou a produzir um número imenso de peças, de óperas cômicas e de histórias. Ao envelhecer, ele se retirou pobre, vacilante e surdo para Bolonha, onde seu filho era importante cônego. Ele morreu em 1747 com a idade de 80 anos.
A sua obra principal, Gil Blas de Santillane tem sua leitura recomendada até hoje. É uma das mais brilhantes pinturas da vida que a literatura moderna pode mostrar. A história é admiravelmente variada e natural. O desenvolvimento do caráter do Gil Blas é o que há de mais habilidoso em toda a obra.
A novela é uma das primeiras do gênero realista. É a história da educação e das aventuras de um inteligente jovem à medida que ele progride de um professor para outro. No serviço do falso médico Dr. Sangrado, ele opera os doentes pobres e logo alcança o recorde de seu mestre, ou seja, de 100 por cento de mortes. No serviço de Don Mathias, um famoso sedutor, ele também aprende logo a igualar e ultrapassar seu professor. O genial espírito de Gil Blas produziu um efeito civilizador na tradição picaresca. Ao contrário das novelas do gênero, ela tem um final feliz, já que Gil Blas resolve se casar e passar para uma tranqüila vida de agricultor.
Em variedade, em vida e verdade, Lesage se coloca entre os maiores mestres da comédia da natureza humana.


AMANHÃ: A descrição da grande comédia humana em estilo simples e vivo: Madame de Staal.

0926 MME DE SÉVIGNÉ

0926 MME DE SÉVIGNÉ

26 DE SETEMBRO. Madame de Sévigné: As mais belas cartas em toda a literatura, em estilo simples e engenhoso.

MADAME DE SÉVIGNÉ
Marqueza de Sévigné, Marie de Rabutin-Chantal
(nasceu em 1626, em Paris; morreu em 1696, em Grignan, no Drôme, França)
BRILHANTE ESCRITORA NA DESCRIÇÃO DA VIDA E DOS COSTUMES CONTEMPORÂNEOS
Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois da Idade Média, pelo conhecimento que prepara a nova civilização industrial moderna.

MARIE DE RABUTIN foi a autora das mais graciosas cartas na literatura mundial. Filha única do Barão de Chantal, de família de destaque, distinguindo-se tanto na paz como na guerra. Ela nasceu em Paris em fevereiro de 1626. Seu pai morreu no ano seguinte, em combate contra os ingleses e sua mãe morreu poucos anos depois. A partir dos 10 anos de idade ela foi educada pelo seu excelente tio o abade de Coulanges, irmão de sua mãe. Graças aos seus cuidados paternais ela recebeu a melhor educação, tendo como seus mestres Ménage e Chapelain. Aprendeu latim, o italiano e o espanhol, tendo passado alguns anos na corte da rainha da França Ana da Áustria.
Aos 18 anos, Marie casou-se com o Marquês de Sévigné, um militar que pertencia a uma antiga e rica família da Bretanha. Ele mostrou-se pródigo, debochado e brutal, a ponto de se dizer que ela o amava sem o respeitar, enquanto ele a respeitava sem a amar. Ele acabou morrendo num duelo em 1651, deixando sua jovem esposa com um filho e uma filha.
A viúva, ainda na flor de sua juventude e beleza, aos 25 anos de idade, rica, brilhante e já célebre, dedicou sua vida a suas duas crianças e durante 45 anos viveu somente para elas e principalmente para sua filha.
Durante a infância de seu filho e de sua filha Marie de Rebutin se manteve num total retiro da sociedade. Mas por volta de 1644, ela se colocou no centro de tudo que havia de mais destacado em Paris, e na França.
Nenhuma sombra de desconfiança se conheceu de sua conduta, nenhuma tentativa, nesse tempo cheio de crítica e de escândalo. Ela foi cortejada em vão por muitos nobres e admiradores. Mas a bela viúva os afastou sem fazer um só inimigo. Um dos pretendentes mais audaciosos escreveu-lhe dizendo que “Vós sois a única dama na França que pode forçar um amante a se contentar apenas com a amizade”.
Madame Sévigné fez parte da elegante sociedade literária do Hotel de Rambouillet e foi colocada no grupo chamado As Preciosas.
Ela casou sua filha querida, no momento oportuno, com o Conde de Grignan, nobre provençal, viúvo de meia idade de alta posição, de bom caráter e de muito mérito. A nomeação como governador da Provença em 1669 obrigou a ele e sua família a se afastarem de Paris. Foram morar no castelo de Grignan, no Drôme, separando a mãe de sua idolatrada filha.
Essa separação fez valer ao mundo as mais célebres e mais deliciosas de todas as cartas particulares. Por 25 anos Madame de Sévigné continuou a escrever a sua filha quase que dia a dia, estivesse ela em Paris ou em sua terra em Roches, na Bretanha. Ela morreu em Grignan em 1696 na idade de 70 anos com varíola, feliz ao pensar que assim ela não sobrevivia então à sua querida filha.
As cartas escritas por Madame de Sévigné completam 14 volumes. São as mais belas que existem em toda a literatura. O estilo é único, simples, delicado, vivo e engenhoso. Como descrição da vida e dos costumes contemporâneos elas não têm superiores na literatura moderna.


