quarta-feira, 30 de novembro de 2011

1201 FRANCIA o único estadista sul-americano que se opôs ao clero católico

01 DE DEZEMBRO. JOSÉ DE FRANCIA: Honesto até o exagero, inflexível em suas decisões.

FRANCIA
José Gaspar Rodríguez de Francia y Velasco
(nasceu em 1766, em Yaguarón, Rio de la Plata; morreu em 1840, em Asunción, Paraguai)

NOTÁVEL ESTADISTA PARAGUAIO DA INDEPENDÊNCIA E DO PROGRESSO DO PAÍS.

No mês da Política Moderna pós-medieval são colocados os maiores nomes representativos dos séculos em que o progresso da sociedade européia realizou duas funções:
1                                  a destruição das antigas crenças medievais e de sua organização militar para a guerra de defesa;
2                                  a preparação da nova civilização científica e pacífica com a atividade industrial-comercial, de paz e de ordem mantida pelos diversos governos.
A ação de mudança da política medieval para a política moderna realizou a limitação ou extinção do poder e dos privilégios da nobreza e das autoridades religiosas e a manutenção de exércitos permanentes assalariados pelo governo político. Nos regimes guerreiros de Roma, de guerra de conquista, como da Idade Média, de guerra de defesa, os militares eram governo, como imperadores ou barões feudais.
Na política moderna são básicas duas condições: a unidade de comando e a liberdade consciência e de opinião. O poder deve ser concentrado num só chefe responsável, como nos exércitos, no império romano e no catolicismo medieval. Deve haver liberdade para que a produção e comercialização sejam feitas com paz e ordem já que a guerra impede a indústria. O poder do capital também deve ser concentrado. A divisão do poder leva ao desgoverno, à quebra da hierarquia social, a anarquia, com a dissolução da sociedade. O sucesso depende do difícil equilíbrio entre a unidade governo e a ampla liberdade. 
O governo de comando único concentrado na monarquia gradualmente substituiu o governo regional descentralizado dos barões. Ele constituiu o único elemento que ficou de pé do antigo regime medieval católico-feudal no fim dos anos 1400, século XV. A luta entre as autoridades centrais e as locais já tinham terminado e o governo político não era mais ameaçado por nenhum outro poder rival. Os governos passaram a governar sem a integral unanimidade cultural religiosa da Idade Média, como se fossem ditadores, sob diversas formas. Nas biografias de Luiz XI e de Cromwell podem-se ver dois modos de governo.
Nessa fase histórica a política tinha por objetivo manter a ordem da nação e permitir o livre progresso intelectual e industrial. São os estadistas da nova civilização. A política anterior tinha como referência a lei dos deuses, em normas políticas dadas pelo conhecimento das divindades e passa gradualmente a ter como referência o bem da pátria e da sociedade humana.
Estabeleceram o governo central monárquico concentrado reunindo no rei os antigos poderes regionais dos barões do feudalismo. Com o enfraquecimento do cristianismo os reis tenderam a tirar do papa muitas das funções religiosas, tais como a diplomacia e a manutenção da paz.
Nesta quarta semana do Calendário estão consagrados os estadistas dos anos 1600 e 1700, séculos XVII e XVIII que participaram de revoluções. Não foram propriamente revolucionários destruidores por natureza, mas foram levados pelas circunstâncias. Colocados em outras condições políticas teriam sido ardentes conservadores. Nenhum dos participantes da Revolução Francesa constam aqui por serem puros destruidores. Nem mesmo o admirável Danton. A semana tem como destaque o republicano Cromwell no domingo que a encerra.

Ver em 1105 1  em novembro 05 o QUADRO DO MÊS DE FREDERICO A POLÍTICA MODERNA, com os grandes nomes representativos da evolução social política do mês.

