sexta-feira, 29 de novembro de 2013

1201 C FRANCIA independência nacional unidade de comando liberdade e progresso

01 DE DEZEMBRO. JOSÉ DE FRANCIA: bem do povo sem a nociva alternância do poder

FRANCIA
José Gaspar Rodríguez de Francia y Velasco
(nasceu em 1766, em Yaguarón, Rio de la Plata; morreu em 1840, em Asunción, Paraguai)

NOTÁVEL ESTADISTA PARAGUAIO DA INDEPENDÊNCIA E DO PROGRESSO DO PAÍS.

GOVERNO POLÍTICO NA MODERNIDADE
No mês da Política Moderna são colocados os maiores nomes representativos dos séculos em que o progresso da sociedade européia realizou duas funções:
1  o fim da organização militar medieval para a guerra de defesa e dos antigos privilégios, costumes e crenças;
2  a preparação da nova civilização científica e pacífica necessária para a atividade industrial e comercial, de paz e de ordem mantida pelos diversos governos.
A ação de mudança da política medieval para a política moderna realizou a limitação ou extinção do poder e dos privilégios da nobreza, dos militares e das autoridades religiosas e a manutenção de exércitos permanentes assalariados pelo governo político. Nos regimes guerreiros de Roma, de guerra de conquista, como da Idade Média, de guerra de defesa, os militares eram governo, como imperadores ou barões feudais.
O governo concentrado na monarquia gradualmente substituiu o governo descentralizado dos barões. Ele constituiu o único elemento que ficou de pé do antigo regime medieval católico-feudal no fim dos anos 1400, século XV. A luta entre as autoridades centrais e as locais já tinham terminado e o governo político não era mais ameaçado por nenhum outro poder rival. Os governos passaram a governar sem a unanimidade cultural da Idade Média, como se fossem ditadores, sob diversas formas. Nas biografias de Luiz XI e de Cromwell podem-se ver dois modos de governo.
Nessa fase histórica a política tinha por objetivo manter a ordem da nação e permitir o livre progresso intelectual e industrial. São os estadistas da nova civilização. A política anterior tinha como referência a lei dos deuses, em normas políticas dadas pelo conhecimento das divindades e passa gradualmente a ter como referência o bem da pátria e da sociedade humana.
Estabeleceram o governo central monárquico com o necessário comando único reunindo no rei os antigos poderes regionais dos barões do feudalismo. Com o enfraquecimento dos costumes antigos os reis tenderam a tirar do papa muitas das funções religiosas, tais como a diplomacia e a manutenção da paz.
Nesta quarta semana são consagrados os estadistas dos anos 1600 e 1700, séculos 17 e 18, que participaram de revoluções anteriores à Revolução Francesa. Foram movimentos de soberania popular e de igualdade que levaram políticos a demonstrar a tendência para o regime político republicano, do bem público, para o povo todo. Esses estadistas seriam naturalmente conservadores ardentes, mas foram envolvidos pela força revolucionária política decorrente das novas doutrinas filosóficas libertadoras dos enciclopedistas seculares, emancipados da filosofia medieval.  Foram revoluções pela república, pela libertação de países dominados pelo estrangeiro ou pela independência de colônias em outros continentes.

Ver em 1105 C  em 05 de novembro o QUADRO DO MÊS DE FREDERICO A POLÍTICA MODERNA, com os grandes nomes representativos do mês na evolução social da política.