AMANHÃ: Com variedade, vida e verdade, está entre os maiores mestres da comédia: Lesage.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

0925 MADAME DE MOTTEVILLE

0925 MADAME DE MOTTEVILLE

25 DE SETEMBRO. Madame de Motteville: A memória política da Europa no século 17.
Neste dia, no calendário humanista histórico de Augusto Comte, no MÊS DE SHAKESPEARE, do Drama Moderno,
de 10 de SETEMBRO a 07 de OUTUBRO, o grande tipo humano homenageado na semana de Molière, de 24 a 30 de setembro é:
MADAME DE MOTTEVILLE
Françoise Bertaut de Motteville
(nasceu cerca 1620, morreu em 1689)
ESCRITORA DA MEMÓRIA POLÍTICA EUROPÉIA DO SÉCULO 17
Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois da Idade Média, pelo conhecimento que prepara a nova civilização industrial moderna.

MADAME DE MOTTEVILLE, Françoise Bertaut, registrou em suas memórias cheias de graça e de sensibilidade a história da corte real da França, de Richelieu e de Mazarin. Ela nasceu cerca de 1521 na família Bertaut, bem relacionada na corte real e na Igreja oficial. Seu pai é um nobre da Câmara Real; seu tio é o bispo Bertaut, poeta conhecido. Sua mãe, de família nobre da Espanha, muito ligada à pessoa da rainha Ana da Áustria e sua secretária particular.
Por meio de sua mãe, a jovem Françoise foi destinada ao serviço da rainha Ana desde sua infância, em 1528. Mas o cardeal Richelieu, para evitar a reunião de espanhóis no palácio, insistiu para que a inteligente criança ficasse longe da corte. Ela foi então para a Normandia aos 10 anos de idade. Lá foi educada com grande cuidado e com excelente formação.
Em 1639, com 18 anos de idade, casou-se com Langlois de Motteville, presidente do Tribunal de Contas da Normandia, de 80 anos, mas com saúde e vigor, então viúvo pela segunda vez. Françoise aceitou de boa fé essa união mal escolhida e teve uma conduta correta. Depois de dois anos do casamento ela ficou viúva. Resolveu conservar sua liberdade e não mais se casou.
Logo após a morte de Richelieu e do rei Luis XIII, Mme. de Motteville retomou seu lugar junto à pessoa da rainha Ana da Áustria, então regente do reino, em 1643. Oficialmente tinha a posição de dama da Câmara da rainha, mas seu papel real era o de sua confidente.
Ela permaneceu na corte por 23 anos, até a morte de sua protetora em 1666. Então ela se retirou do mundo e consagrou sua vida às obras de caridade e a escrever suas Memoires, Memórias, que, então, completou.
Françoise de Motteville pertenceu ao círculo social de Madame de Sevigné. Depois de uma vida de discrição e bondade exemplares, ela morreu em 1689, com a idade de 68 anos.
As Memórias foram publicadas pela primeira vez em 1723 em cinco volumes. Elas contam a história íntima da corte real da França de 1614 a 1666, entrando em curiosos detalhes sobre a vida de Ana da Áustria depois de seu casamento com o rei Luis XIII da França. Ana é filha do rei Philippe III da Espanha sendo o centro das lembranças que foram anotadas por Françoise como forma de guardar a descrição de sua rainha.
As Memórias escritas por Françoise de Monteville têm sua leitura recomendada até nossos dias, por seu valor histórico confiável.
Madame de Motteville foi a confidente ideal para um soberano: era discreta, mas apresentava reticências prudentes; era observadora, investigante, laboriosa, sendo paciente e mantendo o controle completo sobre si mesma. Não faltava jamais ao devotamento à sua rainha e à honra e ao respeito de si mesma.
Os registros de Madame de Motteville são o ensinamento e o julgamento de uma mulher calma, clarividente, sincera, colocada durante toda uma geração no centro da política européia, tendo assim um alto valor documental. São a pintura dos costumes e dos atores da época.


