segunda-feira, 1 de agosto de 2011

0802 CHATEAUBRIAND

02 DE AGOSTO: Chateaubriand: O grande poeta do romance de cavalaria da Idade Média.

CHATEAUBRIAND
François-Auguste-René de Chateaubriand, Visconde de Chateaubriand
(nasceu em 1768 em Saint-Malo, França, morreu em 1848 em Paris)

MODERNO ESTADISTA E ESCRITOR ROMÂNTICO DA CAVALARIA E DA CULTURA MEDIEVAL


A Estética, as artes da linguagem, da emoção e da expressão.
É parte da Filosofia. O sentimento é o motor da atividade e da inteligência.

O Calendário Filosófico consagra dois meses do ano à Estética moderna. O mês de Dante com o nome de Epopéia Moderna coloca também os nomes de representantes da poesia romântica. O outro mês é o de Shakespeare, dedicado ao drama moderno.
A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do povo, da indústria e do comércio. Criou também a saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução, ao passar de uma civilização medieval para uma civilização pacífica, científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, de conflitos e alterações incessantes da vida estimula a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente apesar do clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações artísticas.
As semanas deste oitavo mês do calendário mostram os representantes de todos os países desde o século XII até o século XIX. Dos quarenta e nove nomes, um terço são autores que escreveram em verso.
Nesta terceira semana o tipo destacado como chefe de semana é Tasso. Ele tem seu dia no domingo, último dia da semana. Aqui é relembrada a criação da poesia do espírito cavalheiresco medieval, à idealização das virtudes da cavalaria e aos romances de aventura.
Ver em 0716 1 O QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com os grandes tipos humanos do mês.


RENÉ DE CHATEAUBRIAND nasceu de família nobre em Saint-Malo, Bretanha, na França. Depois de uma juventude de sonhos, só com a visão das cenas românticas das praias da Bretanha, ele entrou para o exército. Foi recebido na corte do rei nos últimos dias da monarquia francesa.
Logo testemunhou os primeiros atos da revolução francesa e, desgostoso com o que viu, partiu para a América. Lá ele foi bem recebido pelo presidente George Washington. Procurou conhecer os índios americanos, que mais tarde iria descrever, voltando para a França depois da fuga do rei, indo se juntar aos emigrantes no rio Reno. Ferido, doente e sem dinheiro, passou vários anos de pobreza extrema na Inglaterra. Foi ali que a morte de sua mãe e de sua irmã em 1798 despertou seu remorso em ser racionalista e motivou a sua volta à religião católica tradicional.
Então ele começou a escrever sua obra GENIE DU CHRISTRIANISME, que publicou em 1802 depois de voltar para a França. No ano anterior ele havia publicado ATALA, que já lhe dera alta reputação como escritor.
Chateaubriand estava plenamente convencido, a partir dessa hora, que ele mesmo era uma nova força no mundo. Fez o plano de sua obra OS MÁRTIRES ali colocando os heróis da fé cristã como oponentes aos vícios do politeísmo pagão da antiguidade. Apesar da incoerência do plano e os anacronismos, OS MÁRTIRES tiveram um efeito forte sobre o público, dando uma vida nova à religião cristã, perseguida pela revolução francesa. O livro mostra o lado poético do renascimento católico, para que De Maistre tinha dado a inspiração filosófica. OS MÁRTIRES foram publicados em 1809, quando o poeta voltou de suas viagens à Grécia, à Palestina, Ásia-Menor, África e à Espanha.
Napoleão nomeou Chateaubriand como diplomata e, na restauração da monarquia, o nomeou embaixador em Berlim e em Londres. O caráter difícil do poeta e seu espírito visionário o colocavam constantemente na oposição ao governo. Sua carreira e seus escritos políticos levaram o escritor sempre a cargos de menor valor. Ele passou seus últimos dias de vida em isolamento profundo, morrendo aos 80 anos, em 1848. Ele repousa na sua cidade natal de Saint-Malo, numa tumba romântica, posta sobre os rochedos batidos pelas ondas do oceano.
Chateaubriand ocupa um lugar privilegiado na França, como sendo o primeiro a fazer o reavivamento da paixão pelas tradições cavalheirescas e católicas. Na França ele fez o mesmo que Walter Scott gloriosamente realizou na Inglaterra com seus romances históricos. Ele nos faz recordar com admiração pelos nossos heróicos, pios, religiosos cavalheirescos ancestrais.
A obra O GÊNIO DO CRISTIANISMO foi escrito quando o autor fez a conciliação do seu conflito entre a religião e o racionalismo científico. É uma obra de elogio do catolicismo, com a qual ganhou vantagens com os conservadores realistas e com Napoleão. No entanto tem uma fraqueza teológica e filosófica, em mistura com elogios pouco lógicos. Mas sua afirmação da superioridade moral do cristianismo, com base em seu apelo poético e artístico, tornou-se uma inesgotável fonte para os escritores românticos. Com isso, ele renovou a apreciação e o gosto pela arquitetura gótica das igrejas e da arte sacra em geral.
O pequeno livro O ÚLTIMO DOS ABENCERRAGES, com suas pequenas dimensões, é um belo espécime do verdadeiro romance histórico. O livro OS MÁRTIRES é uma possante pintura do heroísmo religioso. Tanto o ÚLTIMO DOS ABENCERRAGES como OS MÁRTIRES são de leitura poética aconselhada até nossos dias.
Chateaubriand é considerado como o grande poeta do romance de cavalaria da Idade Média. Ele faz parte da elite social que promove a formação da opinião na modernidade, no papel que pertencia aos sacerdotes das religiões antigas. Os novos formadores de opinião produzem e alargam a secularização da cultura ocorrida com o fim do feudalismo medieval e de sua religião, dando lugar à nova sociedade industrial moderna de nossos dias.

AMANHÃ: O maior gênio poético de seu século: Walter Scott.


Um comentário:

  1. Grande Mestre. Continuo divulgando seu blog na minha página do Facebook. Desperta alguma curiosidade nos leitores. Um abraço Prof. Angelo.

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