03 DE AGOSTO. Manzoni:
a religião como conforto e inspiração de elevada moral
MANZONI
Manzoni, Alessandro Francesco Tommaso Antonio
(nasceu em 1785, em
Milão, morreu em 1873, em Milão)
FUNDADOR DO
ROMANCE DA CAVALARIA MEDIEVAL NA ITÁLIA MODERNA
ESTÉTICA
as artes da linguagem, da afeição e da expressão
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da inteligência e da
atividade
A Idade Média promoveu a liberdade do povo trabalhador, com a
indústria e o comércio livre, com a sistematização do sistema capitalista de
liberdade civil. A civilização moderna, após o fim da civilização medieval,
com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade
na atividade humana. A secularização fez a saída do ensino e das artes de
dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se
libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a
Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em
fase de transição, em tempos de revolução sem a unanimidade cristã da Idade
Média. É a passagem de uma civilização
medieval da guerra de defesa para uma civilização pacífica científica e
industrial.
Triunfos esplendidos foram
conseguidos pelo gênio artístico aos poucos se afastando da religião, apesar do
clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de
produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações
artísticas.
Nesta terceira semana o tipo
destacado como chefe de semana é Tasso. Ele tem seu dia no domingo, último dia
da semana. Aqui é relembrada a criação da poesia do espírito cavalheiresco
medieval, à idealização das virtudes da cavalaria e aos romances de aventura.
Ver em 0715 01 B O QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA,
com todos os grandes tipos humanos do mês.
MANZONI nasceu em família nobre de Lecco, junto ao lago de Côme,
na Itália. Sua mãe era filha do marquês de Beccaria, importante jurista
italiano.
Alexandre Manzoni nasceu em Milão, em 1785. Com a idade de 20 anos
foi a Paris e foi admitido ao grupo de ideólogos revolucionários da corrente de
Voltaire. Depois de um casamento feliz e dos conselhos de seus amigos foi
convencido a se consagrar à defesa do catolicismo. Nessa época escreveu os
HINOS, suas TRAGÉDIAS e seus ENSAIOS.
Mas o grande interesse da vida de Manzoni se concentrou na sua
obra-prima OS NOIVOS, publicados depois de um longo exame e uma revisão
prolongada de 1825 até 1827. É um romance histórico em que a cena é colocada no
país natal do poeta, nas vizinhanças de Côme e de Milão, durante a dominação
espanhola, cerca do ano 1630. Era o período da revolução de Milão, da GUERRA
DOS TRINTA ANOS e da peste.
I PROMESSI SPOSI, publicado em três volumes, conta o simpático
quadro da luta de dois camponeses enamorados cujo desejo de se casarem é
proibido por um violento tirano do lugar, aliado à covardia do padre da
paróquia. Um frade corajoso assume a causa dos noivos e ajuda o casal, depois
de muitas aventuras, chegarem à segurança e ao casamento. Manzoni deixa
transparecer uma tolerância resignada para com os males da vida. Sua concepção
de religião como o melhor conforto e inspiração para a humanidade dá à novela a
sua elevação moral. Um agradável encaminhamento de humor contribui muito para
que o livro agrade o leitor.
OS NOIVOS foi uma obra aclamada na Itália e na Europa e
permaneceu, mesmo depois, sem rival como um romance em prosa da Itália moderna.
Walter Scott, com seu generoso entusiasmo, declarou que a obra é a mais bela
que já foi escrita.
A vida doméstica de Manzoni foi feliz, sem problemas, mas
continuamente ameaçada por perdas, já que ele viu morrer suas duas esposas e
sete dos seus nove filhos. Ele morreu em 1873, com a idade de 88 anos.
A obra-prima de Manzoni mostra grandes qualidades, muito
apreciadas. Contém uma paciente elaboração do tema, o contraste pleno da arte
da luz e da sombra, a delicadeza bem feita na apresentação dos personagens e a
preciosa beleza da linguagem são mais de um poema do que de uma novela. É assim
que OS NOIVOS desenvolvem uma bela complicação dramática e demonstra ter sido
elaborado com um longo, trabalhoso cuidado sem igual.
Manzoni procurou mostrar menos os fatos históricos, menos a
rapidez dos acontecimentos sucessivos, menos o elemento heróico, épico, e muito
mais o elemento dramático. O que se sente são as nuances, as suaves mudanças
das personalidades, escolhidas com delicadeza.
Ele mostra com viva simpatia os deveres espirituais da influência
moral do padre católico na sua relação com os homens e com as mulheres da
classe trabalhadora, do povo. Manzoni não tem igual na expressão do sentimento
pessoal íntimo, revestido de uma forma idealizada, bela.
Manzoni apresenta o tipo de arte dos tempos modernos, a era que se
segue após a Idade Média. Ele mostra a ligação histórica da vida particular com
a vida pública. E ele faz a representação da civilização católica com a mais
atraente forma. É assim que OS NOIVOS é um verdadeiro ornamento da arte poética.
Na obra de Pierre Corneille vemos uma série de dramas descrevendo
a história de Roma. Manzoni e Walter Scott fizeram, também, a descrição
idealizada da civilização da Idade Média. E deve-se notar que os novos
formadores de opinião já não são membros do corpo sacerdotal da cristandade,
mas são escritores laicos.
Estamos rememorando, dessa forma, a evolução gradual da sociedade
humana ao sair da forma civilisatória medieval, do feudalismo e da sua religião
para entrar numa longa fase de mudança revolucionária. A população se acha,
agora, sob a orientação laica, irreligiosa, de novos conselheiros, de novos
formadores de opinião, de outros nomes, de novos mestres.
É assim que podemos entender em que ponto estamos da longa
evolução da sociedade. E podemos saber de onde estamos vindo e para onde
estamos caminhando.
AMANHÃ: O grande e genial poeta da Renascença na Itália: TASSO
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