AMANHÃ: As mais belas cartas em toda a literatura, em estilo simples e engenhoso: Madame de Sévigné.

0924 ALARCON

0924 ALARCON

24 DE SETEMBRO. Alarcon: Entre os melhores autores da comédia.
Neste dia, no calendário humanista histórico de Auguste Comte,
do Drama Moderno, o tipo humano homenageado é:
ALARCON
Ruiz de Alarcon, Juan Ruiz de Alarcon y Mendoza
(nasceu cerca 1580, em Taxco, no México; morreu em 1639, em Madrid)
DRAMATURGO NASCIDO NO MÉXICO, ENTRE OS MAIORES NA ESPANHA
Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana, depois do fim do feudalismo e
do poder político do papa e da religião, devido ao conhecimento científico que prepara a nova civilização industrial pacífica libertaria moderna.
Os mestres modernos na arte secularizada que saiu das naves das igrejas para os teatros e os romances dos costumes seculares.

ALARCON nasceu na segunda metade dos anos 1500, século 16, na província de Taxco no México. Filho de uma família abastada no México, Alarcon foi para a Espanha em 1600 para estudar na Universidade de Salamanca, onde se graduou em 1602.
Depois de outros cursos na Universidade do México, foi permanentemente para a Espanha em 1611 e serviu em vários cargos de governo. Fez parte do Conselho para as Índias Ocidentais, um conselho para as colônias espanholas na América, em 1626.
Em 1622 estava em Madrid como autor de peças teatrais. Ele publicou vinte peças, mas não atingiu a popularidade de Montalva, de Guevara ou de outros escritores contemporâneos. As dedicatórias e os prefácios que colocou na abertura de suas obras indicam que ele lamentava a falta de reconhecimento do público. Ele morreu em 1639.
Alarcon escrevia por prazer e não para ganhar dinheiro. Escreveu 25 peças, a maioria publicada em dois volumes separados, um em 1628 e outro em 1634.
Suas peças são notáveis por sua construção grandiosa, de sutileza psicológica, sempre com um importante ensinamento moral. A maior parte de suas comédias de costumes tem como tema uma falha no comportamento do personagem.
Sua peça La verdad sospechosa, Verdade Suspeita, uma comédia de leitura recomendada até em nossos dias, tem como herói um homem que, possuindo até muitas qualidades de simpatia, é um mentiroso incorrigível. Ele escapa das confusões com uma habilidade espantosa, montando mentira sobre mentira, até que, forçado de reconhecer seu erro, cai, envergonhado, no precipício que criou.
A peça Verdade Suspeita deu nascimento à comédia Le Menteur, O Mentiroso, de Corneille, que afirma no seu prefácio não conhecer nada nesse gênero, na literatura, tanto antiga como moderna, que lhe possa ser comparado pelo espírito, engenhosidade da intriga e a habilidade da estrutura. Ele havia suposto que a peça tivesse sido escrita por Lope de Vega. Depois que fez de sua própria comédia, Corneille chega a dizer que ele daria duas de suas melhores peças teatrais em troca da bela comédia de Alarcon.
Outra obra de Alarcon com leitura recomendada é Las paredes oyen, As Paredes Ouvem, que trata de um assunto semelhante: as conseqüências da calúnia e da maldade.
Sua comédia La prueba de las promesas, A Prova das Promessas, é um ataque contra a ingratidão; Mudarse por mejorarse, Mudar-se para melhorar-se, é uma sátira contra a inconstância dos amantes.
Ruiz de Alarcon era um homem magro e corcunda e sua aparência era ridicularizada sem pena por seus colegas escritores rivais, em especial por Lope de Vega.
Mas Alarcon tornou-se um apreciado gigante como dramaturgo, uma das principais figuras da Era de Ouro do teatro espanhol. Ele é aclamado como grande artista tanto na história da literatura do México como da Espanha.

