02 DE NOVEMBRO. De
Maistre: a importância do passado para a Sociologia científica
DE MAISTRE
Conde Joseph Marie De Maistre
(nasceu em 1753, em
Chambéry, Savoie, na França; morreu em 1821, em Turim, então Sardenha, Itália)
FILÓSOFO MORALISTA
CONSERVADOR E POLÍTICO FRANCÊS
A EVOLUÇÃO DO
PENSAMENTO
A grande revolução do
pensamento humano ocorreu com o fim da Idade Média, com a queda do papado, da
religião e do feudalismo.
É quando os homens se libertam do poder do homem sobre o homem em
nome de poderes por vezes injustos e misteriosos.
O movimento
intelectual na Europa do ocidente nos anos 1300, século XIV até os anos 1700,
século XVIII passou a ter duas correntes. Um movimento foi de destruição da
filosofia medieval antiga e o outro movimento foi de preparação da nova
filosofia humanista científica, positiva, clara e distinta. Homens como Kepler
e Galileu, Descartes e Francis Bacon construiam uma nova filosofia. A revolta começada
por Descartes conduziu finalmente, contra as doutrinas antigas, a assaltos
ainda mais poderosos do que os feitos pelos reformadores protestantes.
Descartes é o
representante mais completo do movimento duplo de composição e decomposição.
Começou a grande revolução matemática que permitiu a Newton interpretar o
sistema solar. Abriu-se o caminho para a operação destrutiva do século XVIII
que afinal levou à Revolução Francesa contra a política antiga de privilégios.
Hobbes e Espinosa continuaram o movimento de demolição. A teodicéia de Leibnitz
era ainda mais perigosa. Locke renunciou francamente ao conhecimento do
absoluto divino. Hume e Diderot demonstraram sua impossibilidade. Kant
completou a operação. Eles foram todos tanto construtores como destruidores.
A quarta semana está sob a presidência de Hume, que, na discussão
da natureza humana e da vida social, industrial e religiosa coloca as bases da
moderna Sociologia teórica abstrata. Aqui estão historiadores filosóficos como
Robertson e Gibbon; Condorcet com a teoria positiva da História; de Maistre que
fez a primeira apreciação do sistema da Idade Média sob o ponto de vista humano
e os três principais representantes do pensamento alemão moderno com Kant,
Fichte e Hegel.
Ver em 1008 01 C em 08 de outubro o QUADRO DO MÊS DE DESCARTES
A FILOSOFIA MODERNA, com os grandes nomes representativos da evolução social do
mês
DE MAISTRE (1754-1821) nasceu em Chambéry. Seu pai, presidente do
Senado da Savoia, tinha um caráter enérgico e era profundamente respeitado. Seu
filho, o mais velho dos 10 filhos, passou por todos os graus da magistratura e
tornou-se senador ainda quando seu pai era o presidente do Senado.
De Maistre sentia grande veneração por seus pais. Quando estudava
em Turin, ele não lia um livro sem, antes, obter o seu consentimento. Em
política, ele era suspeito de tendência pelo liberalismo, mas quando os
republicanos da França invadiram a Savoia em 1793, ele se opôs corajosamente às
suas ordens.
Depois de ocupar posições oficiais elevadas na Sardenha, ele foi
enviado em 1802 para São Peterburgo na Rússia, como embaixador extraordinário.
Lá ele viveu por 15 anos e foi onde escreveu a maior parte de suas obras.
Com a queda de Napoleão, ele deixou a Rússia indo para Turim. Seu
grande tratado Du Pape foi publicado
ali, em 1817. Foi em Turim que De Maistre morreu em 1821.
De Maistre em suas cartas e em suas memórias, durante a Revolução
Francesa e o Império de Napoleão, são cheias de textos e observações sábias.
Embora um completo conservador, tinha grande repulsa contra a fúria cega dos
reacionários. Seu desejo era de que a França fosse contida, mas não aniquilada.
Ele afirmava que, em
política e em física, só havia um
método seguro: o método experimental. O que o levou a prever com acerto a
queda de Napoleão. Nunca mudou de opinião.
A filosofia política de De Maistre se encontra em sua obra Du Pape. Esse texto teve grande
influência sobre o pensamento e sobre as pesquisas históricas e sociológicas. Ele conseguiu completar a filosofia
histórica de Condorcet. Foi uma apreciação bem feita da Idade Média, que,
para Condorcet, não passava de um tempo bárbaro de obscurantismo. De Maistre
mostrou como são as condições
permanentes da organização política. E ele empregava sempre o método
científico positivo para a pesquisa histórica. Por exemplo, na sua defesa do
papado, ele se baseia inteiramente em justificações humanas, não sobrenaturais,
não religiosas.
O tratado Du Pape é
composto de 4 livros: no primeiro trata do papa em suas relações com a Igreja
Católica, discute a questão da infalibilidade papal, que considera como uma
condição necessária para o governo da Igreja. Ele mostra que o papa deve ter
uma decisão final qualquer e sem apelo. E essa decisão é o papa que deve dar, e não os concílios. Os parlamentos e assembléias são comprovadamente imprevisíveis e irresponsáveis.
No segundo livro ele se ocupa das relações do papado com o poder
temporal. O papa deve amenizar o rigor dos reis, manter a moralidade pública e
a santidade do casamento. Ele se refere à famosa bula do papa Alexandre VI que
regulou o conflito entre a Espanha e Portugal na posse das terras então
descobertas da América do Sul. Foi quando o papa dividiu a posse pelo meridiano
do tratado de Tordesilhas, a Espanha ficando com as terras a oeste e Portugal
com as terras a leste do meridiano.
No terceiro livro De Maistre mostra a influência do papa sobre a
civilização. No quarto, discute a relação com as igrejas separadas.
A teoria de De Maistre
sobre o governo político e sobre a necessidade da unidade de comando, são
de grande importância para a aplicação de uma ciência política moderna.
Além de tudo, De Maistre prova que o passado da sociedade só pode
ser bem conhecido se for estudado com muito respeito. Caso contrário as
importantes lições do passado serão perdidas para a formação de uma sociologia
científica e para guiar um governo de justiça, de progresso e de proteção dos
trabalhadores.
O passado só pode ser entendido se for sempre respeitado.
AMANHÃ: George Hegel. O governo do mundo pelo conhecimento
afirmando que o espírito governa o mundo:
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