04 DE NOVEMBRO: FREDERICO
II somente o poder temporal; opiniões
libertadas
FREDERICO
Frederico II da
Prússia, Frederico o Grande, Friedrich Der Grosse, Frederick The
Great
(nasceu em 1712, em
Berlim; morreu em 1786, em Potsdam, Alemanha)
IMPERADOR UNIU A
ALEMANHA COM LIBERDADE E CULTURA SECULAR ILUMINISTA
No mês da Política
Moderna são colocados os maiores nomes representativos dos séculos em que o
progresso da sociedade européia realizou duas funções:
1
a destruição das antigas crenças medievais e de sua organização feudal
militar defensiva;
2
a preparação da nova civilização científica e pacífica com a
atividade industrial e comercial, a ordem e a paz mantida pelos diversos
governos.
A ação de mudança da
política medieval para a política moderna realizou a limitação ou extinção do
poder e dos privilégios da nobreza e das autoridades religiosas e a manutenção
de exércitos
permanentes assalariados pelo governo político. Nos regimes guerreiros
de Roma, de guerra de conquista, como da Idade Média, de guerra de defesa, os
militares eram governo, como imperadores ou barões feudais.
O governo concentrado
na monarquia gradualmente substituiu o governo descentralizado dos barões. Ele
constituiu o único elemento que ficou de pé do antigo regime medieval
católico-feudal no fim dos anos 1400, século XV. A luta entre as autoridades
centrais e as locais já tinham terminado e o governo político não era mais
ameaçado por nenhum outro poder rival. Os governos passaram a governar sem a unanimidade cultural da
Idade Média, como se fossem ditadores,
sob diversas formas. Nas biografias de Luiz XI e de Cromwell podem-se ver esses
dois modos de governo.
Nessa fase histórica a
política tinha por objetivo manter a ordem da nação e permitir o livre
progresso intelectual e industrial. São os estadistas da nova civilização. A
política anterior tinha como referência a lei dos deuses, em normas políticas
dadas pelo conhecimento das divindades e passa gradualmente a ter como
referência o bem da pátria e da sociedade.
Estabeleceram o
governo central monárquico concentrado reunindo no rei os antigos poderes
regionais dos barões do feudalismo. Com o enfraquecimento do cristianismo os
reis tenderam a tirar do papa muitas das funções religiosas, tais como a
diplomacia e a manutenção da paz.
FREDERICO II (1712-1786) nasceu em Berlim, filho do rei Frederico
Guilherme e neto de Frederico I. Como príncipe herdeiro, ele foi educado para
ser um general na guerra e um cuidadoso administrador na paz. Mas ele mostrava
preferência para a vida na sociedade, para a música e para a cultura francesa.
Frederico dedicou-se logo com entusiasmo às atividades da administração e aos
exercícios e técnicas de guerra. Ele casou-se em 1733. Nos tempos disponíveis,
estudou filosofia, história e poesia. Correspondeu-se com os pensadores
franceses, em especial com Voltaire. Escreveu o livro Antimachiavell, em oposição às doutrinas políticas do político e
filósofo Machiavelli, onde Frederico defende o governo de paz e de cultura
científica e artística.
Tornando-se imperador da Prússia aos 28 anos, em 1740, formou seu
plano de governo com a manutenção da disciplina e os meios empregados por seu
pai, mas com o ideal de aumentar o bem estar do seu país e deixar seus súditos
contentes e felizes. Sua política não seria de enriquecer com o trabalho do
povo, mas de fazer o país e seu povo mais rico. Frederico introduziu reformas
importantes, como a abolição da tortura dos tribunais, chamada de tortura
judiciária, então de uso geral na Europa. Fez proclamar a tolerância religiosa,
dizendo: “que cada um seja livre de ir
para o céu do modo como desejar”. A liberdade de imprensa foi amplamente
praticada. No entusiasmo de Frederico pelo conhecimento e pela cultura ele
convidou para sua corte Voltaire e outros pensadores importantes.
Ele afirmava que “um homem
que procura pela verdade e que a ama deve ser considerado de muito valor em
toda sociedade humana”. A ação de Frederico era muito original e voltou
para ele a atenção de toda a Europa. Se ele não tivesse entrado em suas
guerras, seria difícil imaginar a que ponto ele teria se aproximado de um
governo ideal, tanto que ele foi altamente dotado de inteligência e de
capacidade de ação.
Frederico foi um guerreiro, mas ninguém detestava mais a guerra do
que ele. Ele sempre desejava a paz. Em 46 anos de seu reinado, ele passou 36
anos em tempo de paz. Na paz, ele esteve sempre, sem parar, ocupado em
administrar seu reino seguindo as normas mais esclarecidas, as mais econômicas
e mais lucrativas. Fiscalizava nos detalhes todos os ramos do serviço público,
sabia o que cada um fazia em seu trabalho. A minúcia com que ele controlava
tudo é quase inacreditável. Frederico levava suas próprias despesas ao mínimo. Ele
não passava a maior parte do tempo no palácio, mas sim em sua casa de campo de
Sans-Souci. Chegando à velhice, continuou a cumprir seus deveres de governo com
uma paciência estôica até à morte.
Mas por que não se pode dizer que seu governo foi republicano?
Sim, foi republicano, para o bem do público, bem do povo. Foi um imperador
absoluto democrático, um governo para o bem do povo.
Frederico governou sem parlamento, não foi eleito, mas foi, na
prática, o dirigente que colocou todas as suas forças para o bem comum, de
todos. O governo unitário de um presidente ou um rei sem parlamento é, hoje,
chamado de despótico, absoluto, autocrático. O que falsamente resultaria num
governo autoritário sem liberdade.
Sempre se soube que o parlamento é um sistema que impede o governo
de governar, que impede a governabilidade. É uma grande fonte de corrupção, que
sempre mal visto pelo povo. Não há prova de que os parlamentares sejam
indispensáveis para que possa haver uma verdadeira república democrática.
Frederico mostra o espetáculo de um grande homem, culto, habilidoso,
trabalhando como um escravo para o bem de seus cidadãos, para o bem do povo
trabalhador.
A avaliação da vida de Frederico conduz a se ver nele um gênio
prático que em capacidade política se aproxima de Júlio César e de Carlos
Magno; um governo que fornece o melhor modelo de homem de Estado moderno,
realizando o ideal de Hobbes, que foi a regra de manter a autoridade com ampla
liberdade.
Autoridade e disciplina mantidas na administração material, mas
desregulamentação com a liberdade de consciência, de opinião, de ensino, de
religião. A invasão do governo político coercitivo na esfera da opinião, da
consciência, da propaganda, é a principal característica do totalitarismo.
Frederico conheceu bem a noção mais importante na política
moderna, a diferença entre o que é o governo dos atos, o poder temporal, e o que é
o governo das opiniões, da consciência, que é o poder espiritual. E ele
se manteve na sua própria esfera, somente na do governo dos atos, da atividade,
apenas da administração material em meio da pluralidade de opiniões.
Não acreditando em deuses, nem na vida futura, é um exemplo
brilhante e precioso do que os motivos puramente humanos, humanistas, podem
produzir.
AMANHÃ: Cosme de Médicis o Velho, empresário industrial com
dedicação social.
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