AMANHÃ: Uma mulher confidente ideal, discreta, observadora, paciente: Madame de Motteville.



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

0923 CORNEILLE

0923 CORNEILLE

23 DE SETEMBRO. Corneille: Valoroso e nobre tipo humano, à frente de todos os autores históricos.
Neste dia, no calendário humanista histórico de Augusto Comte, no MÊS DE SHAKESPEARE, do Drama Moderno,
de 10 de SETEMBRO a 07 de OUTUBRO, o grande tipo humano homenageado como chefe da semana de 17 a 23 de setembro é:
CORNEILLE
Pierre Corneille
(nasceu em 1606, em Rouen, França; morreu em 1684, em Paris)
POETA E DRAMATURGO FRANCÊS INTRODUTOR DA POESIA HISTÓRICA NA LITERATURA
Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois do fim do feudalismo e do poder do papa, pelo conhecimento que prepara a nova civilização industrial moderna.
Os mestres modernos do teatro histórico com tipos do passado na arte secularizada que deixou os palcos das religiões.
PIERRE CORNEILLE realizou a introdução principal da poesia histórica na literatura mundial.
Corneille recebeu o nome de seu pai, Pierre, um advogado do rei de França. Nasceu em Rouen, em 6 de julho de 1606, numa casa ainda conservada na Rue de la Pie.
A longa vida de Corneille se deu toda em paz, sem outra alteração a não ser a produção de suas peças teatrais. Ele foi educado pelos jesuítas, pelos quais conservou sempre o respeito e gratidão. Ele substituiu seu pai na função de advogado e se dedicou à prática do direito “sem prazer e sem sucesso”.
Aos 23 anos de idade, em 1629, ele produziu sua primeira peça, uma comédia, representada em Paris. Com seu sucesso, ele foi admitido na sociedade dramática do grande estadista o cardeal Richelieu, que formou o grupo chamado como  “les cinq auteurs”,  sociedade dos cinco autores.
Outras peças teatrais foram feitas, e em 1636 Corneille revelou seu poder como escritor nos dramas Médée e Le Cid. O drama clássico já havia sido feito antes, mas, com Le Cid, Corneille elevou esse gênero teatral à perfeição.
O drama Le Cid provocou, desde sua apresentação, um grande entusiasmo da parte do público. Ele foi traduzido para todas as línguas da Europa. Mas as peças de Corneille não seguiam a norma de regularidade exigida pelos críticos.
A doutrina da unidade exigia que houvesse unidade de tempo, os eventos devendo ficar dentre do período entre o nascer e o pôr do sol. Deveria também manter a unidade de lugar e de ação evitando mais do que uma situação. Formou-se um conflito com a crítica e nos dramas seguintes feitos por Corneille ele acabou obedecendo à norma.
Corneille escrevia realizando a concentração emocional num dilema moral e num supremo momento da verdade, quando os personagens principais reconheciam o seu envolvimento com o dilema moral.
Ele não só faz o enfoque do personagem como destaca o choque entre idéias. A ação provoca a reação. Não só o que é feito, mas o que é pensado, sentido, sofrido. Ele usa o método da simetria. Apresenta, como um bom advogado, um lado do conflito e depois o outro lado, uma posição em seguida de seu oposto.
Os dramas históricos de Corneille formaram uma série de peças retratando com verdadeira compreensão todas as principais fases da civilização romana com um tratamento dramático ideal. Por seu conteúdo cultural suas peças são até hoje recomendadas para leitura. Uma seleção conteria os dramas:
Le Cid
Horace
Cinna
Polyeucte
Pompée
Rodogune 
que são as obras-primas de Corneille.
Recomendam-se ainda os dramas:
Heraclius
Nicomède
Pertharite
Oedipe
Sertorius
Othon
Pulchérie.
São todos dramas de nobres personagens e de elevada idealização histórica.
Corneille é não somente o criador e o chefe do drama na França, mas ainda um dos mais nobres educadores e um dos tipos humanos mais importantes da nação francesa, digno por seu próprio valor e também por suas obras, de ser colocado à frente dos autores históricos da França e de toda a Europa.

