16 DE
JULHO: DANTE o mais precioso estilo
produzido pela linguagem humana
DANTE
Dante Alighieri
(nasceu em 1265, em
Florença, Itália; morreu em 1321, em Ravena, Itália)
POETA FILÓSOFO,
AUTOR DO REVOLUCIONÁRIO POEMA DA DIVINA COMÉDIA
Estética, as artes da linguagem, da afeição e da expressão.
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da atividade e da
inteligência.
A civilização moderna, após o fim
da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma
grande variedade na atividade humana, pela
liberdade do povo trabalhador, com a indústria e o comércio, com a
sistematização do sistema capitalista de liberdade civil. Criou também a
saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos.
As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como
ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem
conflito.
Na modernidade nos encontramos em
fase de transição, em tempos de revolução. É a passagem de uma civilização
medieval da guerra de defesa para uma civilização pacífica científica e
industrial. A diversidade infinita de atividade social, os conflitos e
alterações incessantes da vida estimulam a originalidade mental, mas não são
favoráveis à perfeição da criação artística.
Triunfos esplendidos foram
conseguidos pelo gênio artístico independente da religião apesar do clima de
revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de produzir, mesmo
em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações artísticas.
As semanas deste oitavo mês do
calendário mostram os representantes de todos os países desde o século XII até
o século XIX. Dos quarenta e nove nomes, um terço são autores que escreveram em
verso.
NOSSOS ANTEPASSADOS
INESQUECÍVEIS
Maiores figuras
humanas na antiguidade
que prepararam a
civilização do futuro.
DANTE ALIGHIERI (1265-1321) nasceu em Florença, Itália, de família
honrada e antiga. Com a idade de 24 anos ele estava em armas e participou como
membro do partido Guelf Branco na batalha sangrenta de Campaldino em que os
gibelinos foram vencidos.
Ele logo cedo se dedicou à poesia, lendo Boécio e Cícero, amando a
música e estudando pintura. Ao chegar aos 30 anos de idade, entrou na
administração da república de Florença por cinco anos, quando o partido dos
Guelfes Brancos estava no poder.
De 1300 a
1302 a
república passou um período de crise política, com uma guerra civil entre os
partidos chamados Negros e Brancos. O papa Bonifácio VIII enviou a Florença um
legado que tentou colocar Florença sob o governo do papado. Dante resistiu com
veemência, o que o colocou como o chefe da resistência contra o papa. Na luta,
o partido dos Negros se fez vitorioso e Dante, ligado aos Brancos, saiu da
cidade para não mais voltar. O partido vitorioso em 1302 o condenou por várias
acusações, a pagar elevada multa, a sair da cidade e à privação de seus
direitos políticos. As condenações se repetiram por três vezes. A razão dessas
condenações foi sua resistência às intrigas monstruosas do papa Bonifácio VIII,
por ele chamado de “lo principe de’ nuovi
Farisei”, o príncipe dos novos fariseus.
O resto da vida de Dante, por quase vinte anos, se passou na vida
errante de cidade em cidade, indo de um protetor a outro. Ele encontrou refúgio
em Verona. Depois
foi a Bolonha, a Pádua e a Paris, estudando teologia, filosofia e retórica.
O poeta passou os dois ou três últimos anos de sua vida em Ravena,
sob a proteção de Guido Novello de Polenta. Lá esteve com seus dois filhos,
também exilados de Florença, com sua esposa e filha.
Em 1321 foi enviado com embaixada a Veneza pelo governo de Ravena.
Sua missão não teve sucesso. Morreu ao voltar, em setembro de 1321, com a idade
de 56 anos. A cidade de Florença muito mais tarde pediu a posse dos restos
mortais do poeta, mas Ravena negou a entrega e Ravena continua a ser o último
refúgio e o lugar de repouso do maior dos italianos.
As principais obras de Dante são La vita nuova, de 1293; De
vulgari eloquentia, de 1304-1307; Il convivio de 1304-1307; De monarchia, de
1313. La divina commedia, o famoso épico poema, foi escrito entre 1301 e 1310, em que Dante descreve a sua
caminhada conduzida por Virgílio, desde o inferno, pelo purgatório até o
paraíso.
POEMA REVOLUCIONÁRIO. A Divina Comédia é uma obra épica
incomparável, considerada a maior glória da arte humana. Dante começou a
escrever em latim, mas, depois, resolveu escrever em italiano, tornando o
idioma usual, em substituição ao latim, realizou a criação da língua italiana
na literatura. A viagem do inferno até o
paraíso mostra uma forma de evolução da personalidade dos tipos humanos,
chegando a uma regeneração final. Mas a obra tem um aspecto da revolução
moderna, já que o poeta se coloca como juiz dos próprios sacerdotes do
catolicismo.
Embora o destino do poema fosse idealizar o Catolicismo, o
espírito predominante é o da revolução moderna. Não apenas a tendência do
ceticismo crítico da modernidade aparece em protestos ocasionais. Nota-se o
trabalho revolucionário acima de tudo na audácia da sua concepção geral. Ao
tomar o poeta a posição superior de juiz para fazer o julgamento das crenças
religiosas, o artista admite a decadência do cristianismo. Se ela fosse escrita
cem anos antes, em pleno apogeu da religião, seria considerada um grande
sacrilégio. Se fosse no século seguinte, com o avanço da emancipação religiosa,
ela seria até supérflua como obra crítica.
Nota-se que a fase de transição política e cultural da Idade Média
para a modernidade causa uma dificuldade à elaboração artística, que deve se
apoiar numa situação estável, e não em tempos de mudança. Por essa razão, o
poeta desloca o cenário para os tempos de tranqüilidade da antiguidade
clássica.
Por toda sua obra, Dante é um expoente do movimento intelectual
dos tempos modernos, a ser colocado junto com Descartes como representativo da
intelectualidade moderna. Dante é, de fato, um perfeito poeta e filósofo,
dotado do mais precioso estilo que a linguagem humana já produziu.
AMANHÃ: Lançamento das bases do humanismo na Renascença: Bocácio.
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