DEZEMBRO 01. OLIVER
CROMWELL: república, moralidade e liberdade de consciência
CROMWELL
Oliver Cromwell
(nasceu em 1599, em
Huntingdonshire, Inglaterra; morreu em 1658, em Londres)
ESTADISTA E
GENERAL INGLÊS REVOLUCIONÁRIO REPUBLICANO
GOVERNO POLÍTICO NA MODERNIDADE
No mês
da Política Moderna são colocados os maiores nomes representativos dos séculos
em que o progresso da sociedade européia realizou duas funções:
1 o fim da organização militar medieval para a
guerra de defesa e dos antigos privilégios, costumes e crenças;
2 a preparação da nova civilização científica e
pacífica necessária para a atividade industrial e comercial, de paz e de ordem mantida
pelos diversos governos.
A ação
de mudança da política medieval para a política moderna realizou a limitação ou
extinção do poder e dos privilégios da nobreza, dos militares e das autoridades
religiosas e a manutenção de exércitos permanentes assalariados pelo governo político.
Nos regimes guerreiros de Roma, de guerra de conquista, como da Idade Média, de
guerra de defesa, os militares eram governo, como imperadores ou barões
feudais.
O
governo concentrado na monarquia gradualmente substituiu o governo
descentralizado dos barões. Ele constituiu o único elemento que ficou de pé do
antigo regime medieval católico-feudal no fim dos anos 1400, século XV. A luta
entre as autoridades centrais e as locais já tinham terminado e o governo
político não era mais ameaçado por nenhum outro poder rival. Os governos
passaram a governar sem a unanimidade cultural da Idade Média, como se fossem
ditadores, sob diversas formas. Nas biografias de Luiz XI e de Cromwell
podem-se ver dois modos de governo.
Nessa
fase histórica a política tinha por objetivo manter a ordem da nação e permitir
o livre progresso intelectual e industrial. São os estadistas da nova
civilização. A política anterior tinha como referência a lei dos deuses, em
normas políticas dadas pelo conhecimento das divindades e passa gradualmente a
ter como referência o bem da pátria e da sociedade humana.
Estabeleceram
o governo central monárquico com o necessário comando único reunindo no rei os
antigos poderes regionais dos barões do feudalismo. Com o enfraquecimento dos
costumes antigos os reis tenderam a tirar do papa muitas das funções
religiosas, tais como a diplomacia e a manutenção da paz.
Nesta quarta semana
são consagrados os estadistas dos anos 1600 e 1700, séculos 17 e 18, que
participaram de revoluções anteriores à Revolução Francesa. Foram movimentos de
soberania popular e de igualdade que levaram políticos a demonstrar a tendência
para o regime político republicano, do bem público, para o povo todo. Esses
estadistas seriam naturalmente conservadores ardentes, mas foram envolvidos
pela força revolucionária política decorrente das novas doutrinas filosóficas
libertadoras dos enciclopedistas seculares, emancipados da filosofia medieval. Foram revoluções pela república, pela
libertação de países dominados pelo estrangeiro ou pela independência de
colônias em outros continentes.
Ver em
1104 01 B em 04 de novembro o QUADRO DO
MÊS DE FREDERICO A POLÍTICA MODERNA, com os grandes nomes representativos da
evolução social política do mês.
CROMWELL (1599-1658) nasceu em Huntingdon, na Inglaterra, em 1599. Era o
filho único de Robert Cromwell, que tinha sido membro do Parlamento, era
proprietário e juiz de paz. Cromwell estudou no Sussex College em Cambridge e
depois no Lincoln’s Inn em Londres.
Ele pertencia à aristocracia sem títulos. Participou no terceiro e
no quarto parlamento do rei Charles I. Notabilizou-se no Long Parlement, então
com a idade de 41 anos, em 1640. Cromwell fazia parte de uma rede de
descontentes com o governo de Charles I, que reinava com arbitrariedade e não
procurava reprimir os adeptos do catolicismo romano.
Charles I durante 11 anos governou sem convocar o Parlamento.
Quando teve que obter dinheiro para combater a rebelião na Escócia, o rei foi
forçado a fazer a convocação do Parlamento. Esse congresso foi chamado de Long
Parliament. A partir de novembro de 1741, Cromwell
propôs que o Parlamento fizesse uma “ordonnance” para que fosse formada uma
milícia do parlamento com cidadãos comuns, não nobres. Foi a primeira vez que
uma decisão parlamentar, sem aprovação do rei, proporia a preparação para a
guerra. A figura de Cromwell se destacou quando a luta começou e a atenção foi
chamada por sua energia e por suas vitórias militares.
Embora entrando tarde na carreira da guerra, Cromwell provou ter
todas as qualidades de um grande capitão: sua prudência, a capacidade de
previsão e de organização, a habilidade estratégica, do que fazer e a
habilidade tática, de como fazer, tudo junto a uma coragem que nada podia
abater.
A Primeira Guerra Civil começou em 1642, Cromwell tomando as armas
contra o rei junto com outros membros do Parlamento. No ano seguinte foi feito
coronel de um regimento de cavalaria, que ele conduziu a vitórias sucessivas.
Após muitos combates, ele tornou-se general de cavalaria e teve papel principal
na derrota do rei na Batalha de Naseby em 1645, que terminou a Primeira Guerra
Civil.
O rei Charles I em 1647 se negou a obedecer às ordens do
Parlamento e do exército e fugiu. Fez uma aliança com os escoceses para invadir
a Inglaterra, dando início à Segunda Guerra Civil. Cromwell reuniu novamente o
exército, vencendo dos escoceses na sangrenta Batalha de Preston em 1648. O rei
demonstrara não ser confiável, o que fez o Parlamento realizar o julgamento, a
condenação e a execução do rei por decapitação. Mais importante foi o golpe
dado na aristocracia e no clero pela abolição da HOUSE OF LORDS, a Câmara dos Lordes, que reunia os nobres com
títulos de privilégio e os bispos anglicanos.
Com a execução do rei, foi formada a Commonwealth of England, o
que tornou o país na República da Inglaterra, como diz Ian Roy, do King’s
College, da Universidade de Londres.
Oliver Cromwell representou bem a sua época na evolução da
sociedade, com o processo de realização do PRINCÍPIO DE IGUALDADE, o esforço de
rebaixamento político da aristocracia inglesa e do fim da monarquia. Ao mesmo tempo, ele defendeu a mais estrita
moralidade e a maior liberdade de consciência, com a valorização do cidadão
comum. Foi o mais avançado estadista que o protestantismo apresentou, embora sua
revolução tenha falhado por falta de preparação mental da direção. A morte o
surpreendeu prematuramente, em 1658, com 59 anos de idade.
A grande revolução inglesa é a segunda revolução protestante na
Europa, na evolução da sociedade depois do fim do feudalismo. A revolução da
Holanda foi a primeira, uma heróica luta para libertar o pequeno país do
retrógrado e poderoso domínio católico espanhol. Esses dois eventos
correspondem á aplicação dos dois princípios de destruição das instituições
medievais e católicas: a afirmação da soberania do povo e o lema da igualdade.
São esses preceitos conseqüências do espírito de crítica, que nos assegura a
moderna e sagrada liberdade de consciência, de opinião.
AMANHÃ: Início do mês da CIÊNCIA MODERNA, com Bichat e o dia de
Copérnico.
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