terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

0221 HORÁCIO o Panteon aberto a todos os cultos

FEVEREIRO 21. HORÁCIO:  A excelência da lírica e da sátira.

HORÁCIO
Horace
Quintus Horatius Flaccus
(nasceu no ano 65 antes da nossa era, em Venúsia, Itália; morreu no ano 8 antes da nossa era, em Roma)

POETA LÍRICO E SATÍRICO NA LITERATURA DA ERA DE OURO DE ROMA

Redução do poder político total da religião
ao derrotar as forças da Teocracia oriental.

Na Grécia a arte coordenou a política militar num período histórico crítico. Nessa época foi eliminado pela primeira vez no mundo o total poder político e mental da casta hereditária e secreta dos sacerdotes das teocracias. Para sempre.
Foi politeísmo militar contra politeísmo sacerdotal.
A arte gera emoções, cria visões de progresso, visões do futuro.
A arte tem, desse modo, certo poder de antever o progresso, de criar novos ideais. É um poder profético natural, criado por humanos. Mas não é a profecia sobrenatural mágica, dos antigos.
Na quarta semana do mês de Homero estão os poetas de Roma, tanto os épicos como os líricos. Ela compreende um período de seis séculos e meio pelo menos, sua influência continuando através da idade média. É como a visão profética de uma era de paz que inspira os poemas de Virgílio até que seria formulada de novo por Dante.
A semana termina no domingo tendo como chefe Virgílio.

Ver em 0129-01 Quadro do Mês de Homero, a Poesia Antiga,
com os grandes tipos representantes do mês.


HORÁCIO era filho de um simples escravo libertado de Veneza que se tornou um leiloeiro assistente, dono de pequena propriedade. Horácio recebeu a melhor educação da época em Roma e em Atenas. Ele uniu à religiosidade e o gosto de um homem do campo à cultura de um homem da cidade. Do ano 44 até o ano 42 antes de nossa era ele serviu nos últimos tempos da república como tribuno dos soldados nos exércitos de Brutus e de Cássius e depois da derrota deles na batalha de Philippi ele retornou a Roma, onde se dedicou a escrever o gênero poético satírico.
Pouco a pouco, dominado pelos fatos, ele aceitou a formação do Império Romano como uma realidade inevitável. Ele comprou um cargo de secretário do tesouro e obteve boas relações e fama ao escrever suas Sátiras. Depois de algum tempo, ele foi colocado no caminho da fortuna e da celebridade por Virgílio e por Varius que o fizeram entrar na intimidade de Mecenas.
Na tranqüila e confortável casa de campo que Mecenas lhe deu, nas colinas Sabina, próximas a Roma, seu gênio maduro produziu as Odes e as Epístolas. Os temas freqüentes eram o amor, a amizade, a filosofia e a arte poética. Mais tarde ele foi reconhecido e honrado com a amizade do próprio imperador Augusto.
Outras obras suas são Sátiras e Epístolas satíricas em versos hexâmetros e Poesias Líricas seguindo o estilo de vários mestres da poesia grega. Os hexâmetros são versos que têm seis sílabas tônicas, cada acompanhada por uma sílaba átona. Chama-se na métrica poética cada par de sílabas, sendo uma acentuada ou tônica e outra não acentuada ou átona. Portanto, os versos hexâmetros têm seis pés.
As sátiras mostravam a rejeição por Horácio dos conflitos na vida pública, recomendando a sabedoria obtida pela serenidade. Os ataques e zombarias do poeta visavam os abusos em tese, não as pessoas. A forma do texto revela o desgosto pela derrota na batalha de Philippi, com o fim da república romana e o começo do Império. O Império Romano que se mostrou um governo que não teria a sucessão hereditária, todos os imperadores sendo escolhidos e não herdeiros do poder, como numa monarquia.
No gênero lírico, onde a forma é a qualidade principal, Horácio atingiu uma perfeição tal, que, do mesmo modo que no hexâmetro de Virgílio, todo aperfeiçoamento tentado depois só podia ser uma decadência.
As formas da poesia grega, despidas de sua ligeireza e de sua flexibilidade, reaparecem com a dignidade e a sonoridade profunda do latim. A métrica poética na sátira fica subordinada. O hexâmetro de Horácio é grande e rústico: ele sacrifica a dignidade e a fecundidade para ter mais facilidade e vivacidade.
Comparando Ênio e Lucrécio à poesia de Horácio não se pode deixar de notar a ausência do ponto de vista da pátria romana que é preponderante nos outros dois. Ele submeteu sua fé na república romana tomando uma aparência de entusiasmo pelo Império que triunfara. É o que explica a ausência de civismo romano em seus versos, embora tenha feito abrir as portas do Panteon a todos os cultos religiosos e a todas as filosofias do mundo.
Horácio se apoiou na sábia tolerância do ecletismo que era a base do governo nas terras conquistadas pelo Império Romano. Mas essa falta de cor nacional tornou-o um poeta polido, eqüidistante, adequado a todos os tempos. Ele tomou de cada crença os preceitos capazes de dirigir o homem culto, que deveria então assistir e aceitar sem entusiasmo a qualquer tipo de movimento político e social que se produzisse. Esse era um código de egoísmo inofensivo, doce e superficial.
Horácio como poeta lírico teve uma excelência que só ele possuía. Assim ele encontrou um grande número de imitadores. Mais numerosos imitadores modernos do que imitadores romanos.


AMANHÃ: A originalidade das elegias de Tíbulo.


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