quarta-feira, 22 de outubro de 2014

1023 C FONTENELLE a libertação pelo conhecimento na filosofia do iluminismo

23 DE OUTUBRO. Fontenelle: a possibilidade de vida fora do planeta terra

FONTENELLE
Bernardo le Bovier, Senhor de Fontenelle
(nasceu em 1657, em Ruão (Rouen), França; morreu em 1757,em Paris)

FILÓSOFO HUMANISTA PRECURSOR DO ILUMINISMO CIENTISTA LAICO

O RACIOCÍNIO CIENTÍFICO NA FILOSOFIA MODERNA
A grande revolução do pensamento humano ocorreu com o fim da Idade Média, com a queda do papado, da unanimidade católica e do feudalismo.
O mês de Descartes da Filosofia Moderna descreve essa importante revolução intelectual, a maior em toda a história da sociedade humana ao estender a razão experimental a todo conhecimento.
Nesta terceira semana se consagra o estudo filosófico humano em suas relações com a sociedade. Seu chefe é Leibnitz. Associados estão grandes autores que pesquisaram os princípios fundadores das leis: Grotius, Cujas e Montesquieu; os que se dedicaram â filosofia da história como Vico, Fréret, Herder. Segue com Winckelmann na história da arte e Buffon na exposição das relações da espécie humana com as outras raças animais.

Ver em 1008 C  em 08 de outubro o QUADRO DO MÊS DE DESCARTES A FILOSOFIA MODERNA, com os grandes nomes representativos da evolução social do mês


FONTENELLE (1657-1757) nasceu em Ruen, França. Sua mãe era irmã do grande dramaturgo poeta Pierre Corneille e seu pai um notável advogado. Estudou no colégio dos jesuítas de Rouen, dando mostras de uma grande aptidão para a literatura. Mesmo destinado ao estudo do Direito, ele procurou ganhar todo tipo de conhecimento.
Em 1691 foi recebido na Academia de Ciências em Paris. Ele foi nomeado Secretário da Academia, cargo que ocupou durante 42 anos. Morreu em Paris, em
1757, um mês antes de completar 100 anos de idade. Disse, em seus últimos momentos, que não sofria de mal algum, a não ser uma certa dificuldade de continuar a viver. A saúde permanente de Fontenelle por toda sua longa vida, faz um contraste notável com a extrema delicadeza de seu temperamento durante a infância. Seu caráter era especialmente plácido e igual. Era doce e brilhante, dizendo-se que ele nunca ria, nem chorava.
Fontenelle era um verdadeiro pensador, mas não fazia questão de receber o título de filósofo. No começo dos anos 1700, do século 18. o movimento de libertação das crendices antigas não se limitava a apenas alguns pensadores. A liberação mental foi divulgada em geral e Fontenelle teve grande participação nesse movimento de ensino da ciência.
Fontenelle é o primeiro pensador da escola de pensamento do Iluminismo, um grupo de brilhantes filósofos não religiosos dos anos 1700, no século 18. Os pensadores do iluminismo foram reformadores do saber, com uma firme fé na possibilidade de um mundo melhor. Eles conseguiram juntar as novas teorias científicas à sua aplicação prática e útil. O Iluminismo se formou com filósofos como Francis Bacon, Descartes e Galileu que fundaram o novo conhecimento do mundo e do homem. Fontenelle foi um grande amigo de Montesquieu e de Voltaire.
A popularização da filosofia moderna foi feita por Fontenelle em sua História dos Oráculos, de 1687, onde ele faz a crítica das religiões pagãs, anteriores ao cristianismo. Ele coloca essas crenças embaixo de dúvidas que os leitores logo vêm que são críticas válidas também para a religião cristã. Num estudo original de historiografia, Da origem das fábulas, de 1724, Fontenelle mostra a teoria de que fábulas iguais surgem em culturas completamente diferentes. O que seria uma tentativa de estudo da religião comparada.
Uma das discussões da época se referia a uma suposta inferioridade da literatura moderna em relação à literatura da antiguidade. Os escritores e poetas modernos não seriam melhores que os antigos. Fontenelle se opôs com energia essa opinião. No ponto de vista puramente artistico, estético, poderia haver dúvida a respeito. Mas Fontenelle ampliou o debate, mostrando a superioridade das novas descobertas científicas. E demonstrou a verificação da ampliação continuada do conhecimento em todas as suas formas. A noção de progresso era, então, uma idéia muito nova. Porque as verdades divinas da religião, que estavam nos livros sagrados, eram todas eternas, sem alteração, impedidas de progresso. Só o conhecimento relativo, não absoluto, pode melhorar quando se experimenta mais, tendo mais vivência.
Fontenelle é mais conhecido por seu livro Pluralidade dos Mundos, que indica a possibilidade de vida fora da terra. É uma explicação da astronomia popular simplificada, divulgando as novas descobertas científicas, muito importantes para a nova sociedade que se formava. Essa obra e os Elogios dos Sábios, com a biografia dos pensadores da Academia de Ciência, são de leitura recomendada até nossos dias, como uma forma didática de obtenção do conhecimento.
A Pluralidade dos mundos tem um valor histórico como o melhor monumento de homenagem a uma teoria que teve uma enorme repercussão para o desenvolvimento da visão do mundo na modernidade. A descoberta do movimento da terra e das leis da astronomia científica mostraram com precisão o lugar do homem na natureza. Foi uma lição vigorosa de modéstia muito necessária: estamos num pequeno planeta, secundário, girando em torno de uma estrela menor. O homem não é o rei da natureza, dono do centro do universo.
Fontenelle é, portanto, o primeiro dos grandes filósofos do ILUMINISMO. Que foi um forte e elevado movimento intelectual de emancipação, libertando os humanos da superstição e da ignorância. Uma tarefa ainda em execução em nossos dias.

AMANHÃ: Somente os humanos respeitam os idosos e os seus mortos: Giambattista Vico.


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