AMANHÃ: Um gigante como dramaturgo tanto no México como na Espanha: Ruiz de Alarcon.


0922 SCHILLER

0922 SCHILLER

22 DE SETEMBRO. SCHILLER: A elevada função da poesia como um sacerdócio da arte.

Neste dia, no calendário humanista histórico de Augusto Comte, no MÊS DE SHAKESPEARE, do Drama Moderno,
de 10 de SETEMBRO a 07 de OUTUBRO, o grande tipo humano homenageado na semana de Corneille, de 17 a 23 de setembro é:
SCHILLER
Friedrich von Schiller, Johann Christoph Friedrich von Schiller
(nasceu em 1759, em Marbach, Württemberg, Alemanha; morreu em 1805, no Weimar, Alemanha)
POETA ALEMÃO DRAMATURGO HISTORIADOR ENTRE OS MAIORES DA LITERATURA EUROPÉIA
Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois do fim do feudalismo e do poder do papa, pelo conhecimento que prepara a nova civilização industrial moderna.
Os mestres modernos do teatro histórico com tipos do passado na arte secularizada que deixou os palcos das religiões.
SCHILLER nasceu em Marbach em 10 de novembro de 1759. Enquanto ele estudava na Academia Militar sob a vigilância do duque de Wurtemberg, em Stuttgart, ele escreveu sua primeira peça teatral Brigands, em 1781, aos 22 anos de idade. Um ano depois Brigands foi representada no Teatro Nacional em Mannheim, com aplausos, tornando-se um marco na história do teatro alemão.
Mas Schiller, então oficial subalterno, tendo viajado sem autorização do duque, por isso foi preso e recebeu do duque de Wurtemberg, como castigo, a proibição de continuar a sua carreira de escritor.
Em lugar de obedecer, Schiller fugiu durante a noite para fora da fronteira do ducado. Esse “êxodo” mostrou que a única profissão que lhe estava aberta era a da literatura. Foi natural, assim, que tomasse por tema a LIBERDADE em suas primeiras peças de teatro.
Mas por vários anos ele teve uma vida penosa de exilado e necessitado, não conseguindo um benfeitor que oferecesse ajuda. Deixando a poesia, ele passou a escrever prosa, e, depois de seu drama Don Carlos, de 1787, escreveu seu livro A Revolta dos Países Baixos. Esse texto serviu de demonstração para que fosse colocado como professor de História na Universidade de Jena.
Na Universidade ele compôs seu segundo livro histórico, A Guerra dos Trinta Anos. Foi em 1790 que se casou com Charlotte de Lengefeld. Quatro anos depois, em 1790 conheceu e ganhou a importante amizade de Goethe. Esses dois acontecimentos contribuíram para sua felicidade pessoal e para estimular sua atividade intelectual, numa época, em que, por seus problemas e por suas doenças, foi um tempo de provação. Mas ele conseguiu vencer.
Em 1799 o duque do Weimar acolheu Schiller em sua corte, com uma modesta pensão. Ele então viveu o resto de sua curta vida sem outra preocupação a não ser a de uma saúde abalada, feliz em seu íntimo, recebendo as homenagens do público e com muito trabalho.
Foi a época de sua amizade com Goethe, ambos trabalhando sem cessar, ocupados na crítica, na direção do teatro da corte do Weimar e de todos os meios práticos para enobrecer a arte do drama, difundindo o conhecimento no país por meio da arte.
As mais belas obras de Schiller, as mais maduras, são Wallenstein, de 1799, Maria Stuart, de 1801 e Guilherme Tell, de 1804. Em 1802 ele recebeu o título de nobreza, a partir de então podendo usar antes do nome o título “von”. Passou, então, a ser chamado de Friedrich von Schiller.
Ganhar a harmonia interior por meio da ajuda da arte é o que Schiller ensina com suas obras, em seus poemas e em seus livros. Mostra como, com a educação estética, das artes, o homem, como uma pessoa feliz, pode desenvolver uma ordem social mais humana, mais justa. Dessa forma, Schiller faz a ligação de seu pensamento histórico e com seu ideal político.
Schiller morreu no Weimar em maio de 1805, com apenas 45 anos de idade. Ele mostrou uma grande nobreza de espírito, mesmo numa vida de pobreza, da dependência, da doença e até de sucesso. Tinha um entusiasmo pela arte, que ele não afastava da felicidade humana. Tinha um sentimento constante da elevada função da poesia considerada como um sacerdócio.


