sábado, 16 de julho de 2011

0716 2 DANTE POETA REVOLUCIONÁRIO

0716 2 DANTE POETA REVOLUCIONÁRIO

16 DE JULHO: Dante, revolucionário mas perfeito poeta e filósofo: a EPOPÉIA MODERNA.

DANTE
Dante Alighieri
(nasceu em 1265, em Florença, Itália; morreu em 1321, em Ravena, Itália)
POETA FILÓSOFO, AUTOR CRÍTICO DO REVOLUCIONÁRIO POEMA DA DIVINA COMÉDIA

Estética, as artes da linguagem, da afeição e da expressão.
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da atividade e da inteligência.

O Calendário Filosófico consagra dois meses do ano à Estética. O mês de Dante com o nome de Epopéia Moderna coloca também os nomes de representantes da poesia romântica. O outro mês é o de Shakespeare, dedicado ao drama moderno.
A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do povo, com a indústria e o comércio. Criou também a saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução, ao passar de uma civilização medieval para uma civilização científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, de conflitos e alterações incessantes da vida estimulam a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente apesar do clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações artísticas.
As semanas deste oitavo mês do calendário mostram os representantes de todos os países desde o século XII até o século XIX. Dos quarenta e nove nomes, um terço são autores que escreveram em verso.


DANTE ALIGHIERI nasceu em Florença, Itália, em 1265 de família honrada e antiga. Com a idade de 24 anos ele estava em armas e participou como membro do partido Guelf Branco na batalha sangrenta de Campaldino em que os gibelinos foram vencidos.
Ele logo cedo se dedicou à poesia, lendo Boécio e Cícero, amando a música e estudando pintura. Ao chegar aos 30 anos de idade, entrou na administração da república de Florença por cinco anos, quando o partido dos Guelfes Brancos estava no poder.
De 1300 a 1302 a república passou um período de crise política, com uma guerra civil entre os partidos chamados Negros e Brancos. O papa Bonifácio VIII enviou a Florença um legado que tentou colocar Florença sob o governo do papado. Dante resistiu com veemência, o que o colocou como o chefe da resistência contra o papa. Na luta, o partido dos Negros se fez vitorioso e Dante, ligado aos Brancos, saiu da cidade para não mais voltar. O partido vitorioso em 1302 o condenou por várias acusações, a pagar elevada multa, a sair da cidade e à privação de seus direitos políticos. As condenações se repetiram por três vezes. A razão dessas condenações foi sua resistência às intrigas monstruosas do papa Bonifácio VIII, por ele chamado de “lo principe de’ nuovi Farisei”, o príncipe dos novos fariseus.
O resto da vida de Dante, por quase vinte anos, se passou na vida errante de cidade em cidade, indo de um protetor a outro. Ele encontrou refúgio em Verona. Depois foi a Bolonha, a Pádua e a Paris, estudando teologia, filosofia e retórica.
O poeta passou os dois ou três últimos anos de sua vida em Ravena, sob a proteção de Guido Novello de Polenta. Lá esteve com seus dois filhos, também exilados de Florença, com sua esposa e filha.
Em 1321 foi enviado com embaixada a Veneza pelo governo de Ravena. Sua missão não teve sucesso. Morreu ao voltar, em setembro de 1321, com a idade de 56 anos. A cidade de Florença muito mais tarde pediu a posse dos restos mortais do poeta, mas Ravena negou a entrega e Ravena continua a ser o último refúgio e o lugar de repouso do maior dos italianos.
As principais obras de Dante são La vita nuova, de 1293; De vulgari eloquentia, de 1304-1307; Il convivio de 1304-1307; De monarchia, de 1313. La divina commedia, o famoso épico poema, foi escrito entre 1301 e 1310, em que Dante descreve a sua caminhada conduzida por Virgílio, desde o inferno, pelo purgatório até o paraíso.
POEMA REVOLUCIONÁRIO. A Divina Comédia é uma obra épica incomparável, considerada a maior glória da arte humana. Dante começou a escrever em latim, mas, depois, resolveu escrever em italiano, tornando o idioma usual, em substituição ao latim, realizou a criação da língua italiana na literatura.  A viagem do inferno até o paraíso mostra uma forma de evolução da personalidade dos tipos humanos, chegando a uma regeneração final. Mas a obra tem um aspecto da revolução moderna, já que o poeta se coloca como juiz dos próprios sacerdotes do catolicismo.
Embora o destino do poema fosse idealizar o Catolicismo, o espírito predominante é o da revolução moderna. Não apenas a tendência do ceticismo crítico da modernidade aparece em protestos ocasionais. Nota-se o trabalho revolucionário acima de tudo na audácia da sua concepção geral. Ao tomar o poeta a posição superior de juiz para fazer o julgamento das crenças religiosas, o artista admite a decadência do cristianismo. Se ela fosse escrita cem anos antes, em pleno apogeu da religião, seria considerada um grande sacrilégio. Se fosse no século seguinte, com o avanço da emancipação religiosa, ela seria até supérflua como obra crítica.
Nota-se que a fase de transição política e cultural da Idade Média para a modernidade causa uma dificuldade à elaboração artística, que deve se apoiar numa situação estável, e não em tempos de mudança. Por essa razão, o poeta desloca o cenário para os tempos de tranqüilidade da antiguidade clássica.
Por toda sua obra, Dante é um expoente do movimento intelectual dos tempos modernos, a ser colocado junto com Descartes como representativo da intelectualidade moderna. Dante é, de fato, um perfeito poeta e filósofo, dotado do mais precioso estilo que a linguagem humana já produziu.

AMANHÃ: Lançamento das bases do humanismo na Renascença: Bocácio.


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