15 JULHO: A Estética,
as artes da linguagem, do sentimento e da expressão
É parte
da Filosofia. A emoção é o motor da atividade.
MÊS DE DANTE A EPOPÉIA
MODERNA
O
Calendário Filosófico consagra dois meses do ano à Estética. O mês de Dante com
o nome de Epopéia Moderna coloca também os nomes de representantes da poesia
romântica. O outro mês é o de Shakespeare, dedicado ao drama moderno.
A
Idade Média promoveu a liberdade do povo
trabalhador, com a indústria e o comércio livre, com a sistematização do
sistema capitalista de liberdade civil. A civilização moderna, após o fim
da civilização medieval, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300,
criou uma grande variedade na atividade humana. A secularização fez a saída do
ensino e das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços
laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes,
como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
O
domínio das artes de linguagem, da Estética, teve então um grande
desenvolvimento, gerando um número maior de grandes artistas do que na
antiguidade.
O
título aqui usado de Epopéia ou o nome de Poesia abrange todas as formas de
arte criadora: a epopéia, a poesia lírica e romântica, os romances em prosa, o
idílio, a alegoria, as crônicas, as meditações,, mesmo a pintura e a escultura.
Portanto, se aplica a toda e qualquer obra de imaginação.
O
mundo antigo era, a muitos respeitos, mais favorável do que a modernidade à
produção da grande poesia. A sociedade era mais homogênea e mais harmoniosa em
sua constituição, também mais estável e mais regular em seu movimento.
Na
modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução. É a passagem de uma civilização medieval da
guerra de defesa para uma civilização pacífica científica e industrial. A
diversidade infinita de atividade social, os conflitos e alterações incessantes
da vida estimulam a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da
criação artística.
O
resultado se vê na poesia moderna com um elemento crítico destruidor e
revolucionário. O que enfraquece inevitavelmente seu desenvolvimento mais
elevado e que por vezes a revolta chega a inspirar a criação de sua obra. Mas
essa situação de crise gerou a multiplicidade, a audácia, a vitalidade intensa
e a universalidade do gênio criador nos tempos modernos. Dante coloca o em seu
tribunal o julgamento dos papas, dos imperadores e das Nações; com Rabelais,
Cervantes e Swift a revolta se reproduz por meio de uma caricatura profunda da
sociedade contemporânea; com Walter Scott glorifica o passado à custa do
presente; com Byron e Shellley, honra o futuro à custa do presente e do
passado. De fato a arte idealiza a revolta e a anarquia como manifestações mais
elevadas da liberdade humana.
Triunfos
esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente apesar do clima
de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de criar e
produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de obras
artísticas.
As
semanas deste oitavo mês do calendário mostram os representantes de todos os
países desde o século XII até o século XIX. Dos quarenta e nove nomes, um terço
são autores que escreveram em verso.
Calendário HISTÓRICO FILOSÓFICO
para um ano
qualquer; É UM
quadro concreto da preparação humana
MÊS DE DANTE
A EPOPÉIA MODERNA
LUNEDIA=segunda-feira;
MARTEDIA=terça; MERCURIDIA=quarta;
JOVEDIA=quinta;
VENERDIA=sexta-feira.
Os nomes
à esquerda são para o ano comum C; à direita, anos bissextos B.
8º MÊS - DANTE
|
||||
A epopéia moderna C/ B
|
||||
Lunedia
|
1
|
Os
trovadores
|
|
16.jul.
|
Martedia
|
2
|
Bocácio
|
Chaucer
|
17/16
|
Mercuridia
|
3
|
Rabelais
|
Swift
|
18/17
|
Jovedia
|
4
|
Cervantes
|
|
19
|
Venerdia
|
5
|
La Fontaine
|
Roberto
Burns
|
20/19
|
Sábado
|
6
|
Defoe
|
Goldsmith
|
21/20
|
Domingo
|
7
|
ARIOSTO
|
|
22
|
Lunedia
|
8
|
Leonardo da
Vinci
|
Ticiano
|
23/22
|
Martedia
|
9
|
Miguel
Ângelo
|
Paulo
Veronese
|
24/23
|
Mercuridia
|
10
|
Holnéia
|
Rembrandt
|
25/24
|
Jovedia
|
11
|
Paussin
|
Lesueuer
|
26/25
|
Venerdia
|
12
|
Velásquez
|
Murilo
|
27/26
|
Sábado
|
13
|
Teniers
|
Rubens
|
28/27
|
Domingo
|
14
|
RAFAEL
|
|
29
|
Lunedia
|
15
|
Froissart
|
Joinville
|
30/29
|
Martedia
|
16
|
Camões
|
Spencer
|
31/30
|
Mercuridia
|
17
|
Os
romanceiros espanhóis
|
|
1.ago.
