segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

0218 ARISTÓFANES a sátira como o mais sublime dos gêneros.

FEVEREIRO 18. Aristófanes:  maior na comédia satírica antiga.

ARISTÓFANES
Aristophanes
(nasceu cerca do ano 450 antes da nossa era; morreu cerca de 390)

AUTOR GREGO MAIOR SATÍRICO DE COMÉDIA NA LITERATURA MUNDIAL

Redução do poder político totalitário da religião
pela derrota da Teocracia oriental.
Na Grécia a arte coordenou a política militar num período histórico crítico. Nessa época foi eliminado pela primeira vez no mundo o total poder político e mental da casta hereditária e secreta dos sacerdotes das teocracias. Para sempre.
Foi o politeísmo militar grego contra o politeísmo sacerdotal oriental.
A arte gera emoções, cria visões de progresso, visões do futuro.
A arte tem, desse modo, o poder de antever o progresso, de criar novos ideais. É um poder profético natural, criado por humanos. Mas não é a profecia sobrenatural mágica, dos antigos.
Estão nesta semana autores cômicos e satíricos da Grécia e de Roma, reunidos porque, a esse respeito a obra de Roma pode ser comparada àquela dos gregos. O mesmo não pode ser dito para as artes da forma ou para a tragédia. Os autores de fábulas figuram aqui por continuarem a comédia dos costumes humanos.
A semana tem como chefe Aristófanes no domingo que a termina.

Ver em 0129-01 Quadro do Mês de Homero, a Poesia Antiga,
com os grandes tipos representantes do mês.


ARISTÓFANES foi o maior poeta cômico da antiguidade. Ele deixou uma viva descrição de sua própria pessoa, do que ele amava e daquilo que ele desprezava. Viveu perto de 50 anos depois da grande época de glória de Atenas e nos deixou imortais quadros descritivos sobre a república de Atenas quando ela começava a caminhar para seu rápido declínio. Pouco sabemos dos detalhes de sua vida pessoal.
Aristófanes era filho de Philippe e nasceu em Atenas em meados dos anos 400 antes de nossa era. Ele gostava do prazer e da vida em sociedade, sendo representado como um dos brilhantes convivas do banquete de Platão.
Ele ganhou um prêmio por sua primeira comédia em 427, logo após o começo da guerra do Peloponeso, quando ainda era bem jovem. E continuou a compor suas comédias por um período de 40 anos. Ele produziu mais de 50 peças de teatro, mas apenas 11 subsistiram até hoje. Deixou três filhos que foram todos poetas cômicos como o pai, que morreu em torno do ano 390 quando Atenas já tinha perdido toda sua importância política e morrido seus grandes homens, a não ser Platão e seus discípulos.
Aristófanes não teve rival na comédia antiga, aquela que fazia a sátira direta, política, pessoal e social e nesse domínio ele tomou a liberdade de fazer a caricatura, a imitação e a extravagância a tal ponto que as sátiras mais críticas e violentas, antigas ou modernas, nunca alcançaram.
Ele viveu na Grécia num tempo de atividade intensa e de rudes conflitos no mundo das idéias e no campo da política. O poeta Aristófanes, amante apaixonado dos velhos heróis, das antigas instituições e dos antigos costumes de Atenas, atacou, numa série de sátiras, os demagogos, os políticos, os pretensiosos, os charlatães, os trapaceiros, os modismos em filosofia, em política, nos costumes e na poesia.
Aristófanes se mostra um homem de partido, sem escrúpulo, um escarnecedor incorrigível dos deuses e dos homens, um apoio firme da “boa causa” e do “velho bom tempo”. Por baixo de sua severidade excessiva e de sua extravagância obscena, ele revela um senso político de justiça, se mostra o conservador sincero e corajoso de tudo que é justo e verdadeiro. No tempo de Aristófanes as cenas obscenas faziam parte do culto a Dionísio, o deus do vinho e do prazer. O poeta empregou esse meio para fins morais e sociais.
Vivendo no meio de uma democracia inferior e inconstante, ele só poderia ser um reacionário num século cheio da arte do sofisma enganoso e da retórica frívola que absorveu o pensamento de Atenas. Ele fez então um ataque cego contra os reformadores da sociedade como Sócrates e contra os que professavam a sensibilidade como Eurípides. Ele ridiculariza sem cessar a Cleon o demagogo, a Eurípides o sentimental, a Sócrates como o tipo do sofista crítico.
Muitas de suas peças se referem a promessas usadas até hoje pelos demagogos de nossos dias. Na sátira VESPAS ele zomba das cortes de justiça da época. Na AS NUVENS ele faz a sátira contra Sócrates, como um pensador oposto aos interesses da nação. Na sua mais famosa sátira, a LYSISTRATA ele faz a crítica contra a guerra; em ECCLESIAZUSA ele ridiculariza a idéia da propriedade comunista da propriedade e em PLUTUS ele mostra o absurdo da redistribuição da riqueza na sociedade.
Entre os ataques há muitos injustos, muitos sem razão; mas para um conservador ardente como o poeta Aristófanes, Cleon personificava a loucura e a vaidade democráticas, Eurípides dizia do gosto por uma retórica doentia em poesia e Sócrates o revolucionário da antiguidade que submetia todas as crenças estabelecidas a uma crítica metafísica falsificadora.
Os estudiosos de todas as épocas estão de acordo com a opinião de que Aristófanes reuniu, como poeta e como satírico, todas as melhores qualidades no mais alto grau. Ele elevou a caricatura da sátira do gracejo ao mais sublime dos gêneros.


AMANHÃ: Ênio o poeta da potência civilizadora de Roma.

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