AMANHÃ: Valoroso e nobre tipo humano, merece ficar à frente de todos os autores históricos: Corneille.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

0921 METASTÁSIO

0921 METASTÁSIO

21 DE SETEMBRO. Metastásio: O único poeta criador que encanta pela ternura e pela emoção.
Neste dia, no calendário humanista histórico de Augusto Comte, no MÊS DE SHAKESPEARE, do Drama Moderno, de 10 de SETEMBRO a 07 de OUTUBRO, o grande tipo humano homenageado na semana de Corneille, de 17 a 23 de setembro é:
METASTÁSIO
Pietro Antonio Domenico Bonaventura Trapassi
(nasceu em 1698, em Roma; morreu em 1782, em Viena, Áustria)
POETA DRAMATURGO LIBRETISTA ITALIANO
Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois da Idade Média, pelo conhecimento que prepara a nova civilização industrial moderna.
METASTASIO, filho de Trapassi d’Assise, um militar a serviço do papa, nasceu em Roma em janeiro de 1698.
Com apenas 10 anos o talento surpreendente que ele mostrava para a improvisação poética chamou a atenção de Vincent Gravina, eminente jurista e letrado que o adotou. Gravina fez com que ele tomasse o nome de Metastásio, a tradução para a língua grega do nome Trapassi.
Gravina deu a melhor educação a Metastásio e deixou-lhe toda sua fortuna. Aos 15 anos de idade, o jovem Metastásio escreveu um drama no modelo de Aristóteles; aos 20 anos seu protetor morreu. Mas logo uma cantora, Maria Bulgarini teve influência em sua arte. Com sua ajuda ele aperfeiçoou muito a ópera moderna.
A sua primeira tragédia lírica, Didon, foi representada com sucesso em 1724, quando tinha 26 anos. Em 1730, já sendo famoso, o imperador Charles VI da Áustria o convidou a ir para Viena com o título de poeta imperial e com altos honorários. Ali ele viveria por 52 anos na casa de seu amigo Martines, produzindo uma série de dramas, óperas, oratórios e de cantatas.
Metastásio em Viena recebia honrarias da corte e aplausos do público. Teve uma vida ininterrupta de prosperidade, de riqueza e de glória. Ele recusava todos os títulos, de medalhas, da coroa poética no Capitólio de Roma. Morreu com a idade de 84 anos depois de uma vida de paz e de sucesso continuado.
Várias das peças de Metastásio são recomendadas para leitura. A respeito do que o indivíduo fica devendo à sociedade, tanto na infância como na vida adulta e sobre a vida na coletividade, numa de suas obras principais, Clemência de Tito, pode-se ler:

So che tutto è di tutti; e che nè pure
Di nascer meritó chi d’esser nato
Crede solo per se.
Em português:
Sei que tudo é de todos e que nem sequer foi digno de nascer quem acredita que nasceu só para si.
            Em Clemência de Tito, drama, ato 2 cena 10.

É no estudo da sociologia científica que se pode descobrir que a vida humana se faz em torno desse grande organismo universal, a sociedade humana, fonte e destino de nossa vida, que suavemente nos guia, nos orienta e nos oferece a sabedoria em todos os aspectos da existência.
A arte de Metastásio mostrava uma poesia sonora, que se adaptava ao canto. Por isso, suas obras se tornavam LIBRETOS, os textos que eram cantados nas óperas de sua época. Suas obras foram musicadas por mais de 30 compositores diferentes, entre eles Porpora, Haendel, Gluck e Mozart.
Metastásio é considerado pelos críticos o único poeta de coração, o único criador que pode encantar, ao mesmo tempo pela harmonia, tanto poética como musical. Ele tinha um encanto particular e uma melodia do estilo, uma grande habilidade dramática e uma graça de ternura e de emoção.


AMANHÃ: A elevada função da poesia como um sacerdócio da arte: SCHILLER.