|
Jovedia
|
18
|
Chateaubriand
|
|
2
|
Venerdia
|
19
|
Walter Scott
|
Cooper
|
3/2
|
Sábado
|
20
|
Manzoni
|
|
4
|
Domingo
|
21
|
TASSO
|
|
5
|
Lunedia
|
22
|
Petrarca
|
|
6
|
Martedia
|
23
|
Tomás de
Kempis
|
Luís de
Granada
|
7/6
|
Mercuridia
|
24
|
Madame de
Lafayette
|
Madame de
Stäel
|
8/7
|
Jovedia
|
25
|
Fénélon
|
S. Francisco
de Sales
|
9/8
|
Venerdia
|
26
|
Klopstock
|
Gessner
|
10/9
|
Sábado
|
27
|
Byron
|
Elisa
Mercœur e Shelley
|
11/10
|
Domingo
|
28
|
MILTON
|
|
12
|
Todos os meses são iguais,
de 28 dias e todos começam numa segunda-feira, terminando num domingo.
VER NO BLOG do Calendário Filosófico
Cada dia uma biografia:
0715 02 B
DANTE POETA REVOLUCIONÁRIO moderno e perfeito na arte e na filosofia
15 DE JULHO: DANTE o mais
precioso estilo produzido pela linguagem humana
DANTE
Dante
Alighieri
(nasceu
em 1265, em Florença, Itália; morreu em 1321, em Ravena, Itália)
POETA
FILÓSOFO, AUTOR DO REVOLUCIONÁRIO POEMA DA DIVINA COMÉDIA
Estética, as artes da linguagem, da afeição e da
expressão.
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da atividade e
da inteligência.
A civilização
moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos
anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do povo trabalhador, com a indústria e o comércio, com a
sistematização do sistema capitalista de liberdade civil. Criou também a
saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos.
As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como
ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem
conflito.
Na modernidade nos
encontramos em fase de transição, em tempos de revolução. É a passagem de uma
civilização medieval da guerra de defesa para uma civilização pacífica
científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, os
conflitos e alterações incessantes da vida estimulam a originalidade mental,
mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Triunfos esplendidos
foram conseguidos pelo gênio artístico independente da religião apesar do clima
de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de produzir, mesmo
em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações artísticas.
As semanas deste
oitavo mês do calendário mostram os representantes de todos os países desde o
século XII até o século XIX. Dos quarenta e nove nomes, um terço são autores
que escreveram em verso.
DANTE ALIGHIERI nasceu em Florença, Itália, em 1265 de família
honrada e antiga. Com a idade de 24 anos ele estava em armas e participou como
membro do partido Guelf Branco na batalha sangrenta de Campaldino em que os
gibelinos foram vencidos.
Ele logo cedo se dedicou à poesia, lendo Boécio e Cícero, amando a
música e estudando pintura. Ao chegar aos 30 anos de idade, entrou na
administração da república de Florença por cinco anos, quando o partido dos
Guelfes Brancos estava no poder.
De 1300 a
1302 a
república passou um período de crise política, com uma guerra civil entre os
partidos chamados Negros e Brancos. O papa Bonifácio VIII enviou a Florença um
legado que tentou colocar Florença sob o governo do papado. Dante resistiu com
veemência, o que o colocou como o chefe da resistência contra o papa. Na luta,
o partido dos Negros se fez vitorioso e Dante, ligado aos Brancos, saiu da
cidade para não mais voltar. O partido vitorioso em 1302 o condenou por várias
acusações, a pagar elevada multa, a sair da cidade e à privação de seus
direitos políticos. As condenações se repetiram por três vezes. A razão dessas
condenações foi sua resistência às intrigas monstruosas do papa Bonifácio VIII,
por ele chamado de “lo principe de’ nuovi
Farisei”, o príncipe dos novos fariseus.
