quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

1201 FRANCIA

01 DE DEZEMBRO.
JOSÉ DE FRANCIA: Honesto até o exagero, inflexível em suas decisões na defesa da jovem República Paraguaia.

FRANCIA
José Gaspar Rodríguez de Francia y Velasco
(nasceu em 1766, em Yaguarón, Rio de la Plata; morreu em 1840, em Asunción, Paraguai)
NOTÁVEL ESTADISTA PARAGUAIO DA INDEPENDÊNCIA E DO PROGRESSO DO PAÍS.

O Calendário Histórico mostra a evolução multimilenar do homem por meio das maiores figuras do melhoramento gradual da vida humana, devido ao progresso do conhecimento científico que prepara a nova civilização industrial moderna. São os estadistas da nova civilização que antes obedeciam às normas políticas dadas pelo conhecimento com base nas crenças em divindades e passa ao saber político firme comprovado, isto é, do saber positivo sobre o próprio homem, sobre o mundo e sobre seus princípios políticos.
Nesta semana são consagrados os estadistas dos anos 1600 e 1700, séculos 17 e 18, que participaram de revoluções anteriores à Revolução Francesa. Foram movimentos de soberania popular e de igualdade que levaram políticos a demonstrar a tendência para o regime político republicano, do bem público, do povo todo. Esses estadistas seriam naturalmente conservadores ardentes, mas foram envolvidos pela força revolucionária política decorrente das novas doutrinas filosóficas libertadoras dos enciclopedistas seculares, emancipados de crenças antigas. Foram revoluções pela república, para a libertação de países dominados pelo estrangeiro ou de colônias em outros continentes.
A semana começa com Sidney da Inglaterra e termina com Cromwell, como chefe da semana.

FRANCIA nasceu em Yaguarón, no Paraguai, em 1766. Seu pai, Garcia Rodrigez Francia, era um brasileiro de São Paulo, especialista na plantação de tabaco, contratado pelo governo paraguaio. Ele estudou teologia no Colégio de Monserrat na Universidade de Córdoba em Tucuman, na Argentina. Formou-se doutor em teologia, e, preparado para o sacerdócio católico, não quis ser padre. Tornou-se professor de uma cobiçada cadeira de teologia no Seminário de San Carlos em Asunción em 1790. Mais tarde, estudou Direito, praticando a advocacia em Assunção, com que conseguiu uma grande reputação de habilidade e de integridade. Foi indicado para vários cargos importantes no Paraguai.
Francia era um devotado admirador do Iluminismo e da Revolução Francesa, estudando com atenção os pensadores franceses enciclopedistas. Ele tinha a maior biblioteca da cidade de Asunción. Com grande dificuldade, ele chegou a ser alcalde chefe do cabildo, a assembléia de Assunção, que era o mais alto cargo que poderia ser ocupado por um CRIOLO como era chamado pelos espanhóis aquele que nascesse na colônia.
Quando o Paraguai, por meio de um golpe de estado, se tornou independente da Espanha em 1811, ele se tornou o secretário da Junta formada para administrar o país e em 1813 foi eleito Presidente por três anos, e em 1816 foi colocado como presidente vitalício. Não mais foi reunido um parlamento para dividir o poder político. Francia se tornou uma figura notável por sua competência no processo histórico da independência dos países da América espanhola no século 19.
Os dois políticos da América espanhola tiveram ambos como objetivo a independência de seu país e a política da unidade de comando, sem a divisão do poder com uma assembléia que ameaça a governabilidade, não assegura a liberdade e é fonte da corrupção em todos os países do mundo.
Ele recusou a proposta de confederação com a Argentina e proclamou que “O PARAGUAI NÃO É PATRIMÔNIO DA ESPANHA, NEM PROVÍNCIA DA ARGENTINA”. E Francia defendeu esse princípio por toda sua vida. Na época ninguém no país tinha qualquer experiência política, em finanças ou em administração. O país era cercado de visinhos e grupos internos hostis, e enérgicas medidas eram necessárias para salvar o Paraguai da imediata desintegração.
Francia, com a unidade de comando no governo político, evitou as constantes guerras civis ocorridas nas outras repúblicas então libertadas da Espanha. Ele assentou as bases de uma sociedade diferente, sem latifúndios nem chefes locais, com forte presença do Estado em empresas, fazendas e serviços. Conseguiu o inesperado progresso que ocorreu no país durante quase 30 anos sob o vigilante controle do benévolo Presidente perpétuo do Paraguai. O desenvolvimento obtido sem a nociva alternância do poder. Assim Francia chegou a ser venerado pelo povo camponês na legendária Província Gigante das Índias Ocidentais, na América, como era conhecido o Paraguai. Em 1819 um complot foi montado pelos ricos do país para assassinar Francia. Descoberto, quarenta participantes foram executados, o que foi chamado de terror do governo de Francia por seus muitos adversários.
Governando a antiga colônia dos jesuítas e não sendo ele religioso, ele foi o único dos governantes da América do Sul que teve a coragem de se opor ao clero católico. Ele acabou com o dízimo pago aos padres pelo tesouro uruguaio e confiscou os bens da Igreja Católica. Francia ensinou aos paraguaios a semear duas vezes por ano e a colher duas safras por ano. A indústria o comércio foram incentivados pelo governo e foi estabelecido o controle do comércio exterior. A altiva República independente foi consolidada por seus sucessores, que construíram o primeiro alto-forno para ferro na América do Sul e a primeira estrada de ferro do continente.
Francia morreu em 1840, sob o lamento geral de seu povo. Ele foi honesto até ao escrúpulo exagerado; era inflexível em suas decisões, sem piedade quando era necessário por seu devotamento à jovem república. Ele foi descrito como moreno, de olhos negros penetrantes, com longa cabeleira até os ombros, com um ar de dignidade e de elevação que atraía a atenção de todos. Sua expressão era severa e inflexível, fazendo contraste com o efeito cativante de sua agradável conversação.
Ao grande político paraguaio é dedicado hoje o Museu de Francia na cidade de seu nascimento, Yaguarón.

AMANHÃ: Na revolução inglesa defendeu a moralidade e a liberdade de consciência: Oliver Cromwell.

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