0920 VOLTAIRE

0920 VOLTAIRE

20 DE SETEMBRO. Voltaire: O teatro como instrumento de luta contra a opressão religiosa e política.
Neste dia, no calendário humanista histórico de Augusto Comte, no MÊS DE SHAKESPEARE, do Drama Moderno, de 10 de SETEMBRO a 07 de OUTUBRO, o grande tipo humano homenageado na semana de Corneille, de 17 a 23 de setembro é:
VOLTAIRE
Pseudônimo de François-Marie Arouet
(nasceu em 1694, em Paris; morreu em 1778, em Paris, França)
GRANDE DRAMATURGO FRANCÊS DE TRAGÉDIAS HISTÓRICAS
Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois do fim do feudalismo e do poder do papa e da religião, pelo conhecimento que prepara a nova civilização industrial secular pacifista moderna.
Os mestres modernos do teatro histórico com tipos do passado na arte secularizada que deixou os palcos das religiões.
VOLTAIRE foi o nome literário adotado na idade de 24 anos pelo filho mais novo de François Arouet, tabelião em Paris e de tradicional família do Poitu. Ele nasceu em Paris em 1694 e foi educado pelos jesuítas no colégio aristocrático de Louis-le-Grand onde se destacou logo por sua audácia e seu talento.
Voltaire é homenageado neste calendário, que é um instrumento de educativo resumido da longa evolução construtiva de nossa sociedade em todos os seus aspectos. Voltaire está aqui como escritor de peças teatrais, como dramaturgo e não como filósofo. Como pensador e crítico, Voltaire não teve um papel intelectual construtor. Muitos outros personagens históricos que não tiveram uma obra construtiva não têm lugar no calendário.
A proposta de Voltaire foi destruir a religião, mantendo a monarquia. Jean-Jacques Rousseau foi o divulgador, não o criador, da proposta invertida de manter a religião, destruindo a monarquia. Mas os filósofos modernos têm o desafio de construir tanto a nova formação da opinião como o moderno regime político.
Voltaire produziu imensa quantidade de escritos, mas aqui se mostram apenas a suas peças de teatro, como arte, de sua fecunda obra, feita numa longa vida de 84 anos, como poeta dramático.
Voltaire após os seus estudos foi logo admitido na companhia dos jovens nobres brilhantes e dissolutos. Por duas vezes ficou preso na fortaleza da Bastilha e por duas vezes foi agredido a pauladas pelas vítimas de seu espírito crítico maldizente.
Com a idade de 32 anos foi para a Inglaterra onde ficou por três anos, talvez os anos mais importantes de sua vida, que lhe deram a chave de sua futura carreira. Depois, durante vinte anos, ele se ocupou principalmente da poesia.
Voltaire passou a maior parte de seu retiro na fronteira, em Ciry, no castelo de Madame du Châtelet. Quando ela morreu em 1749 ele foi visitar o imperador Frederico o Grande da Prússia, em Berlin, onde viveu por três anos. Em 1755 ele fixou residência perto do lago de Geneva e se dedicou inteiramente à sua inesgotável atividade literária até 1778. Nesse ano ele fez uma entrada triunfal em Paris, depois de 28 anos de ausência. Três meses depois, ele morreu com a idade de 84 anos, em maio de 1778.
A hostilidade do rei Luis XV, de sua corte e dos jesuítas forçaram o chefe mais típico da literatura francesa a passar quase toda sua vida hora de sua pátria ou em qualquer retiro obscuro, tendo quase todas as suas obras características publicadas no estrangeiro.
Até hoje se recomenda a leitura de nove de suas tragédias: Brutus, Zaïre, Alzire, Mérope, Semiramis, Oreste, Rome Sauvée, l’Orphelin de la Chine e Tancredo. Recomenda-se também seu texto Século de Luiz XIV.
Voltaire deixou de produzir apenas poesia para fazer de seu teatro histórico um instrumento de libertação espiritual. Pregava o fim da opressão religiosa retrógrada e de uma autocracia cruel sem limites.
Desse modo, Voltaire se coloca entre os benfeitores permanentes do gênero humano na qualidade de grande poeta dramático.