O resto da vida de Dante, por quase vinte anos, se passou na vida
errante de cidade em cidade, indo de um protetor a outro. Ele encontrou refúgio
em Verona. Depois
foi a Bolonha, a Pádua e a Paris, estudando teologia, filosofia e retórica.
O poeta passou os dois ou três últimos anos de sua vida em Ravena,
sob a proteção de Guido Novello de Polenta. Lá esteve com seus dois filhos,
também exilados de Florença, com sua esposa e filha.
Em 1321 foi enviado com embaixada a Veneza pelo governo de Ravena.
Sua missão não teve sucesso. Morreu ao voltar, em setembro de 1321, com a idade
de 56 anos. A cidade de Florença muito mais tarde pediu a posse dos restos
mortais do poeta, mas Ravena negou a entrega e Ravena continua a ser o último refúgio
e o lugar de repouso do maior dos italianos.
As principais obras de Dante são La vita nuova, de 1293; De
vulgari eloquentia, de 1304-1307; Il convivio de 1304-1307; De monarchia, de
1313. La divina commedia, o famoso épico poema, foi escrito entre 1301 e 1310, em que Dante descreve a sua
caminhada conduzida por Virgílio, desde o inferno, pelo purgatório até o
paraíso.
POEMA REVOLUCIONÁRIO. A Divina Comédia é uma obra épica
incomparável, considerada a maior glória da arte humana. Dante começou a escrever
em latim, mas, depois, resolveu escrever em italiano, tornando o idioma usual,
em substituição ao latim, realizou a criação da língua italiana na
literatura. A viagem do inferno até o
paraíso mostra uma forma de evolução da personalidade dos tipos humanos,
chegando a uma regeneração final. Mas a obra tem um aspecto da revolução
moderna, já que o poeta se coloca como juiz dos próprios sacerdotes do
catolicismo.
Embora o destino do poema fosse idealizar o Catolicismo, o
espírito predominante é o da revolução moderna. Não apenas a tendência do
ceticismo crítico da modernidade aparece em protestos ocasionais. Nota-se o
trabalho revolucionário acima de tudo na audácia da sua concepção geral. Ao
tomar o poeta a posição superior de juiz para fazer o julgamento das crenças
religiosas, o artista admite a decadência do cristianismo. Se ela fosse escrita
cem anos antes, em pleno apogeu da religião, seria considerada um grande
sacrilégio. Se fosse no século seguinte, com o avanço da emancipação religiosa,
ela seria até supérflua como obra crítica.
Nota-se que a fase de transição política e cultural da Idade Média
para a modernidade causa uma dificuldade à elaboração artística, que deve se
apoiar numa situação estável, e não em tempos de mudança. Por essa razão, o poeta
desloca o cenário para os tempos de tranqüilidade da antiguidade clássica.
Por toda sua obra, Dante é um expoente do movimento intelectual
dos tempos modernos, a ser colocado junto com Descartes como representativo da
intelectualidade moderna. Dante é, de fato, um perfeito poeta e filósofo,
dotado do mais precioso estilo que a linguagem humana já produziu.
AMANHÃ: Lançamento das bases do humanismo na Renascença: Bocácio.
0715 03 B OS TROVADORES DA IDADE MÉDIA inventaram novos versos e poemas
15 DE
JULHO: OS TROVADORES: a nova arte secular medieval de cultura e emoção
OS
TROVADORES
Les
Troubadours, The Troubadours, The
Trouvères, The Trouveurs
(viveram
aproximadamente entre 1090 até 1290)
SECULARIZAÇÃO
DA NOVA ARTE MUSICAL CRIADA PELOS TROVADORES MEDIEVAIS
ESTÉTICA
as artes da linguagem, da afeição e da expressão
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da inteligência
e da atividade
A civilização
moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos
anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do povo trabalhador, com a indústria e o comércio, com a
sistematização do sistema capitalista de liberdade civil. Criou também a
saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos.
As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como
ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem
conflito.
Na modernidade nos
encontramos em fase de transição, em tempos de revolução. É a passagem de uma civilização medieval da guerra de defesa para uma
civilização pacífica científica e industrial.
Triunfos esplendidos
foram conseguidos pelo gênio artístico aos poucos se afastando da religião, apesar
do clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de
produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações
artísticas.
