quarta-feira, 16 de julho de 2014

0717 C BOCÁCIO poeta humanista em estilo de beleza rara entre os mais notáveis

17 DE JULHO. Bocácio: escritor de fama no lançamento do humanismo renascentista

BOCÁCIO
Boccace, Giovanni Boccaccio
(nasceu em 1313, em Paris; morreu em 1375, em Certaldo, Toscana, Itália)

GRANDE POETA HUMANISTA ITALIANO ENTRE OS MAIORES ESCRITORES DE TODOS OS TEMPOS

Estética, as artes da linguagem, da afeição e da expressão.
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da atividade e da inteligência.

A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do povo trabalhador, com a indústria e o comércio, com a sistematização do sistema capitalista de liberdade civil. Criou também a saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução. É a passagem de uma civilização medieval da guerra de defesa para uma civilização pacífica, científica e industrial.
Triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente da religião apesar do clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações artísticas.
A primeira semana tem Ariosto como chefe, mostrado no domingo último dia da semana. Ali estão autores que criaram pinturas ideais da natureza humana sob todas as suas formas, com a poesia de costumes, mostrada nas suas manifestações da história da sociedade moderna.

Ver em 0716 01 C   O QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com todos os grandes tipos humanos do mês.

NOSSOS ANTEPASSADOS INESQUECÍVEIS
Maiores figuras humanas na antiguidade
que prepararam a civilização do futuro.

GIOVANNI BOCCACIO (1313-1375) nasceu em Certaldo, na Toscana, Itália. Seu pai era um comerciante e sua mãe de origem francesa. Estudou em Florença com o gramático Giovanni da Strada e depois em Paris se preparando para o comércio, por seis anos. Passou, depois, oito anos seguintes em Nápoles, propondo-se a estudar direito. Conta-se que ao visitar o túmulo de Virgílio se decidiu pela literatura. Em Nápoles ele viu e amou Maria, filha natural de Roberto, rei de Nápoles, que foi a heroína de sua obra Fiammetta. Em Nápoles também tiveram começo as longas relações de amizade com Petrarca. Lá, Bocácio escreveu várias de suas obras, entre as quais Teseu, um poema que Chaucer traduziu livremente no Conto do Cavaleiro.
Com a morte de seu pai em 1350 estabeleceu-se em Florença e foi provavelmente nessa época que escreveu o Decameron, um conjunto de cem novelas contadas por um grupo de três moços e de sete damas que se haviam refugiado numa casa de campo para se afastar da peste que havia em Florença em 1348, espalhando-se pela Europa.
A descrição do flagelo da peste forma uma estranha tela onde a graça luxuosa e a alegria meio licenciosa desses contos revelam a comédia humana, com uma mistura de fatos trágicos e emocionantes. Muitos desses contos foram passar para a literatura da Inglaterra com Chaucer, Shakespeare e Keats. Sua celebridade é devida menos talvez a seu mérito próprio do que pela beleza rara do estilo, um modelo de prosa que, por várias gerações, dominou a literatura na Itália. Bocácio lamentou mais tarde a publicação do Decameron e destruiu, antes de morrer, o seu manuscrito. Mas a obra chegou até nós por meio das cópias que seus amigos tinham feito.
É certo que as novelas e seus outros escritos em italiano foram consideradas por ele mesmo e por seus contemporâneos como bem menos importantes que os seus trabalhos sobre a literatura antiga. Seu livro De genealogia Deorum é um tratado feito com cuidado a respeito da mitologia antiga. Com o desejo de estudar a língua grega, que era, então, uma língua desconhecida, ele chamou para Florença o mestre Leontius Pilatus de Tessalônica que viveu com ele por três anos e traduziu Homero para o latim. Em 1373 os florentinos convidaram Bocácio a dar lições sobre a Divina Comédia de Dante. A vida de Dante que Bocácio escreveu e o seu comentário sobre a primeira parte do poema foram conservados até hoje.
Pouco depois, por causa de suas doenças, ele se retirou para sua cidade natal, onde morreu em 21 de dezembro de 1375, um ano depois da morte de Petrarca, que, com ele será sempre associado como um dos precursores da Renascença. Bocácio colocou a literatura da língua italiana vernácula no nível e no prestígio dos clássicos da antiguidade.
Bocácio é o poeta e sábio italiano que lançou as bases do humanismo da renascença junto com Petrarca. O humanismo coloca os humanos como principais numa escala de valor, pelo estudo e destaque dado aos autores da antiguidade. Que se desenvolveu mais tarde com o iluminismo em oposição às crenças sobrenaturais, pondo a humanidade, a sociedade humana como referência, como centro das atenções.
O humanismo corresponde a trocar a referência, a obediência, das leis dos deuses passando a referência para o homem coletivo, terrestre. O cristianismo unânime na Europa medieval tem na Santíssima Trindade o Deus homem nascido de uma Santa Família humana. Na era moderna, pós-medieval, vivemos um verdadeiro humanismo prático, em que julgamos uma ação como benéfica ou heróica ou como criminosa se a favor ou contra o humano, contra a humanidade.
Bocácio colocou a literatura da língua italiana vernácula no nível e no prestígio dos clássicos da antiguidade.
A arte, um dos modos da formação das opiniões, no fim da Idade Média se torna secularizada, ou seja, sua produção deixa os padres e monges das igrejas e dos conventos e vai para outros autores, não religiosos, laicos. Na modernidade, os formadores de opinião ficam dispersos entre os artistas, professores, jornalistas, médicos e entre tantos outros especialistas. É a característica de nossos tempos de revolução cultural e política.
A especialização e pulverização doutrinária, no ensino e na arte pode produzir uma séria incoerência cultural, isto é, a falta de unidade e contradições do pensamento e dos costumes. É a falta de ligar a pessoa com si mesma na coerência individual e a falta de ligar todas as pessoas mutuamente por uma fé numa doutrina. É a falta de ligar e religar: a falta de uma religião, que liga e religa por meio de uma doutrina comum, que faz a religação. Todas as civilizações se formaram sob a direção de uma doutrina, de uma religião. Não há civilização em religião.
É o ponto em que hoje nos encontramos na longa evolução mostrada na história da sociedade humana. Com a queda do papado nos anos 1300 ficamos sem a doutrina católica (universal em grego, para todos, para os gentios) da idade média e entramos numa revolução cultural e dos costumes. Ou seja, estamos com parte da população permanecendo em diversas formas de doutrinas e outra parte numa fase revolucionária de transição na formação de novas doutrinas sociais.

AMANHÃ: Ele seria queimado vivo na fogueira ao atacar o papa: o padre e escritor Rabelais.


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