09 DE JUNHO. São
Bernardo: competente, mantinha humildade como o menor de todos
Bernard de
Clairvaux, Saint
(nasceu em 1090, em
Dijon, no Burgundy, França; morreu em 1153, em Clairvaux, na Champagne, França)
ORADOR
PRESTIGIOSO DIRETOR ESPIRITUAL DO CATOLICISMO EM SEU APOGEU
A regeneração moral
com a compressão do egoísmo anti-social
O Catolicismo teve uma
ação importante na evolução social da Idade Média: a regeneração moral dos
povos, com a educação dos sentimentos e costumes. Esse resultado foi obtido
estimulando o altruísmo, que é o sentimento gregário, de associação, e
comprimindo os instintos egoístas, os sentimentos de proveito pessoal. Assim os
violentos guerreiros se tornaram Cavaleiros para a proteção da mulher, dos
pobres, dos fracos e doentes; ao culto da sua dama e da Mãe de Deus
Verifica-se e fica bem
claro na história o papel das doutrinas religiosas no ensino e consagração para
a proteção, manutenção e aperfeiçoamento da sociedade humana em nome de um
sagrado ser superior divino. As doutrinas anti-sociais perturbam e mesmo levam
à morte da própria congregação religiosa. Essa é a razão do supremo poder de
vida ou de morte da associação humana, suave e sutilmente exercido desde os
mais remotos milênios da evolução da espécie. Os sábios sacerdotes de todas, de
todas as religiões sentiram a força dessa lei sociológica básica. Regra que
obrigou e obriga a todos a eternamente proteger e servir ao grande organismo social
humano em nome de seus adorados e poderosos deuses. Porque caso contrário,
todos morreriam com a destruição da sociedade.
O Calendário Filosófico
indica nas suas semanas quatro fases do Catolicismo: na primeira semana os
quatro primeiros séculos com seus principais padres fundadores; na segunda
semana a instituição política do papado, com Hildebrando, o papa Gregório VII; na
terceira os fundadores da vida nos mosteiros; na última semana o controle e
estímulo da vida moral da população e o surgimento do protestantismo.
LIBERDADE DE
CONSCIÊNCIA
Pela primeira vez na
história o poder das opiniões, do ensino e da consagração sem armas se torna
livre em relação ao poder coercitivo político armado. É a libertação do Poder
Espiritual, da liberdade de consciência, da formação da opinião. Liberdade
completa em relação ao Poder Temporal da disciplina dos atos pela força. A
liberdade dos formadores de opinião foi feita pelo Catolicismo pela primeira
vez na história do mundo. Antes do cristianismo católico o poder político era
totalitário, não havendo liberdade de consciência em todas as civilizações
passadas, para suas religiões. Comprova-se assim que o totalitarismo como
controle das consciências é de fato um regime político retrógrado e cruel,
muito antigo, bárbaro.
Desse modo se completa
a instituição política da religião de São Paulo, começada pelo imperador
Constantino, continuada por Teodósio. Atinge seu ponto culminante pelo
estabelecimento final do poder político liberal sem armas do pontífice romano
sob a direção de Hildebrando papa Gregório VII.
Nesta terceira semana
são indicados os fundadores da vida nos mosteiros, que foi o grande
reservatório da força moral durante a primeira parte da idade média. Note-se,
pela vida de São Bernardo que preside a semana e pela vida de São Bento que a
começa, com que eficácia essa força, desse modo colocada em reserva, foi de
fato empregada.
A semana se encerra no
domingo, com a biografia de seu tipo mais eminente, São Bernardo.
Ver em 0521 01 B O QUADRO DO MÊS DE S PAULO O CATOLICISMO com
todos os grandes tipos humanos do mês.
Na
Idade Média a suprema glória do catolicismo foi realizada por seu sacerdócio. O
poder religioso trabalhava em liberdade, sendo independente do governo político
e se constituiu de fato como o diretor espiritual da época, tanto para os ricos
como para os pobres. Assim, os padres dirigiam a sociedade, fazendo a união, a
instrução, o elogio e a punição do povo, usando apenas os variados apelos ao
sentimento de piedade religiosa. São Bernardo representa o tipo mais perfeito,
a todos os respeitos, do catolicismo em sua época de apogeu, de completa
realização.