FRANCIA nasceu em Yaguarón, no Paraguai, em 1766. Seu pai, Garcia Rodrigez Francia, era um brasileiro de São Paulo, especialista na plantação de tabaco, contratado pelo governo paraguaio. Ele estudou teologia no Colégio de Monserrat na Universidade de Córdoba em Tucuman, na Argentina. Formou-se doutor em teologia, e, preparado para o sacerdócio católico, não quis ser padre. Tornou-se professor de uma cobiçada cadeira de teologia no Seminário de San Carlos em Asunción em 1790. Mais tarde, estudou Direito, praticando a advocacia em Assunção, com que conseguiu uma grande reputação de habilidade e de integridade. Foi indicado para vários cargos importantes no Paraguai.
Francia era um devotado admirador do Iluminismo e da Revolução Francesa, estudando com atenção os pensadores franceses enciclopedistas. Ele tinha a maior biblioteca da cidade de Asunción. Com grande dificuldade, ele chegou a ser alcalde chefe do cabildo, a assembléia de Assunção, que era o mais alto cargo que poderia ser ocupado por um CRIOLO como era chamado pelos espanhóis aquele que nascesse na colônia.
Quando o Paraguai, por meio de um golpe de estado, se tornou independente da Espanha em 1811, ele se tornou o secretário da Junta formada para administrar o país e em 1813 foi eleito Presidente por três anos, e em 1816 foi colocado como presidente vitalício. Não mais foi reunido um parlamento para dividir o poder político. Francia se tornou uma figura notável por sua competência no processo histórico da independência dos países da América espanhola no século 19.
Os dois políticos da América espanhola tiveram ambos como objetivo a independência de seu país e a política da unidade de comando, sem a divisão do poder com uma assembléia que ameaça a governabilidade, não assegura a liberdade e é fonte da corrupção em todos os países do mundo.
Ele recusou a proposta de confederação com a Argentina e proclamou que “O PARAGUAI NÃO É PATRIMÔNIO DA ESPANHA, NEM PROVÍNCIA DA ARGENTINA”. E Francia defendeu esse princípio por toda sua vida. Na época ninguém no país tinha qualquer experiência política, em finanças ou em administração. O país era cercado de visinhos e grupos internos hostis, e enérgicas medidas eram necessárias para salvar o Paraguai da imediata desintegração.
Francia, com a unidade de comando no governo político, evitou as constantes guerras civis ocorridas nas outras repúblicas então libertadas da Espanha. Ele assentou as bases de uma sociedade diferente, sem latifúndios nem chefes locais, com forte presença do Estado em empresas, fazendas e serviços. Conseguiu o inesperado progresso que ocorreu no país durante quase 30 anos sob o vigilante controle do benévolo Presidente perpétuo do Paraguai. O desenvolvimento obtido sem a nociva alternância do poder. Assim Francia chegou a ser venerado pelo povo camponês na legendária Província Gigante das Índias Ocidentais, na América, como era conhecido o Paraguai. Em 1819 um complot foi montado pelos ricos do país para assassinar Francia. Descoberto, quarenta participantes foram executados, o que foi chamado de terror do governo de Francia por seus muitos adversários.
Governando a antiga colônia dos jesuítas e não sendo ele religioso, ele foi o único dos governantes da América do Sul que teve a coragem de se opor ao clero católico. Ele acabou com o dízimo pago aos padres pelo tesouro uruguaio e confiscou os bens da Igreja Católica. Francia ensinou aos paraguaios a semear duas vezes por ano e a colher duas safras por ano. A indústria o comércio foram incentivados pelo governo e foi estabelecido o controle do comércio exterior. A altiva República independente foi consolidada por seus sucessores, que construíram o primeiro alto-forno para ferro na América do Sul e a primeira estrada de ferro do continente.
Francia morreu em 1840, sob o lamento geral de seu povo. Ele foi honesto até ao escrúpulo exagerado; era inflexível em suas decisões, sem piedade quando era necessário por seu devotamento à jovem república. Ele foi descrito como moreno, de olhos negros penetrantes, com longa cabeleira até os ombros, com um ar de dignidade e de elevação que atraía a atenção de todos. Sua expressão era severa e inflexível, fazendo contraste com o efeito cativante de sua agradável conversação.
Ao grande político paraguaio é dedicado hoje o Museu de Francia na cidade de seu nascimento, Yaguarón.

AMANHÃ: Na revolução inglesa defendeu a moralidade e a liberdade de consciência: Oliver Cromwell.

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