AMANHÃ: O único poeta criador que encanta pela ternura e pela emoção: Metastásio.


domingo, 19 de setembro de 2010

0919 RACINE

0919 RACINE

19 DE SETEMBRO. Racine: Um mestre da língua francesa na elegância e beleza.
Neste dia, no calendário humanista histórico de Augusto Comte, no MÊS DE SHAKESPEARE, do Drama Moderno, de 10 de SETEMBRO a 07 de OUTUBRO, o grande tipo humano homenageado na semana de Corneille, de 17 a 23 de setembro é:
RACINE
Jean-Baptiste Racine
(nasceu em 1639, em La Ferté-Milon, Valois, França; morreu em 1699, em Paris)
POETA DRAMÁTICO FRANCÊS NOTÁVEL POR SUAS TRAGÉDIAS CLÁSSICAS
Maiores figuras humanas na faculdade criadora para o melhoramento da vida humana
depois do fim do feudalismo e do poder do papa, pelo conhecimento que prepara a nova civilização industrial moderna.
Os mestres modernos do teatro histórico com tipos do passado na arte secularizada que deixou os palcos e o controle das religiões.

RACINE nasceu em 1639 em família que, por três gerações, manteve o nome de Jean e que foram coletores de impostos. Os seus pais morreram quando ainda era criança.
Foi educado por seus avós, que tinham relações muito estreitas com a abadia de Port-Royal. Recebeu sua educação no colégio de Beauvais até os 16 anos e continuou em seguida seus estudos no Port-Royal, onde ficou por três anos, até ir para o colégio de Harcourt, em Paris. Mais tarde foi ao Languedoc, onde morou algum tempo na casa de um tio, um cônego, estudando teologia para se tornar padre.
Aos 22 anos, voltando a Paris, decidiu-se definitivamente pela poesia. Os seus biógrafos relatam sua dedicação ao estudo dos clássicos e de seus sucessos precoces. Ele escrevia poemas latinos elegantes e se interessou pelos autores dramáticos da Grécia. Sófocles, Eurípides e Ariosto eram seus autores favoritos. Nenhum poeta moderno teve uma educação clássica tão completa, a não ser talvez John Milton e Thomas Gray.
Na idade de 20 anos, sua Ode sobre o casamento de Luis XIV chamou a atenção de Colbert que lhe ofereceu um prêmio e, mais tarde, uma pensão lhe foi dada por outra ode que escreveu aos 23 anos. Racine se associou a Nicolas Boileau e Molière e algumas tragédias datam dessa época de sua juventude.
Na sua peça Andrômaco, de 1667, o jovem poeta com apenas 27 anos se revelou em toda sua força. Ele obteve o apoio do rei da França e de sua corte. Houve até um movimento que proclamava sua superioridade em relação a Pierre Corneille. Mas, na verdade, seu predomínio passageiro se devia mais ao majestoso estilo do que ao conteúdo criativo de suas peças. Mas a comparação não desmerece o alto valor de Racine.
Entre 1667 e 1677, em dez anos, Racine compôs sete tragédias e uma comédia cheia de encanto. Todas as suas peças foram recebidas com aplausos gerais, quase extravagantes. Ele foi proclamado o primeiro poeta de seu tempo.
Phedro, de 1677, a última tragédia desses dez anos, é decerto, sua obra-prima na tragédia pura. Mas Racine ficara muito sensível e desconfiado e procurou se afastar da arte dramática. Aborrecido das intrigas, dos ataques da crítica, com grandes dúvidas religiosas sobre as injustiças do teatro e até de desilusões amorosas, ele resolveu se consagrar à vida religiosa.
Em seguida Racine deixou o teatro e passou a uma vida de meditação religiosa. O confessor que ele consultou aconselhou-o a casar-se. De seu casamento com Catherine de Romanet teve sete filhos. O mais novo, Louis, tornou-se um poeta bem conhecido e escreveu uma biografia de Racine que se lê com prazer.
Racine foi nomeado historiógrafo do rei de França. Durante vinte e dois anos consagrou-se a recolher os materiais para uma história de Luis XIV nas horas que não consagrava à devoção e à meditação religiosa. Ele morreu em 1699 aos 60 anos de idade.
Racine escrevia com grande elegância e beleza. Toda a crítica reconhece nele o maior mestre da língua francesa. Até nossos dias se recomenda a leitura de suas peças: Andrômaco, Les Plaideurs, Britannicus, Bajazet, Iphigénie, Phedro, Athalie.

AMANHÃ: O teatro como instrumento de luta contra a opressão religiosa e política: Voltaire.