NOVEMBRO 24.
Richelieu:meus únicos inimigos são os inimigos da minha pátria
RICHELIEU
Armand-Jean du Plessis, Cardinal e Duque de
Richelieu, A Eminência Vermelha
(nasceu em 1585, em
Richelieu, Poitou, na França; morreu em 1642, em Paris)
ESTADISTA
FRANCÊS PARA A UNIDADE DE COMANDO DO REI E A GRANDEZA DO PAÍS
GOVERNO POLÍTICO NA MODERNIDADE
No mês
da Política Moderna são colocados os maiores nomes representativos dos séculos em
que o progresso da sociedade européia realizou duas funções:
1 o fim da organização militar medieval para a
guerra de defesa e dos antigos privilégios, costumes e crenças;
2 a preparação da nova civilização científica e
pacífica necessária para a atividade industrial e comercial, de paz e de ordem mantida
pelos diversos governos.
A ação
de mudança da política medieval para a política moderna realizou a limitação ou
extinção do poder e dos privilégios da nobreza, dos militares e das autoridades
religiosas e a manutenção de exércitos permanentes assalariados pelo governo
político. Nos regimes guerreiros de Roma, de guerra de conquista, como da Idade
Média, de guerra de defesa, os militares eram governo, como imperadores ou
barões feudais.
O
governo concentrado na monarquia gradualmente substituiu o governo
descentralizado dos barões. Ele constituiu o único elemento que ficou de pé do
antigo regime medieval católico-feudal no fim dos anos 1400, século XV. A luta
entre as autoridades centrais e as locais já tinham terminado e o governo
político não era mais ameaçado por nenhum outro poder rival. Os governos
passaram a governar sem a unanimidade cultural da Idade Média, como se fossem
ditadores, sob diversas formas. Nas biografias de Luiz XI e de Cromwell podem-se
ver dois modos de governo.
Nessa
fase histórica a política tinha por objetivo manter a ordem da nação e permitir
o livre progresso intelectual e industrial. São os estadistas da nova
civilização. A política anterior tinha como referência a lei dos deuses, em
normas políticas dadas pelo conhecimento das divindades e passa gradualmente a
ter como referência o bem da pátria e da sociedade humana.
Estabeleceram
o governo central monárquico com o necessário comando único reunindo no rei os
antigos poderes regionais dos barões do feudalismo. Com o enfraquecimento dos
costumes antigos os reis tenderam a tirar do papa muitas das funções
religiosas, tais como a diplomacia e a manutenção da paz.
Nesta terceira semana
estão organizadores e financistas como ministros de Estado que viveram no
século XVI, XVII e XVIII. São estadistas do governo pós-medieval. Impõem a
ordem, favorecem a indústria e desenvolvem os recursos naturais. Alguns se
tornaram conhecidos por suas guerras, mas não estão aqui por essa razão. O militarismo
de seus governos foi por vezes necessário. Para seu financiar seu custo
encorajaram a indústria como um meio de conseguir recursos para as despesas da
guerra. Richelieu dá o nome a esta terceira semana dos grandes ministros.
Ver em
1104 01 B em 04 de novembro o QUADRO DO
MÊS DE FREDERICO A POLÍTICA MODERNA, com os grandes nomes representativos da
evolução social política do mês.
RICHELIEU (1585-1642) nasceu em Paris e
foi educado na carreira militar. No entanto, para manter o Bispado de Luçon em
poder da família, ele entrou para o sacerdócio católico e com a idade de 22
anos foi ordenado como Bispo.
Como representante na Assembléia dos
Estados Gerais em 1614, ele iniciou sua carreira política da França e logo
ganhou o apoio da rainha-mãe, Maria de Médicis. Tornou-se secretário de Estado
em 1616. Em 1622 recebeu o chapéu de Cardeal e em 1624 foi posto como o
ministro-chefe do rei Luís XIII. Depois de 1630 o Cardeal Richelieu passou a
ser o virtual chefe político do governo da França.
Richelieu procurou realizar o casamento de Henriette Marie, irmã
do rei Luís XII com o Príncipe de Gales, que mais tarde foi Carlos I da
Inglaterra. Assim ele desejava manter relações de amizade com aquele país. Para
restaurar o prestígio da França na Europa e limitar o crescimento da força dos
católicos e reacionários reis de Habsburg, então no poder na Espanha e na
Áustria, Richelieu em seguida fez alianças com os inimigos dos Habsburgs na
Holanda e na Alemanha. Ele deu ajuda na invasão da Alemanha pelo chefe dos Luteranos,
o rei Gustavo II da Suécia. E colocou a França como um atuante aliado dos
Protestantes alemães, enviando tropas para lutar na Guerra dos Trinta Anos, que durou de 1618 a 1648.
Ao mesmo tempo em que apoiava os protestantes no estrangeiro,
Richelieu ao sentir que os protestantes huguenotes ameaçavam a unidade de
comando do rei, atacou La
Rochelle em 1628, vencendo os protestantes tanto militarmente
como politicamente, mas mantendo sua liberdade religiosa. A partir de então o
progresso pessoal de qualquer huguenote no serviço público nunca mais foi
impedido por causa de sua religião.
Richelieu fez com que o rei da França mantivesse o seu
necessário comando único, chamado de poder absoluto, por meio de
enérgicas medidas para acabar com o poder político das grandes famílias nobres
do país. Ou seja, ele terminou com o que restou do poder feudal de cada
região. Ele sufocou as revoltas da nobreza e puniu sem piedade aqueles que
nelas participavam. Cada governador nobre nas províncias tinha a seu lado um
intendente da classe média que fazia o comando de fato. Os castelos feudais
foram demolidos; os duelos, últimos vestígios do direito feudal de guerra
particular, foram proibidos. Os grandes senhores viram com estupefação dois de
seus membros serem julgados e decapitados por duelarem na Praça principal de
Paris.
Com a sabedoria política de Richeleieu o equilíbrio foi feito
entre os países da Europa. Os reis dos Habsburgs da Áustria e da Espanha não
mais perturbaram esse equilíbrio nem ameaçaram a liberdade de religião. A França
se tornou a mais forte potência militar da Europa, incentivando a exploração e
colonização no Canadá e nas Índias. Protetor das artes, ele foi o fundador da
Academia Francesa de Letras. Richelieu morreu em Paris em 1642.
Richelieu, da mesma forma como o rei Luís XI, foi sempre mal visto
pelos aristocratas, porque ele acabava com seus privilégios medievais. Ao mesmo
tempo, ele era hostilizado pelos parlamentares, já que ele estabeleceu a
unidade de comando político no rei da França, o que era considerado como o mal
do poder absoluto. Chegou mesmo a ser acusado de extrema crueldade. Portanto,
Richelieu não atuou politicamente para agradar a todos e para se fazer amar.
Ao morrer, o padre lhe perguntou se perdoaria os seus muitos
inimigos. Ele respondeu que “Eu jamais
tive outros inimigos do que aqueles que eram inimigos da França”.
O enorme abismo que existe na diferença entre a FILOSOFIA antiga e
o saber humano necessário para dirigir a política é mostrado no comentário do
papa Urbano VIII sobre a vida e os serviços políticos de Richelieu:
“SE EXISTE UM DEUS, ELE TERÁ
QUE RESPONDER PELOS SEUS ATOS, MAS SE NÃO EXISTIR DEUS, ELE FOI DE FATO UM
EXCELENTE HOMEM”.
O papa Urbano VIII e Richelieu estiveram, na verdade, no mesmo
caso.
AMANHÃ: Estadista corajoso grande mártir republicano na
Inglaterra: Sidney.
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