FRANCIA (1766-1840) nasceu em Yaguarón, no Paraguai, em 1766. Seu pai, Garcia Rodrigez Francia, era um brasileiro de São Paulo, especialista na plantação de tabaco, contratado pelo governo paraguaio.
Ele estudou teologia no Colégio de Monserrat na Universidade de Córdoba em Tucuman, na Argentina. Formou-se doutor em teologia, e, preparado para o sacerdócio católico, não quis ser padre. Tornou-se professor de uma cobiçada cadeira de teologia no Seminário de San Carlos em Asunción em 1790. Mais tarde, estudou Direito, praticando a advocacia em Assunção, com que conseguiu uma grande reputação de habilidade e de integridade. Foi indicado para vários cargos importantes no Paraguai.
Francia era um devotado admirador do Iluminismo e da Revolução Francesa, estudando com atenção os pensadores franceses enciclopedistas. Ele tinha a maior biblioteca da cidade de Asunción. Com grande dificuldade, ele chegou a ser alcalde chefe do cabildo, a assembléia de Assunção, que era o mais alto cargo que poderia ser ocupado por um criolo como era chamado pelos espanhóis aquele que nascesse na colônia.
Quando o Paraguai, por meio de um golpe de estado, se tornou independente da Espanha em 1811, ele se tornou o secretário da Junta formada para administrar o país e em 1813 foi eleito Presidente por três anos, e em 1816 foi colocado como presidente vitalício. Não mais foi reunido um parlamento para dividir o poder político, assegurando assim a necessária unidade de comando no governo do Paraguai. Francia se tornou uma figura notável por sua competência no processo histórico da independência dos países da América espanhola no século 19.
Os dois políticos da América espanhola tiveram ambos como objetivo a independência de seu país e a política da unidade de comando, sem a divisão do poder com uma assembléia que perturba ou impede a ação do governo, ameaçando o país com a anarquia. É o que se chama de impedir a governabilidade. Dessa forma não assegura a liberdade e é fonte permanente de corrupção em todos os países do mundo. Os governantes não se tornam verdadeiros estadistas, tornando-se meros políticos populistas impotentes.
Ele recusou a proposta de confederação com a Argentina e proclamou que “O PARAGUAI NÃO É PATRIMÔNIO DA ESPANHA, NEM PROVÍNCIA DA ARGENTINA”. E Francia defendeu esse princípio por toda sua vida. Na época ninguém no país tinha qualquer experiência política, em finanças ou em administração. O país era cercado de visinhos e grupos internos hostis, e enérgicas medidas eram necessárias para salvar o Paraguai da imediata desintegração.
Francia, com a unidade de comando no governo político, evitou as constantes guerras civis ocorridas nas outras repúblicas então libertadas da Espanha. Ele assentou as bases de uma sociedade diferente, sem latifúndios nem chefes locais, com forte presença do Estado em empresas, fazendas e serviços. Conseguiu o inesperado progresso que ocorreu no país durante quase 30 anos sob o vigilante controle do benévolo Presidente perpétuo do Paraguai. O desenvolvimento obtido sem a nociva alternância do poder. Assim Francia chegou a ser venerado pelo povo camponês na legendária Província Gigante das Índias Ocidentais, na América, como era conhecido o Paraguai. Em 1819 um complot foi montado pelos ricos do país para assassinar Francia. Descoberto, quarenta participantes foram executados, o que foi chamado de terror do governo de Francia por seus muitos adversários.
Governando a antiga colônia dos jesuítas e não sendo ele religioso, ele foi o único dos governantes da América do Sul que teve a coragem de se opor ao clero católico. Ele acabou com o dízimo pago aos padres pelo tesouro uruguaio e confiscou os bens da Igreja Católica. Francia ensinou aos paraguaios a semear duas vezes por ano e a colher duas safras por ano. A indústria o comércio foram incentivados pelo governo e foi estabelecido o controle do comércio exterior. A altiva República independente foi consolidada por seus sucessores, que construíram o primeiro alto-forno para produção de aço na América do Sul e a primeira estrada de ferro do continente.
Francia morreu em 1840, sob o lamento geral de seu povo. Ele foi honesto até ao escrúpulo exagerado; era inflexível em suas decisões, sem piedade quando era necessário por seu devotamento à jovem república. Ele foi descrito como moreno, de olhos negros penetrantes, com longa cabeleira até os ombros, com um ar de dignidade e de elevação que atraía a atenção de todos. Sua expressão era severa e inflexível, fazendo contraste com o efeito cativante de sua agradável conversação.
Ao grande político paraguaio é dedicado hoje o Museu de Francia na cidade de seu nascimento, Yaguarón.

AMANHÃ. Oliver Cromwell:a república na Inglaterra para moralidade e liberdade.


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