domingo, 13 de fevereiro de 2011

0214 TERÊNCIO

14 DE FEVEREIRO. Terêncio: As comédias do escravo africano.

TERÊNCIO
Terence, Publius Terentius Afer
(nasceu cerca do ano 190 antes da nossa era em Cartago, no norte da África; morreu no ano 159 na Grécia)
GRANDE AUTOR ROMANO DE COMÉDIAS DE COSTUMES

Redução do poder político total da religião
ao derrotar as forças da Teocracia oriental.
Na Grécia a arte coordenou a política militar num período histórico crítico. Nessa época foi eliminado pela primeira vez no mundo o total poder político e mental da casta hereditária e secreta dos sacerdotes das teocracias. Para sempre.
Foi politeísmo militar contra politeísmo sacerdotal.
A arte gera emoções, cria visões de progresso, visões do futuro.
A arte tem, desse modo, certo poder de antever o progresso, de criar novos ideais. É um poder profético natural, criado por humanos. Mas não é a profecia sobrenatural mágica, dos antigos.
Estão nesta semana autores cômicos e satíricos da Grécia e de Roma, reunidos porque, a esse respeito a obra de Roma pode ser comparada àquela dos gregos. O mesmo não pode ser dito para as artes da forma ou para a tragédia. Os autores de fábulas figuram aqui por continuarem a comédia dos costumes humanos.
A semana tem como chefe Aristófanes no domingo que a termina.
TERÊNCIO nasceu na África e foi levado para Roma como escravo. O seu nome original de família não é conhecido. Quando ele foi libertado, adotou o nome de seu dono Terentius Lucanus. Ele começou a escrever no ano 166 e continuou com sucesso até sua morte.
A perda ocorrida dos originais de Menandro resultaria no completo desconhecimento da nova comédia grega se não tivéssemos as peças teatrais de Plauto e de Terêncio. O estilo de Terêncio é elevado, sua línguagem é de um latim puro, que poderia ser impossível de achar num africano escravo. Tudo faz dele para os leitores modernos o principal representante da antiga comédia da vida particular. Essa a razão de sua enorme influência na literatura mundial. Tomaram empréstimos de Terêncio autores importantes como Cervantes, Shakespeare e Molière. Por exemplo, a comédia Les fourberies de Scapin de Molière, de 1671, “As trapaças de Scapin”, respiram no teatro o mesmo espírito da comédia antiga.
Terêncio tomou do grego Menandro o plano de suas seis peças e a maior parte de sua obra é apenas uma simples tradução da língua grega para o latim. Assim se torna difícil saber qual é o mérito de Terêncio e qual o mérito de Menandro. Mas um de seus mais famosos personagens, Formion, o parasita insolente, que parece sempre fiel a seus amigos e pronto para servi-los, se acha numa peça tomada a um autor medíocre pouco conhecido. Então, esse exemplo mostra o gênio criador de Terêncio.
Os planos e os personagens de Terêncio são simples e convencionais. O sofrimento dos jovens amantes, os seus esforços para se livrarem das armadilhas dos mais velhos, com a ajuda de escravos bons e amigos, formam o fundo geral comum das suas peças de teatro. O meio mais usado pelos heróis para vencer todas as dificuldades consiste sempre em descobrir afinal que a jovem namorada tinha sido perdida ou roubada em sua infância e que na verdade ela pertencia a uma família respeitável e rica.
Os escravos que são descritos nas peças de Terêncio são um estudo espantoso para quem conhece a história da vida do autor. No teatro produzido por Terêncio, os escravos ao lado da juventude e do prazer, cheios de descaramento e de desculpas, são sempre fieis e prontos para servir. Eles não se deixam mesmo abater pelo barulho dos foguetes e das correntes de ferro que soam à volta deles.
A comédia dos antigos não permitia que se representassem os personagens de procedimento extremo, quer fosse em baixeza ou fosse em heroísmo; mas nas peças de Terêncio, todos possuem uma boa qualidade que os salva. Aqueles pais desconfiados, os filhos dissolutos, os escravos astuciosos, os mestres duros, os bajuladores, os parasitas e os mentirosos têm todos uma parte de bondade e de sociabilidade.
Uma frase de Terêncio muito citada constitui a essência mesma de sua moral:
Homo sum, humani nihil a me alienum puto” ou seja
“Sou homem e tudo que é humano tem minha simpatia”.


AMANHÃ: As fábulas e os poemas de Fedro.

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