A
vida de Bernardo começa no fim do século IX, sendo a maior parte na primeira
metade do século X. Esse é o século mais importante do regime feudal. Seu pai,
súdito do duque de Borgonha, era um bravo e bom homem que habitava perto de
Dijon. Sua mãe, Alith, era muito religiosa: ela consagrou seus seis filhos a
Deus, desde seu nascimento.
Bernardo
cresceu numa família que lhe deu exemplo de profundo respeito por gratidão,
justiça e leal amizade. Pai e mãe eram exemplos excepcionais de modelos de
virtude. Depois de sua educação literária, dedicou-se à vida religiosa.
Bernardo
entrou em 1112, aos 22 anos de idade, para o convento de Citeaux, então recentemente
fundado, onde a disciplina era muito severa e que obedecia à regra monástica de
Etienne Harding. Sua habilidade de persuasão era tal, que convenceu ao todo
trinta pessoas para que o acompanhassem, incluindo seu tio e seus irmãos. Suas
penitências durante esse período podem ser a causa de seus sofrimentos por toda
a vida, com a saúde abalada, na forma de anemia, gastrite, enxaqueca, alta
pressão e falta de paladar.
Dois
anos depois, aos 24 anos, foi enviado com 12 companheiros, para fundar, com
imensas fadigas, um novo convento da ordem de Citeaux numa floresta selvagem no
vale do Aube, em Clairvaux, que foi, depois, o seu abrigo e o teatro de seus
trabalhos mais importantes.
Bernardo
foi descrito por seu biografo contemporâneo desta forma:
“Quando
ele, como eleito de Deus, anunciava o nome do Cristo aos povos e aos reis;
quando os príncipes deste mundo se curvavam diante dele e que os bispos de
todos os paises obedeciam às suas ordens; quando o próprio papa em Roma
aceitava seus avisos e o enviava pelo mundo como uma espécie de embaixador
geral; quando, sobretudo, suas palavras e suas ações foram confirmadas pela
experiência, - ele não se glorificava nunca, mas com toda humildade se
considerava como ministro, e não como autor; e quando cada um lhe tinha por
maior de todos, ele estimava a si mesmo como o menor de todos, dando a Deus a
autoria de todos os seus sucessos”.
Em
1140, Bernardo, como campeão defensor do catolicismo ortodoxo, teve Pierre
Abelardo por adversário. Abelardo, o mestre célebre da dialética e de teologia
especulativa, acabara de publicar seu livro INTRODUÇÃO À TEOLOGIA. Nesse livro
dizia que a fé não passava de uma simples opinião. Mas, para Bernardo, a fé não
é uma opinião, mas é uma certeza. E via com horror os santos milagres debaixo
de exame do racionalismo. Na presença do arcebispo, do rei e de todo concilio
reunido em Sens, Abelardo, sob o ataque de Bernardo, se levantou e abandonou a
assembléia. O concilio pronunciou sua condenação.
Durante
toda sua carreira, Bernardo deu uma atenção especial ao culto da Virgem, a
mediatriz verdadeiramente humana. O culto da Virgem ou mariolatria está de data
antiga nos anais cristãos, remontando a antes do concilio de Efeso no 5º
século, mas que passou a ter uma preponderância sistemática no tempo das
cruzadas. Foi então que a pureza católica se ligou à ternura cavalheiresca. A
capela da Virgem, colocada em grande número de igrejas a partir dos anos 1200,
lembra a glorificação desse culto no ocidente.
Essa
bela idealização da Virgem-mãe, principal criação poética do catolicismo,
humaniza em mesmo tempo o culto e a crença, tendo uma influencia profunda sobre
os sentimentos e os costumes do ocidente cristão.
São
Bernardo é o tipo que resume a elevação moral do sistema católico de educação
que dirigiu sociedade por toda a Idade Média.
AMANHÃ: O fundador da ordem dos Jesuítas: Inácio de Loyola
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