segunda-feira, 21 de março de 2016

0322 B S CLEMENTE DE ALEXANDRIA a filosofia contida no evangelho cristão

MARÇO 22. Clemente de Alexandria: a moderação no ensino de religião

SÃO CLEMENTE DE ALEXANDRIA
Titus Flavius Clemens, Clément d’Alexandrie, Saint, Clement of Alexandria, Saint
(nasceu no ano 150 de nossa era, em Atenas; morreu cerca do ano 220, em Alexandria)

FILÓSOFO CRISTÃO MESTRE NA ESCOLA CATEQUÉTICA DE ALEXANDRIA


A evolução intelectual da sociedade libertada do regime da cruel
Teocracia sacerdotal do oriente, iniciando a aplicação da ciência pura abstrata à vida humana.

Pela primeira vez na história da sociedade aconteceu que pensadores livres dedicassem sua vida a pesquisar o homem e o mundo. Isto é, a filosofar, encontrando os fatos gerais e princípios que governam tudo que somos e que nos envolve. Mas a explicação filosófica nas cidades da Grécia Antiga não se baseou na vontade arbitrária dos deuses, mas foi feita usando a observação dos fatos. Antes a filosofia era secreta nas teocracias e se destinava a imaginar a vontade dos seus poderosos deuses.
Desde o século 7º ao 5º antes da nossa era homens como Tales, Anaximandro, Heráclito, Demócrito se consagraram a oferecer universo explicado aos humanos. Eles expuseram a filosofia e criaram a ciência dos fenômenos abstratos como duas forças novas para o progresso da humanidade.
A criação dos sábios gregos apresenta duas fases: a primeira, de Tales a Aristóteles estudou a filosofia unida à ciência. A segunda fase se deu depois de Aristóteles em diante desenvolvendo a ciência separada da filosofia. O estudo filosófico se enfraqueceu enquanto o original estudo da ciência abstrata particular dos fenômenos se fortaleceu.

Esta é a quarta semana do mês de Aristóteles da Filosofia Antiga. É consagrada à escola de Platão que prepara a doutrina da igreja cristã. O chefe de semana é Platão no domingo que a encerra.

Ver o Quadro 0226-1 do Mês de Aristóteles da Ciência Antiga. O quadro mostra os grandes homens representantes da criação da ciência abstrata.

NOSSOS ANTEPASSADOS INESQUECÍVEIS
Maiores figuras humanas na antiguidade
que prepararam a civilização do futuro.

FELIZ
QUEM HONRA SEUS ANTEPASSADOS


TITUS FLAVIUS CLEMENS nasceu em Atenas, passando a primeira parte de sua vida no estudo e no ensino da filosofia grega. Para alguns críticos ele seria da escola estóica, para outros seria da escola platônica.
Clemente diz de si mesmo que ele havia aprendido com muitos mestres, tanto na Grécia como na Itália do sul e da Síria, mas que, finalmente, ele havia encontrado um mestre em Alexandria que o satisfez mais completamente do que os outros.
Esse mestre foi Pantenus que sendo antes da escola de pensamento dos estóicos, converteu-se ao cristianismo e dirigia nessa época a escola cristã de Alexandria. Clemente tornou-se cristão e sucedeu no ano 180 a seu mestre Pantenus. Pelos vinte anos seguintes ele foi o guia intelectual da comunidade cristã de Alexandria. Ele teve muitos alunos célebres entre os quais esteve Orígenes, realizando a educação de prosélitos que se tornaram mais tarde líderes religiosos e teólogos, como Alexandre, bispo de Jerusalém. Expulso de Alexandria no tempo do imperador Severo, ele retornou mais tarde e ali viveu até morrer.
A conversão de Clemente ao cristianismo não o desviou dos estudos filosóficos. Ao contrário, ele procurou provar que a filosofia grega, do modo que ela é ensinada pelos grandes mestres, sobretudo por Platão, era a melhor preparação para chegar à doutrina cristã. Clemente afirma que a filosofia foi dada aos gregos como a Lei foi dada aos judeus e, embora substituída pelo evangelho, a filosofia não ficou menos importante.
Clemente faz grande esforço para demonstrar que os gregos não foram, como se supõe comumente, a primeira fonte da sabedoria. Ele cita, para comprovar, a proclamação do padre egípcio dirigida a Platão: “Gregos, gregos, vocês são apenas crianças!” O que significava que os gregos tinham muito a aprender.
Afirma Clemente: Cadmus recebeu o alfabeto dos fenícios, da Fenícia, igualmente, segundo certas autoridades, veio Tales; Pitágoras foi talvez de origem etrusca. Antístenes era frígio, Orfeu era da Trácia; Anarcarsis da Cíntia; e em todos os casos, o mais antigos dos filósofos gregos eram menos antigos do que Moisés. Moisés era bem anterior à guerra de Troia, à expedição dos Argonautas, a Baco, Hercules ou Prometeu.
É evidente, pensava Clemente, que Platão tomou muito da legislação feita por Moisés com tanta certeza que Numanius, um filósofo pitagórico perguntou  “O que é Platão senão o próprio Moisés falando o idioma grego?”  Platão coloca a felicidade suprema no esforço com uma humildade submissa para se tornar semelhante a Deus. O que é isso senão a doutrina cristã? Paralelamente, Clemente insiste sobre a correlação entre a idéia de Platão e o logos cristão.
A principal obra de Clemente, sua Stromates ou Miscelânea, é repleta de citações de poetas ou de filósofos gregos, muitos deles desconhecidos por nós, mas que parecem a Clemente fazer a condução dos homens imbuídos da cultura grega para chegar ao sistema católico.
Clemente apresenta o ensinamento e da disciplina da Igreja Católica com uma moderação tranqüila que contrasta fortemente com o fervor impetuoso de Tertuliano, seu contemporâneo.


AMANHÃ: A interpretação alegórica de Orígenes.



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