A primeira semana tem
Ariosto como chefe, mostrado no domingo último dia da semana. Ali estão autores
que criaram pinturas ideais da natureza humana sob todas as suas formas, com a
poesia de costumes, mostrada nas suas manifestações da história da sociedade
moderna.
Ver em 0715 01 B O QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA,
com todos os grandes tipos humanos do mês.
A Idade Média reuniu as condições favoráveis ao desenvolvimento da
poesia. A guerra de conquista foi substituída pela guerra de defesa do grande
império romano. O nível dos costumes, da moralidade, se elevou com a cavalaria
e com o respeito pela mulher. Mas a situação da sociedade era muito instável,
ao passar do regime de feudos e de castelos do feudalismo da Idade Média para o
moderno regime de burgos, de vilas e cidades livres do barão feudal, com a independência
da indústria e do comércio. Foi o fim de uma civilização de guerra de defesa
com seus líderes religiosos para uma nova civilização de paz e de indústria,
com a formação de novas lideranças dentro da sociedade. Até mesmo a linguagem,
que dá a medida de muitas situações, estava em mudança, deixando de lado o
latim de toda a Europa para os idiomas regionais. A perda do poder da religião
também fez o latim perder a posição de língua internacional no continente mais
adiantado do mundo.
A era medieval produziu as Niebelungen
e a Chanson de Roland. Mas os
costumes mostrados por esses dois poemas sofreram, tanto como a linguagem,
rápidas e muitas vezes violentas transformações.
Mas, no sul da França, foi diferente. A região da Provença foi
cedo incorporada à civilização de Roma. E ficava fora da corrente central da
invasão das tribos bárbaras que devastavam a Itália. A terra que abrigou os
godos, os mais simpáticos invasores do norte, ficou protegida da agressão dos
vândalos e dos hunos. É natural que a língua de Provença, o provençal, tenha
atingido uma rápida maturidade. Dante chegou a tentar o uso do provençal para
escrever a Divina Comédia.
O romance heróico e as canções de amor eram produto dos
TROVADORES, os autores dessa arte. No norte da França o nome desses menestréis
foi o de TOUVÈRES. Eles tiveram grande influência sobre a sociedade da época,
sendo patrocinados por monarcas como Ricardo I da Inglaterra e como Afonso II
de Aragão.
A arte dos trovadores é a maior influência para o desenvolvimento
secular da música da Idade Média na modernidade. Corresponde, na arte, à
secularização da sociedade, em todos os aspectos, ao sair do feudalismo para
entrar na civilização moderna. A secularização mostra a libertação gradual das
populações do poder cultural do Catolicismo, feito dentro das igrejas e dos
conventos, até então progressista. A arte, como a ciência e a política passa
sem rutura, aos poucos, para fora das igrejas, para os palcos e arenas laicas.
Dois dos trovadores estão mencionados por Dante. No Purgatório,
Canto XXVI, ele encontra Arnaud Daniel, que é chamado de - o melhor dos artistas na língua provençal. Dante confessa que tomou
dele a forma lírica de alguns de seus poemas. Outro trovador, citado por Dante,
é Bertrand de Born, um feroz guerreiro da Gascônia que promoveu os conflitos
entre o rei Henrique II da Inglaterra e seu filho primogênito. Por esse motivo
Dante o coloca no Inferno, junto com Maomé e de outros que semearam a discórdia
entre os homens (Canto XXVII).
O nome de TROVADOR é derivado do occitanian “trobar”, inventar, achar, em francês, “trouver”. O trovador, assim, é aquele que inventa novos poemas, com
novos versos para combinar com seus elaborados enredos de amor. Muito de sua
arte foi preservada, em “chansonniers” ou catálogos de canções.
A
influência dos travadores sobre a sociedade ocorreu de forma sem precedentes na
história da poesia medieval. As cortes reais acolhiam os trovadores, que tinham
grande liberdade de expressão, frequentemente intervindo até nos conflitos
políticos. Mas seu grande papel foi criar entre as damas da nobreza uma aura de
cultura e de emoção que nada até então tinha produzido.
A
poesia dos trovadores formou uma das mais brilhantes escolas que existiu, e que
conseguiu influenciar toda a poesia lírica que depois se produziu na Europa.
AMANHÃ: Lançamento das bases do humanismo na Renascença: Bocácio.
Notar
que
você
não será maior
do
que sua visão da vida,
isto
é, do que sua filosofia.
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