MARÇO 22.
Clemente de Alexandria: a moderação no ensino de religião
SÃO
CLEMENTE DE ALEXANDRIA
Titus Flavius Clemens, Clément d’Alexandrie, Saint,
Clement of Alexandria, Saint
(nasceu no
ano 150 de nossa era, em Atenas; morreu cerca do ano 220, em Alexandria)
FILÓSOFO
CRISTÃO MESTRE NA ESCOLA CATEQUÉTICA DE ALEXANDRIA
A evolução intelectual da sociedade libertada do regime da
cruel
Teocracia sacerdotal do oriente, iniciando a aplicação da
ciência pura abstrata à vida humana.
Pela primeira vez na história da
sociedade aconteceu que pensadores livres dedicassem sua vida a pesquisar o
homem e o mundo. Isto é, a filosofar, encontrando os fatos gerais e princípios
que governam tudo que somos e que nos envolve. Mas a explicação filosófica nas
cidades da Grécia Antiga não se baseou na vontade arbitrária dos deuses, mas
foi feita usando a observação dos fatos. Antes a filosofia era secreta nas
teocracias e se destinava a imaginar a vontade dos seus poderosos deuses.
Desde o século 7º ao 5º antes da
nossa era homens como Tales, Anaximandro, Heráclito, Demócrito se consagraram a
oferecer universo explicado aos humanos. Eles expuseram a filosofia e criaram a
ciência dos fenômenos abstratos como duas forças novas para o progresso da
humanidade.
A criação dos sábios gregos apresenta
duas fases: a primeira, de Tales a Aristóteles estudou a filosofia unida à
ciência. A segunda fase se deu depois de Aristóteles em diante desenvolvendo a
ciência separada da filosofia. O estudo filosófico se enfraqueceu enquanto o
original estudo da ciência abstrata particular dos fenômenos se fortaleceu.
Esta é a quarta semana do mês de Aristóteles da Filosofia Antiga.
É consagrada à escola de Platão que prepara a doutrina da igreja cristã. O
chefe de semana é Platão no domingo que a encerra.
Ver o Quadro 0226-1
do Mês de Aristóteles da Ciência Antiga. O quadro mostra os grandes homens
representantes da criação da ciência abstrata.
NOSSOS ANTEPASSADOS INESQUECÍVEIS
Maiores figuras humanas na antiguidade
que prepararam a civilização do futuro.
FELIZ
QUEM HONRA SEUS ANTEPASSADOS
TITUS FLAVIUS CLEMENS nasceu em Atenas, passando a primeira parte
de sua vida no estudo e no ensino da filosofia grega. Para alguns críticos ele
seria da escola estóica, para outros seria da escola platônica.
Clemente diz de si mesmo que ele havia aprendido com muitos
mestres, tanto na Grécia como na Itália do sul e da Síria, mas que, finalmente,
ele havia encontrado um mestre em Alexandria que o satisfez mais completamente
do que os outros.
Esse mestre foi Pantenus que sendo antes da escola de pensamento
dos estóicos, converteu-se ao cristianismo e dirigia nessa época a escola
cristã de Alexandria. Clemente tornou-se cristão e sucedeu no ano 180 a seu mestre Pantenus.
Pelos vinte anos seguintes ele foi o guia intelectual da comunidade cristã de
Alexandria. Ele teve muitos alunos célebres entre os quais esteve Orígenes,
realizando a educação de prosélitos que se tornaram mais tarde líderes
religiosos e teólogos, como Alexandre, bispo de Jerusalém. Expulso de
Alexandria no tempo do imperador Severo, ele retornou mais tarde e ali viveu até
morrer.
A conversão de Clemente ao cristianismo não o desviou dos estudos
filosóficos. Ao contrário, ele procurou provar que a filosofia grega, do modo
que ela é ensinada pelos grandes mestres, sobretudo por Platão, era a melhor
preparação para chegar à doutrina cristã. Clemente afirma que a filosofia foi
dada aos gregos como a Lei foi dada aos judeus e, embora substituída pelo
evangelho, a filosofia não ficou menos importante.
Clemente faz grande esforço para demonstrar que os gregos não
foram, como se supõe comumente, a primeira fonte da sabedoria. Ele cita, para
comprovar, a proclamação do padre egípcio dirigida a Platão: “Gregos, gregos, vocês são apenas crianças!”
O que significava que os gregos tinham muito a aprender.
Afirma Clemente: Cadmus recebeu o alfabeto dos fenícios, da
Fenícia, igualmente, segundo certas autoridades, veio Tales; Pitágoras foi
talvez de origem etrusca. Antístenes era frígio, Orfeu era da Trácia;
Anarcarsis da Cíntia; e em todos os casos, o mais antigos dos filósofos gregos eram
menos antigos do que Moisés. Moisés era bem anterior à guerra de Troia, à
expedição dos Argonautas, a Baco, Hercules ou Prometeu.
É evidente, pensava Clemente, que Platão tomou muito da legislação
feita por Moisés com tanta certeza que Numanius, um filósofo pitagórico
perguntou “O que é Platão senão o próprio Moisés falando o idioma grego?” Platão coloca a felicidade suprema no esforço
com uma humildade submissa para se tornar semelhante a Deus. O que é isso senão
a doutrina cristã? Paralelamente, Clemente insiste sobre a correlação entre a idéia de Platão e o logos cristão.
A principal obra de Clemente, sua Stromates ou Miscelânea, é repleta de citações de poetas ou de
filósofos gregos, muitos deles desconhecidos por nós, mas que parecem a
Clemente fazer a condução dos homens imbuídos da cultura grega para chegar ao
sistema católico.
Clemente apresenta o ensinamento e da disciplina da Igreja
Católica com uma moderação tranqüila que contrasta fortemente com o fervor
impetuoso de Tertuliano, seu contemporâneo.
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