07 DE NOVEMBRO.
Philippe de Comines: memórias da política como texto de alto valor
PHILIPPPE DE COMINES
Philip de Commines, Commynes, Senhor d’Argenton
(nasceu em 1447, em
Commynes, Flandres, Bélgica; morreu em 1511, em Argenton, França)
NOBRE, ESTADISTA
E HISTORIADOR FRANCÊS
No mês
da Política Moderna são colocados os maiores nomes representativos dos séculos
em que o progresso da sociedade européia realizou duas funções:
1 o fim de sua organização militar medieval
para a guerra de defesa e dos antigos privilégios, costumes e crenças;
2 a preparação da nova civilização científica e
pacífica necessária para a atividade industrial e comercial, de paz e de ordem mantida
pelos diversos governos.
A ação
de mudança da política medieval para a política moderna realizou a limitação ou
extinção do poder e dos privilégios da nobreza, dos militares e das autoridades
religiosas e a manutenção de exércitos permanentes assalariados pelo governo
político. Nos regimes guerreiros de Roma, de guerra de conquista, como da Idade
Média, de guerra de defesa, os militares eram governo, como imperadores ou
barões feudais.
O
governo concentrado na monarquia gradualmente substituiu o governo descentralizado
dos barões. Ele constituiu o único elemento que ficou de pé do antigo regime
medieval católico-feudal no fim dos anos 1400, século XV. A luta entre as
autoridades centrais e as locais já tinham terminado e o governo político não
era mais ameaçado por nenhum outro poder rival. Os governos passaram a governar
sem a unanimidade cultural da Idade Média, como se fossem ditadores, sob
diversas formas. Nas biografias de Luiz XI e de Cromwell podem-se ver dois
modos de governo.
Nessa
fase histórica a política tinha por objetivo manter a ordem da nação e permitir
o livre progresso intelectual e industrial. São os estadistas da nova
civilização. A política anterior tinha como referência a lei dos deuses, em
normas políticas dadas pelo conhecimento das divindades e passa gradualmente a
ter como referência o bem da pátria e da sociedade humana.
Estabeleceram
o governo central monárquico com o necessário comando único reunindo no rei os
antigos poderes regionais dos barões do feudalismo. Com o enfraquecimento dos
costumes antigos os reis tenderam a tirar do papa muitas das funções
religiosas, tais como a diplomacia e a manutenção da paz.
Nesta primeira semana
do mês da Política Moderna estão lembrados a partir da rainha Maria de Molina
de Castela os estadistas italianos, espanhóis e franceses dos anos 1300, 1400 e
1500. Estabeleceram o governo central monárquico concentrado reunindo no rei os
antigos dispersos poderes regionais dos barões do feudalismo. É a necessária
unidade de comando no governo de um país. O rei Luis XI da França é o
chefe da semana no domingo que a encerra.
Ver em
1105 01 C em 05 de novembro o QUADRO DO
MÊS DE FREDERICO A POLÍTICA MODERNA, com os grandes nomes representativos da
evolução social política do mês.
PHILIPPE DE COMINES (1447-1511) nasceu numa família nobre do
distrito de Ypres, em Flandres ocidental e, portanto, sujeito ao governo de
Charles o Temerário, duque da Borgonha.
Comines entrou para o serviço de Charles com a idade de 19 anos.
Em 1472 ele deixou o serviço do duque de Borgonha para trabalhar com o rei Luís
XI, rei da França. Tornou-se então, para o soberano, um homem capaz e digno de
confiança, sendo bem recompensado. Comines, por seu lado, não poderia ter nem
afeição nem respeito pelo duque Charles, um nobre feudal impetuoso, ávido de
glória.
Comines tornou-se logo e por toda a vida, o mais fiel agente do
rei Luís XI, que o empregava em missões diplomáticas. Com a morte do rei, ficou
na oposição com a regência do reino e ficou preso numa jaula de ferro e
condenado a pagar a multa de um quarto de sua fortuna.
Alguns anos depois, ainda recorrendo à sua grande habilidade e a
sua experiência, acompanhou o rei Charles VIII da França em conflito na Itália
e combateu a seu lado na jornada de Fornoue em 1493.
Em 1498 ele afastou-se da corte real, indo depois para Argenton,
onde ele morreu em 1511.
Depois de seu retorno da Itália ele escreveu suas famosas MEMÓRIAS, Mémoires sur les règnes de Louis
XI et de Charles VIII, publicadas em 1523.
Elas constituem o monumento mais precioso que temos para o conhecimento dos
reinados de Luís XI e de Charles VIII.
Esse texto encontra-se em muitas edições e
traduzido para várias línguas, sendo uma obra do mais alto padrão histórico e
literário. É um livro que
deverá ser lido hoje e sempre. Seu estilo literário é apreciado, mas seu maior
valor é ser uma obra política de um homem prático, um estadista. Ele estava ao
corrente dos acontecimentos de seu tempo, conhecendo bem os homens que neles
tomavam parte e tudo julgando com reflexão e sem paixão.
Para os leitores modernos, o tom dessa obra pode parecer cheio de
cinismo. Deve-se lembrar que Comines era um de seu tempo e esse tempo era o de
Luís XI, de Fernando de Aragão, de Henrique VII e de Maquiavel. Uma era em que
o completo divórcio entre a moral e a política tornava a hipocrisia inútil.
No texto de Comines nada de sentimental nem de entusiasmo é
encontrado. A prudência e a firmeza são, para ele, sinônimos de virtude. A
paixão, a fraqueza e a loucura não lhe inspiram nem piedade nem desgosto. Ele
aprova a justiça, a boa fé e a moderação já que elas conduzem a um governo
feliz e bom para o povo.
O interesse de Estado torna legítimos os meios postos em uso, quaisquer
que sejam. Ele crê que Deus recompensa e pune, mas a religião não é para ele um
princípio de ação política. Seus motivos, como seus projetos, são estritamente
humanos.
O julgamento do caráter e das ações do rei Luís XI da França é
feito nas MEMÓRIAS com uma perfeita
imparcialidade e muito discernimento. Ele é o rei que se aproxima de seu ideal
do príncipe sábio e bom chefe de Estado, mais do que qualquer outro político.
Comines tem por ele um grande respeito e admiração.
O fato de ter sido ele o único que manifestou esse sentimento para
com o grande rei, nos faz pensar que essa é a medida da própria superioridade
de Comines.
AMANHÃ: Deu a Colombo os meios para a descoberta de América:
rainha Isabel de Castela.
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