04 DE AGOSTO. TASSO: a
criação lírica e feliz no poema da tomada de Jerusalem
TASSO
Torquato Tasso
(nasceu em 1544, em
Sorriento, Nápoles; morreu em 1595 em Roma)
GRANDE POETA DA
RENASCENÇA NA ITÁLIA, AUTOR DE GERUSALEMME LIBERATA
ESTÉTICA
as artes da linguagem, da afeição e da expressão
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da inteligência e da
atividade
A Idade Média promoveu a liberdade do povo trabalhador, com a
indústria e o comércio livre, com a sistematização do sistema capitalista de
liberdade civil. A civilização moderna, após o fim da civilização medieval,
com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade
na atividade humana. A secularização fez a saída do ensino e das artes de
dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se
libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a
Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em
fase de transição, em tempos de revolução sem a unanimidade cristã da Idade
Média. É a passagem de uma civilização
medieval da guerra de defesa para uma civilização pacífica científica e
industrial.
Triunfos esplendidos foram
conseguidos pelo gênio artístico aos poucos se afastando da religião, apesar do
clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de
produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações
artísticas.
Nesta terceira semana o tipo
destacado como chefe de semana é Tasso. Ele tem seu dia no domingo, último dia
da semana. Aqui é relembrada a criação da poesia do espírito cavalheiresco
medieval, à idealização das virtudes da cavalaria e aos romances de aventura.
Ver em 0715 01 B O QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA,
com todos os grandes tipos humanos do mês.
TASSO nasceu de família nobre, desde os anos 1200 fixada em Bérgamo. Ele
descendia em linha direta do chefe do ramo mais antigo. Seu pai era Bernardo Tasso,
um poeta destacado, soldado, nobre e diplomata, tendo sido secretário do
príncipe de Salerno, servindo em várias embaixadas e em diferentes cortes
reais. Sua mãe era Porzia de Rossi, de família nobre de Pistoia. O poeta nasceu
no ano de 1544, em Sorriento, num palácio situado junto ao golfo de Nápoles.
Tasso foi um infante de precocidade extraordinária, uma juventude
de viagens e uma educação variada como estudante de direito em Pádua e em Bolonha. Tornou-se
um nobre e um poeta da corte, como era usual na época, para os jovens bem
nascidos e de boa cultura.
Tasso tinha só 18 anos quando foi publicado RINALDO, que provocou
logo a admiração geral por suas qualidades de poeta. Com a idade de 21 anos o
jovem gênio foi recebido pela corte de Ferrara, onde o duque Alphonse e suas
duas irmãs Lucrécia e Leonor d’Este acolheram com bondade o belo, gracioso e
cavalheiresco jovem. Durante vários anos ele viveu na intimidade das duas belas
princesas. Publicou aos 29 anos a poesia lírica e terna de AMINTE. A seguir
terminou sua grande obra-prima, o poema JERUSALÉM LIBERTADA, aos 31 anos, em
1575. Embora completada, Jerusalém só foi publicada seis anos mais tarde.
No épico poema, Tasso faz a narrativa da ação do exército cristão
conduzido por Godofredo de Bouillon, durante os últimos meses da Primeira
Cruzada, que culminou com a conquista de Jerusalém e com a batalha de Ascalon.
Ao principal tema histórico Tasso somou um número de episódios imaginários em
que sua criação lírica e prazerosa teve livre expressão.
O mais destacado desses episódios é a história do herói italiano
Rinaldo, incluindo sua rebelião, seu amor pela jovem sarracena Armida e seu
arrependimento, com a participação na batalha final da Cruzada.
Tasso também incluiu a história do herói italiano Tancredo e o seu
amor pela bela sarracena Clorinda, a quem Tancredo, sem saber, mata em
inocência durante a batalha. Conta também a paixão secreta de Ermínia, princesa
de Antióquia por Tancredo e a intervenção das forças sobrenaturais em favor de
Aladino, o rei de Jerusalém.
Na composição de sua obra-prima, Tasso tentou estabelecer um
equilíbrio entre as aspirações morais de seu tempo e sua própria inspiração
sensual. Também tentou equilibrar as normas formais estabelecidas para a poesia
épica pela tradição da Renascença e o impulso de sua própria fantasia.
O êxito de Tasso se deve ao reconciliar a sua invenção com a
verdade histórica pela colocação dos casos românticos e idílicos no fundo firme
da principal ação histórica. Os episódios colocados no poema é que produzem o
encanto que a obra possui.
Tasso ficou preocupado com a liberdade poética que tomou no poema,
em razão da violenta censura da contra-reforma. Achou por bem procurar em Roma
a leitura da obra por um grupo de críticos. Ele voltou para Ferrara para revisar
sua obra. Mas acabou vítima da preocupação em escolher entre aceitar a crítica
que havia recebido e a rebeldia que sentia contra a autoridade dos críticos.
Tornou-se acometido de certa insanidade mental, que o deixava triste, sensível
e receoso. Tornou-se moroso, irritável, sofrendo de alucinações. Passou a
levantar conflitos literários e pessoais que o tornaram intolerável mesmo para
seus melhores amigos. Uma crise mais violenta obrigou ao duque de Ferrara, seu
protetor, a colocá-lo num hospital de alienados de Santa Anna, onde ficou por
sete anos, de 1579 a
1586.
Em julho de 1586, foi dispensado do hospital, graças à intervenção
do príncipe de Mantua. Depois Tasso compôs uma tragédia poética, Torrismondo,
em 1586. Em 1593 foi publicada a revisão de sua Jerusalém, obedecendo ao
julgamento de seus críticos. O resultado não foi bem aceito pelo público.
Em 1594 foram feitos planos para fazer a coroação de Tasso em
Roma, pelo papa, como poeta laureado. Mas Tasso morreu em 1595, antes que fosse
realizada sua coroação.
Tasso sofreu com a repressão feita pela Igreja Católica no
movimento da contra-reforma. Os anos que se seguiram a 1550 viram uma onda de
religiosidade obrigatória e de submissão à autoridade que suprimiu a franca
alegria e exploração da vida dos humanistas e seus sucessores.
Apesar do clima de opressão violenta, Torquato Tasso conseguiu
produzir sua notável obra-prima, GERUSALEMME LIBERATA, um belo tratamento da
Primeira Cruzada.
Tasso é, para sempre, o grande e genial poeta da renascença na Itália.
AMANHÃ: O primeiro poeta moderno com novo
soneto: PETRARCA.
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