sábado, 3 de novembro de 2012

1104 02 B FREDERICO II DA PRÚSSIA disciplina material com todas as liberdades civis


04 DE NOVEMBRO: FREDERICO II  somente o poder temporal; opiniões libertadas

FREDERICO
Frederico II da Prússia, Frederico o Grande, Friedrich Der Grosse, Frederick The Great
(nasceu em 1712, em Berlim; morreu em 1786, em Potsdam, Alemanha)

IMPERADOR UNIU A ALEMANHA COM LIBERDADE E CULTURA SECULAR ILUMINISTA

No mês da Política Moderna são colocados os maiores nomes representativos dos séculos em que o progresso da sociedade européia realizou duas funções:
1                                  a destruição das antigas crenças medievais e de sua organização feudal militar defensiva;
2                                  a preparação da nova civilização científica e pacífica com a atividade industrial e comercial, a ordem e a paz mantida pelos diversos governos.
A ação de mudança da política medieval para a política moderna realizou a limitação ou extinção do poder e dos privilégios da nobreza e das autoridades religiosas e a manutenção de exércitos permanentes assalariados pelo governo político. Nos regimes guerreiros de Roma, de guerra de conquista, como da Idade Média, de guerra de defesa, os militares eram governo, como imperadores ou barões feudais.
O governo concentrado na monarquia gradualmente substituiu o governo descentralizado dos barões. Ele constituiu o único elemento que ficou de pé do antigo regime medieval católico-feudal no fim dos anos 1400, século XV. A luta entre as autoridades centrais e as locais já tinham terminado e o governo político não era mais ameaçado por nenhum outro poder rival. Os governos passaram a governar sem a unanimidade cultural da Idade Média, como se fossem ditadores, sob diversas formas. Nas biografias de Luiz XI e de Cromwell podem-se ver esses dois modos de governo.
Nessa fase histórica a política tinha por objetivo manter a ordem da nação e permitir o livre progresso intelectual e industrial. São os estadistas da nova civilização. A política anterior tinha como referência a lei dos deuses, em normas políticas dadas pelo conhecimento das divindades e passa gradualmente a ter como referência o bem da pátria e da sociedade.
Estabeleceram o governo central monárquico concentrado reunindo no rei os antigos poderes regionais dos barões do feudalismo. Com o enfraquecimento do cristianismo os reis tenderam a tirar do papa muitas das funções religiosas, tais como a diplomacia e a manutenção da paz.


FREDERICO II (1712-1786) nasceu em Berlim, filho do rei Frederico Guilherme e neto de Frederico I. Como príncipe herdeiro, ele foi educado para ser um general na guerra e um cuidadoso administrador na paz. Mas ele mostrava preferência para a vida na sociedade, para a música e para a cultura francesa. Frederico dedicou-se logo com entusiasmo às atividades da administração e aos exercícios e técnicas de guerra. Ele casou-se em 1733. Nos tempos disponíveis, estudou filosofia, história e poesia. Correspondeu-se com os pensadores franceses, em especial com Voltaire. Escreveu o livro Antimachiavell, em oposição às doutrinas políticas do político e filósofo Machiavelli, onde Frederico defende o governo de paz e de cultura científica e artística.
Tornando-se imperador da Prússia aos 28 anos, em 1740, formou seu plano de governo com a manutenção da disciplina e os meios empregados por seu pai, mas com o ideal de aumentar o bem estar do seu país e deixar seus súditos contentes e felizes. Sua política não seria de enriquecer com o trabalho do povo, mas de fazer o país e seu povo mais rico. Frederico introduziu reformas importantes, como a abolição da tortura dos tribunais, chamada de tortura judiciária, então de uso geral na Europa. Fez proclamar a tolerância religiosa, dizendo: “que cada um seja livre de ir para o céu do modo como desejar”. A liberdade de imprensa foi amplamente praticada. No entusiasmo de Frederico pelo conhecimento e pela cultura ele convidou para sua corte Voltaire e outros pensadores importantes.
Ele afirmava que “um homem que procura pela verdade e que a ama deve ser considerado de muito valor em toda sociedade humana”. A ação de Frederico era muito original e voltou para ele a atenção de toda a Europa. Se ele não tivesse entrado em suas guerras, seria difícil imaginar a que ponto ele teria se aproximado de um governo ideal, tanto que ele foi altamente dotado de inteligência e de capacidade de ação.
Frederico foi um guerreiro, mas ninguém detestava mais a guerra do que ele. Ele sempre desejava a paz. Em 46 anos de seu reinado, ele passou 36 anos em tempo de paz. Na paz, ele esteve sempre, sem parar, ocupado em administrar seu reino seguindo as normas mais esclarecidas, as mais econômicas e mais lucrativas. Fiscalizava nos detalhes todos os ramos do serviço público, sabia o que cada um fazia em seu trabalho. A minúcia com que ele controlava tudo é quase inacreditável. Frederico levava suas próprias despesas ao mínimo. Ele não passava a maior parte do tempo no palácio, mas sim em sua casa de campo de Sans-Souci. Chegando à velhice, continuou a cumprir seus deveres de governo com uma paciência estôica até à morte.
Mas por que não se pode dizer que seu governo foi republicano? Sim, foi republicano, para o bem do público, bem do povo. Foi um imperador absoluto democrático, um governo para o bem do povo.
Frederico governou sem parlamento, não foi eleito, mas foi, na prática, o dirigente que colocou todas as suas forças para o bem comum, de todos. O governo unitário de um presidente ou um rei sem parlamento é, hoje, chamado de despótico, absoluto, autocrático. O que falsamente resultaria num governo autoritário sem liberdade.
Sempre se soube que o parlamento é um sistema que impede o governo de governar, que impede a governabilidade. É uma grande fonte de corrupção, que sempre mal visto pelo povo. Não há prova de que os parlamentares sejam indispensáveis para que possa haver uma verdadeira república democrática. Frederico mostra o espetáculo de um grande homem, culto, habilidoso, trabalhando como um escravo para o bem de seus cidadãos, para o bem do povo trabalhador.
A avaliação da vida de Frederico conduz a se ver nele um gênio prático que em capacidade política se aproxima de Júlio César e de Carlos Magno; um governo que fornece o melhor modelo de homem de Estado moderno, realizando o ideal de Hobbes, que foi a regra de manter a autoridade com ampla liberdade.
Autoridade e disciplina mantidas na administração material, mas desregulamentação com a liberdade de consciência, de opinião, de ensino, de religião. A invasão do governo político coercitivo na esfera da opinião, da consciência, da propaganda, é a principal característica do totalitarismo.
Frederico conheceu bem a noção mais importante na política moderna, a diferença entre o que é o governo dos atos, o poder temporal, e o que é o governo das opiniões, da consciência, que é o poder espiritual. E ele se manteve na sua própria esfera, somente na do governo dos atos, da atividade, apenas da administração material em meio da pluralidade de opiniões.
Não acreditando em deuses, nem na vida futura, é um exemplo brilhante e precioso do que os motivos puramente humanos, humanistas, podem produzir.

AMANHÃ: Cosme de Médicis o Velho, empresário industrial com dedicação social.

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