21 DE JULHO. Defoe: náufrago,
só, já levou a educação, saber, técnica da sociedade
DANIEL DEFOE
(nasceu no ano 1660 da
nossa era, em Londres; morreu em 1731 em Londres, Inglaterra)
FECUNDO ESCRITOR
E JORNALISTA INGLÊS TREZE VEZES POBRE E TREZE VEZES RICO
ESTÉTICA
as artes da linguagem, da afeição e da expressão
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da inteligência e da
atividade
A civilização moderna, após o fim
da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma
grande variedade na atividade humana, pela
liberdade do povo trabalhador, com a indústria e o comércio, com a
sistematização do sistema capitalista de liberdade civil. Criou também a saída
das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As
artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu
com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em
fase de transição, em tempos de revolução.
É a passagem de uma civilização medieval da guerra de defesa para uma
civilização pacífica científica e industrial.
Triunfos esplendidos foram
conseguidos pelo gênio artístico independente da religião apesar do clima de
revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de produzir, mesmo
em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações artísticas.
A primeira semana tem Ariosto como
chefe, mostrado no domingo último dia da semana. Ali estão autores que criaram
pinturas ideais da natureza humana sob todas as suas formas, com a poesia de
costumes, mostrada nas suas manifestações da história da sociedade moderna.
Ver em 0716 01 C O
QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com todos os grandes tipos humanos do
mês.
NOSSOS ANTEPASSADOS
INESQUECÍVEIS
Maiores figuras
humanas na antiguidade
que prepararam a
civilização do futuro.
DEFOE [pronúncia Di-fô’ oxítona] era
filho de Jacques Foe, um esforçado e próspero fabricante de velas e açougueiro,
descendente de belgas. Daniel, mais tarde, adotou o sobrenome de Defoe. Seus
pais eram não-conformistas, divergentes da igreja anglicana, e por isso Daniel
não pode estudar nas universidades inglesas todas oficiais. Ele estudou em
excelente academia, onde aprendeu várias línguas e onde formou seu estilo
literário, claro, simples e fácil na arte de escrever.
Daniel foi destinado a ser um pastor presbiteriano, mas desistiu,
e, em 1683 começou a vida de comerciante. Ele chamava o comércio o seu ”amado tema”
e foi um dos seus permanentes interesses na vida. Ele trabalhou com vários
artigos, para isso viajando no país e no estrangeiro, e tornou-se um versado e
agudo conhecedor da economia. A muitos respeitos estava à frente do seu tempo.
Mas os desacertos, os obstáculos, de uma forma ou outra,
prejudicavam seus negócios, apesar de seus esforços e de sua inteligência. Ele
escreveu sobre sua sorte:
“nenhum homem tentou tantos negócios
diferentes,
e treze vezes eu fui ora rico, ora
pobre.”
De fato, essa foi a dura verdade. Ele enriquecia por um tempo, e
logo vinham os prejuízos. Ele tinha a coragem para negócios de risco, mas de
muito lucro, e de muita perda. Num dos casos ele bancou o seguro de navios
durante a guerra com a França. Ele foi um dos 19 seguradores que se arruinaram
pesadamente em 1692. Quando ele tinha uma lucrativa cerâmica de tijolos e
telhas perto de Tilbury, a falência veio durante o tempo em que ele ficou preso
por questões políticas.
Em 1684 ele casou-se com Mary Tuffley, filha de um rico
comerciante não-conformista, que não aceitava a religião anglicana. Esse
casamento durou 47 anos e deu-lhe oito filhos, dos quais seis chegaram à
maturidade.
Daniel logo se interessou pela política. Quando Guilherme de
Orange conquistou a Inglaterra, ele deu as boas vindas a seu exército com um
panfleto-“Gulherme, o Glorioso, Grande e Bom”. Durante o seu governo, Daniel
tornou-se seu leal adepto, escrevendo como seu principal panfletista. Em 1701,
em resposta aos ataques ao rei por ser estrangeiro, Defoe publicou seu forte e
inteligente poema “O Verdadeiro Inglês de
Nascimento”, um trabalho de grande popularidade ainda atual e relevante ao
expor a falsidade do preconceito racial.
O mais famoso e hábil panfleto de Defoe foi o irônico “O Mais Fácil Meio para Acabar com os
Não-Conformistas” de 1702. Foi a descrição anônima do melhor método para
que os altos dignitários da Igreja Anglicana acabassem com aqueles que dela
divergissem. Mas era uma paródia, que, no fim do texto, mostrava que a
justificação e a maneira de fazer eram absurdas. Mas os bispos tomaram a sério
o panfleto. E ficaram furiosos quando a pilhéria foi exposta. Defoe foi
perseguido e preso em 1703.
A produção de Defoe, como autor de novelas, de revistas, como
panfletário e jornalista, é enorme, com mais de 500 livros, panfletos e
tratados. Sua obra mais conhecida é o Robinson Crusoe, escrita entre 1729 e
1722. Sua leitura, até hoje é altamente recomendável. O aspecto característico
de seus textos é a precisa e minuciosa observação da vida, que faz o leitor
perceber que resultam de fatos reais.
O náufrago que parece a todos “fora,
isolado da sociedade”, no entanto, na verdade, “recebeu tudo da sociedade”. Ele, de fato, tudo aprendeu com a
humanidade: seu raciocínio, suas esperanças e seus cuidados, sua habilidade
industriosa, os instrumentos com que trabalha. Robinson Crusoe é a prova mais
perfeita da impossibilidade de separar o indivíduo como um ser independente da
humanidade, do agrupamento humano que lhe deu a vida, lhe deu o sustento, lhe
deu a educação. E é, assim, que se percebe que a pessoa humana tudo deve à
sociedade. O indivíduo sozinho é uma figura de ficção, é uma abstração, não
existe de fato.
E a prova contundente mostrada por Daniel Defoe tem muito mais
força porque não é mostrada por um filósofo a defender uma tese teórica, mas é
mostrada por um artista, que busca apenas reproduzir a tragédia de um náufrago.
Daniel Defoe se mostra, portanto, depois da Idade Média, como um
dos novos formadores de opinião laicos, não religiosos, pode ser respeitado
para sempre.
AMANHÃ:
Primeiro exemplo de poesia histórica com o cavalheirismo elegante da Idade
Média: ARIOSTO.
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