sexta-feira, 30 de março de 2012

0328 B CELSO a arte médica e cirúrgica na Roma antiga

28 DE MARÇO. CELSO: autor da enciclopédia da medicina romana

CELSO
Aulus Cornelius Celsus
(viveu na primeira metade do primeiro século antes da nossa era)

ESCRITOR ROMANO DESTACADO AUTOR DE TEXTOS MÉDICOS EM PURO LATIM


AS BASES DA CIÊNCIA

Os gregos antigos tiveram grandes filósofos até a obra de Aristóteles. Depois dele, os pensadores passaram ao estudo das ciências particulares. A filosofia ficou sem maior desenvolvimento.
Todos os conhecimentos da época foram registrados pela descrição dos fatos da vida diária. Anotaram os conflitos políticos, as paixões humanas, a estrutura e as doenças do corpo humano, todos os fatos que a sua volta ocorriam na agricultura,à navegação e às outras artes. Mas o que tornou célebres os gregos antigos foi que descobriram o estudo abstrato dos fenômenos dos seres, pelo estudo de suas propriedades, dos acontecimentos, das ocorrências.
O início do estudo ABSTRATO foi realizado pela primeira vez no mundo pelos gregos. Outros, como os egípcios, já tinham feito a medição dos campos, dos terrenos e já tinham calculado as dimensões da pedras para a construção de seus templos. Mas só com Tales e aqueles que o sucederam os gregos tiveram o mérito de, por meio e sua imaginação, retirar, por abstração, as linhas e os ângulos que formam os objetos. Linhas e ângulos são propriedades percebidas pelos sentidos, não são objetos físicos que existam ou bens que se possam minerar ou cultivar na natureza ou produtos obtidos por fabricação.
A função cerebral da abstração é a forma mais complexa da capacidade da inteligência humana. Envolve a observação dos fenômenos ou acontecimentos e sua elaboração mental abstrata. O progresso da ciência em todos os tempos se acelera com aplicação da pesquisa abstrata. O psicólogo Jean Piaget(1896-1980) confirmou experimentalmente que as crianças só conseguem pensar abstratamente após cerca da idade de sete anos.
O filósofo francês Auguste Comte já tinha identificado o mesmo nos povos primitivos e nas crianças. Somente quando os povos evoluem da feitiçaria ou feiticismo, da magia ou animismo é que conseguem pensar no politeísmo em deuses, que são conceitos abstratos, dotados de propriedades superiores, de enorme poder. Se assim é, somente povos politeístas poderiam chegar a desenvolver a abstração científica. Os politeístas da Teocracia Oriental, embora capazes de criar seus deuses abstratos, não conseguiram criar a ciência abstrata talvez por ser a casta sacerdotal secreta um poder político totalitário impedindo a iniciativa da livre pesquisa dos pensadores laicos.
A primeira semana do mês de Arquimedes consagra os sábios que pesquisaram a medicina e os conhecimentos biológicos preliminares que resultaram dessas pesquisas. A presidência da semana é de Hipócrates. Ali figuram os nomes dos principais anatomistas da universidade de Alexandria no Egito e daqueles entre os autores árabes que escreveram sobre medicina.

Ver o Quadro 0325 01 B do mês de Arquimedes Ciência Antiga. O quadro mostra os grandes homens representantes da criação dos fundamentos do conhecimento biológico na antiguidade.


CELSO foi secretário particular do imperador romano Tibério. Ele escreveu uma enciclopédia sobre agricultura, arte militar, retórica, filosofia, direito e medicina. Dessa grande obra somente a parte da medicina foi preservada.
O seu livro De re medica, que existe hoje, é um tratado sistemático sobre a arte médica e cirúrgica de seu tempo. Ele contém observações preciosas sobre a higiene, particularmente sobre a dieta e o exercício; sobre a doença, tanto sobre as modificações pela estação do ano, pelo clima, idade e sobre a evolução da doença ou prognose.
O livro de Celso é hoje considerado um dos mais importantes clássicos de medicina, mas foi grandemente ignorado em seu tempo. Ele foi descoberto pelo papa Nicolau V (1397-1455) e foi em 1478 uma das primeiras obras médicas publicadas no início do aplicação da imprensa escrita. Oito dos livros do tratado foram traduzidos para vários idiomas.
Do tratado de Celso passamos a saber que os métodos externos, como os banhos, a massagem, e outros para o tratamento das doenças crônicas, eram na época muito mais empregados do que em nossos dias. A tradição de Hipócrates, que consiste numa observação delicada guiada pelo sentimento de unidade do organismo, é visível nessa parte de seu livro.
Quanto ao aspecto da cirurgia, ele registra o resultado das pesquisas feitas no museu e na biblioteca de Alexandria. A sua descrição dos ossos, dos músculos e dos outros órgãos, embora muito resumidas se comparadas às exigências da cirurgia moderna e até menos extensa do que um aluno de Galeno poderia fazer, é, no entanto bastante correta.
A prática cirúrgica realizou nessa época muito mais progresso do que se pensa comumente. As operações como a extração de pedra nos rins ou na vesícula biliar, a retirada da catarata, a trepanação ou perfuração do crânio eram muito parecidas com a cirurgia moderna. É notável no texto de Celso o avanço da prática médica do seu tempo. Ele recomendava a limpeza e exigia que os ferimentos fossem lavados e tratados com substâncias como o vinagre, não mais usado em nossos dias. Descreveu a cirurgia plástica da face, usando a pele de outras partes do corpo.
A obra é de grande importância no aspecto histórico, sendo a fonte de grande parte do que é hoje conhecido sobre a medicina dos gregos e da anatomia e cirurgia do Museu de Alexandria
O tratado de medicina de Celso é escrito no idioma do latim mais puro do melhor período do Império Romano.

AMANHÃ: A pesquisa biológica de Galeno.

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