terça-feira, 19 de julho de 2011

0720 LA FONTAINE DESCRENTE SEM MALDADE

20 DE JULHO: La Fontaine Um cético descrente sem maldade, consciente da fragilidade humana.

LA FONTAINE
Jean de La Fontaine
(nasceu no ano 1621 da nossa era, no Château-Thierry, França; morreu em 1695, em Paris)

AUTOR DA GRANDE OBRA PRIMA AS FÁBULAS DA VAIDADE HUMANA

A Estética, as artes da linguagem, da emoção e da expressão.
É parte da Filosofia. O sentimento é o motor da atividade e da inteligência.

O Calendário Filosófico consagra dois meses do ano à Estética. O mês de Dante com o nome de Epopéia Moderna coloca também os nomes de representantes da poesia romântica. O outro mês é o de Shakespeare, dedicado ao drama moderno.
A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do povo, da indústria e do comércio. Criou também a saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução, ao passar de uma civilização medieval para uma civilização pacífica, científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, de conflitos e alterações incessantes da vida estimula a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente apesar do clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações artísticas.
As semanas deste oitavo mês do calendário mostram os representantes de todos os países desde o século XII até o século XIX. Dos quarenta e nove nomes, um terço são autores que escreveram em verso.
A primeira semana tem Ariosto como chefe, mostrado no domingo último dia da semana. Ali estão autores que criaram pinturas ideais da natureza humana sob todas as suas formas, com a poesia de costumes, mostrada nas suas manifestações da história da sociedade moderna.
Ver em 0716 1   O QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com todos os grandes tipos humanos do mês.


JEAN DE LA FONTAINE nasceu em 8 de julho de 1621 em Château-Thierry, na Champagne, onde seu pai era encarregado do Serviço de Águas-e-Florestas. Ele foi educado no Colégio de Reims. Até aos 22 anos foi um jovem normal, quando, então, ficou tão vivamente impressionado pelas poesias de Malherbe, que começou a fazer versos. Seu pai o encorajou nessa arte. Ele sucede a seu pai no cargo, como era costume na época. Ele se casou, mas o casamento não combinava com seu caráter e assim foi por toda a vida. La Fontaine parece ter se libertado das obrigações práticas, tanto na vida particular como na vida pública. Só se relacionava com aqueles que reconheciam o valor de sua criatividade particular. Fora disso, não se importava por ser visto como muito gordo e pouco apropriado à vida em sociedade.
Felizmente ele recebeu o apoio material de que ele tinha necessidade do pequeno número de pessoas que compreenderam seu valor. Entre os primeiros que o apreciaram, deve-se colocar a duquesa de Bouillon e em especial Fouquet, o ambicioso superintendente de finanças cuja carreira terminou de maneira desastrosa. Depois do exílio de Fouquet, La Fontaine viveu por 20 anos na casa de Madame de la Sablière onde ele teve todo o lazer que desejava.
Em 1684, com a morte de Colbert, ele foi eleito para a cadeira dele na Academia Francesa de Letras. Com a morte de Mme. de la Sablière, La Fontaine, que nunca tinha feito qualquer esforço sobre si mesmo para ganhar a vida, passou um momento de necessidades até que o Senhor d’Hervart lhe ofereceu um abrigo, em 1693.
La Fontaine morreu em Paris, em 13 de abril de 1695.
O lugar de La Fontaine na história da poesia está assegurado. Ele possuía ao mais alto grau a arte de fazer uma narrativa comum, familiar, com muita graça e simplicidade. Os seus Contos, imitados de Boccácio e de outros novelistas da última parte da Idade Média, mostram a licenciosidade dos textos originais e não são recomendáveis para todo tipo de leitor.
Sua Fábulas são as mesmas de Fedro e de Esopo, mas contadas, agora, com uma formosura deliciosa que só pode ser encontrada em La Fontaine, que tornou as narrativas imortais. Nas fábulas posteriores, ele fez a sátira aos nobres da corte real, dos burocratas, da igreja, dos novos ricos, ou seja, satiriza toda a representação humana.
La Fontaine era um cético descrente, mas sem maldade, consciente da fragilidade humana e de sua ambição. Os seus temas satíricos permitiam uma distensão da linguagem poética. Ele podia, assim, ser eloqüente ao debochar da eloqüência, ou, em contraste, usar a seguir um estilo duramente simples. Essa variação de tonalidade e de estilo pode ser vista em seus textos.
La Fontaine influenciou muitos escritores mais modernos. Seu estilo é vivo e a narração é feita com arte, mostrando a filosofia de vida do autor. Seus contos e novelas vêm de fontes como o Decameron de Baccácio e o Heptameron de Margaret de Navarra. Mas a sua narrativa é muito diferente, apresentando rara inteligência e vivacidade. Ele escreveu também outros trabalhos, com poemas, libretos para ópera, peças teatrais e contos em verso e prosa do Os amores de Cupido e Psiquê.
A linguagem de La Fontaine é de uma pureza preciosa, sem ter o classicismo exageradamente ornado de seu tempo. La Fontaine inventou um estilo particular que ficou famoso para sempre.


AMANHÃ: Robinson Crusoe mostra ser impossível viver o indivíduo separado da sociedade: Daniel Defoe.


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