sábado, 3 de setembro de 2011

0903 PALISSY sábio protestante, agronomia e arte

03 DE SETEMBRO. Bernard Palissy: Os diálogos dos Discursos Admiráveis da Natureza.

BERNARD PALISSY
(nasceu em 1510, no Perigord, França; morreu em 1589, em Paris)

SÁBIO E ARTISTA PROTESTANTE FRANCÊS FAMOSO POR ARTE E EXTENSA CULTURA TEÓRICA E PRÁTICA

O progresso realizado na Europa do ocidente durante a Idade Média decorreu do Feudalismo na política associado ao Catolicismo na formação da opinião, pelo ensino e pela consagração. Não ocorreu no resto da Europa, que não era católico romano. Desse modo o escravo passou a ser servo da gleba. O escravo adquiriu os direitos de servo, acabando com a escravidão que havia em toda antiguidade. O servo da gleba trabalhava livremente embora obrigado a ficar no território de seu Senhor, de seu Barão, devendo a ele servir com serviços e pagamento em troca de sua proteção.
Foi no primeiro terço do período medieval, entre os anos de 400 e 700 da nossa era. Na Europa oriental essa fase ocorreu com muito atraso, por vezes somente nos anos 1900, no século XX.
Em seguida, com a passagem dos servos da gleba a trabalhadores livres, a produção industrial artesanal se desenvolveu com a libertação gradual dos servos de suas obrigações devidas ao seu Barão feudal. O que ocorreu entre os anos 700 e 1000.
No terço seguinte, do ano 1000 até 1300 a produção industrial e o comércio se desenvolveram, as profissões se organizaram em corporações e o capital se acumulou
Este calendário registra os grandes representantes da preparação humana até a Revolução Francesa de 1789. Essa foi a base para a positivação da Sociologia e da Psicologia ocorrida nos anos 1800, do século XIX.
O progresso geral se acelerou nos séculos seguintes, cujo julgamento deve ser feito mais tarde, avaliando os significativos resultados obtidos.
Nesta quarta semana do mês o chefe é Montgolfier, com biografia no domingo que encerra a semana. Aqui são lembradas as descobertas industriais que nos tempos modernos se desenvolveram com fecundidade. A partir desses trabalhos o homem aprendeu a voar, os rios passaram a ser usados para muitas tarefas, as plantas e os animais foram sistematicamente estudados e modificados e as técnicas foram muito aperfeiçoadas. Pelo desenvolvimento da ciência e sua aplicação a tecnologia progrediu pela submissão às leis naturais. Foi a aplicação das leis abstratas, das regras e normas sucessivamente estabelecidas pela leitura do livro da natureza, isto é, pelas lições da experiência sensível.
O aparente domínio da natureza foi na realidade uma submissão às leis que regem cada categoria de fenômeno. A submissão é sempre a base do aperfeiçoamento. O progresso não resulta do conflito, da luta ou da guerra.

Ver em 0813 1 O Quadro do Mês de Gutenberg, A Indústria Moderna, com os grandes tipos representantes do mês.


PALISSY nasceu no Perigord, província central da França, cerca de 1510. Aprendeu com seu pai a pintar sobre vidro. Aos 18 anos viajou vários anos pela maior parte da França. Visitou também os Países Baixos e Alemanha.
Palissy fez da pintura em vidro seu principal meio de sobrevivência. Mas seu conhecimento de geometria, que aprendera para aplicar na pintura e que cultivara por conta própria, lhe serviu para trabalhar também na medição de terras, como agrimensor, em Saintes, perto de La Rochelle. manteve contato com os humanistas.
Por volta do ano 1538, Palissy se casou em Saintes.
Uma bela cuba esmaltada, de fabricação italiana ou alemã fez com que ele se interessasse em descobrir o segredo da fabricação da louça esmaltada. Sempre perseguido pelas necessidades da família, ao ponto de quase perder a coragem, ele estudou o problema por 16 anos. Enfrentou grandes dificuldades, a ponto de usar os próprios móveis como lenha para o seu forno.
Seu sucesso e renome vieram pouco a pouco. Mas suas desgraças tomaram outra forma.
Ele era protestante huguenote e foi perseguido por sua fala corajosa e foi considerado como perigoso. Em 1562 foi detido e posto em prisão em Bordeaux. Mas seu grande gênio artístico era muito apreciado para ser perdido dessa maneira. Um decreto do rei lhe valeu a liberdade e ele foi para Paris, sob a proteção de Catarina de Médicis, onde produziu suas obras principais. Em 1565 foi designado artista do rei e da rainha mãe.
Em 1570 ajudado por seus filhos, construiu uma gruta de louça para Catarina de Médicis no jardim das Tulherias.
Palissy tirava sua inspiração da mãe natureza, nossa mãe comum. Tirava seus modelos da vivacidade do lagarto, de seu amor pelas árvores e de suas viagens nos lugares rochosos. Desde a infância mostrou-se um observador incansável da natureza.
Ele moldava suas peças de louça em relevo, quase do mesmo modo que seu predecessor Luca Della Robbia. Ele adornava seus pratos, suas cubas, por ele chamados de RUSTIQUES FIGULINES, mostrando peixes, serpentes, rãs, conchas, folhas, frutos e plantas copiados dos fósseis da bacia pluvial de Paris. A reprodução era feita com tal fidelidade que se podia facilmente identificar as suas espécies.
Mesmo aos olhos dos sábios da época essas petrificações fossilizadas pareciam simples caprichos da natureza. Fontenele (Bernard de Fontenele 1657-1757) disse, de Palissy:
“estava reservado a um oleiro, sem saber latim nem grego, ter a coragem de declarar em Paris e na face dos
 doutores, que as conchas fósseis eram carcaças animais reais depositadas ali pelo mar, no lugar onde estavam.
E que os animais tinham dado à pedra suas diferentes formas, desafiando toda a escola de Aristóteles a atacar
suas provas.”
Mas a superioridade de Palissy como artista não pode esconder seus talentos outros. A arte é apenas um dos ramos a que se dedicou em sua longa e operosa carreira. Ele escreveu e lecionou História Natural e Física, Jardinagem e Agricultura, sobre terremotos e suas causas; sobre fortificações, água e as fontes; e até sobre fontes medicinais.
A sua obra Discursos Admiráveis da Natureza contém uma grande parte de seus escritos. São diálogos, nos quais a teoria ou o método A PRIORI, sem experimentação, é mostrado como oposto ao método científico ou prático, com demonstração.
A partir de 1575, em paris, Palissy fazia palestras públicas de História Natural. Seus escritos tornaram-se muito populares, revelando-o como um escritor e cientista. Ele é um dos criadores da agronomia moderna e um pioneiro do método experimental.
Palissy já era idoso quando uma nova crise de fanatismo religioso na França motivou a sua prisão, novamente. Encarcerado na fortaleza da Bastilha, ele morreu em 1589, com 79 anos de idade, em Paris.

AMANHÃ: O grande estudo sobre a formação dos cursos dágua e dos rios: Guglielmini.


Nenhum comentário:

Postar um comentário