quarta-feira, 6 de junho de 2012

0606 B ST ANSELMO a defesa constante da liberdade dos formadores de consciência


06 DE JUNHO. S.ANSELMO: gênio na conciliação dos mistérios da fé e a filosofia de Platão

SANTO ANSELMO
Saint Anselme; Alselm of Canterbury, Saint
(nasceu c. 1033/34 em Aostia, na Lombardia: morreu c. 1109 em Canterbury, Kent, Inglaterra)

TEÓLOGO, FILÓSOFO DA DISCIPLINA, DA EDUCAÇÃO E SABER, FUNDADOR DA ESCOLÁSTICA

A regeneração moral com a compressão do egoísmo anti-social

O Catolicismo teve uma ação importante na evolução social da Idade Média: a regeneração moral dos povos, com a educação dos sentimentos e costumes. Esse resultado foi obtido estimulando o altruísmo, que é o sentimento gregário, de associação, e comprimindo os instintos egoístas, os sentimentos de proveito pessoal. Assim os violentos guerreiros se tornaram Cavaleiros para a proteção da mulher, dos pobres, dos fracos e doentes; ao culto da sua dama e da Mãe de Deus.
Verifica-se e fica bem claro na história o papel das doutrinas religiosas no ensino e consagração para a proteção, manutenção e aperfeiçoamento da sociedade humana em nome de um sagrado ser superior divino. As doutrinas anti-sociais perturbam e mesmo levam à morte da própria congregação religiosa. Essa é a razão do supremo poder de vida ou de morte da associação humana, suave e sutilmente exercido desde os mais remotos milênios da evolução da espécie. Os sábios sacerdotes de todas, de todas as religiões sentiram a força dessa lei sociológica básica. Regra que obrigou e obriga a todos a eternamente proteger e servir ao grande organismo social humano em nome de seus adorados e poderosos deuses. Porque caso contrário, todos morreriam com a destruição da sociedade.
O Calendário Filosófico indica nas suas semanas quatro fases do Catolicismo: na primeira semana os quatro primeiros séculos com seus principais padres fundadores; na segunda semana a instituição política do papado, com Hildebrando, o papa Gregório VII; na terceira os fundadores da vida nos mosteiros; na última semana o controle e estímulo da vida moral da população e o surgimento do protestantismo.
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA
Pela primeira vez na história o poder das opiniões, do ensino e da consagração sem armas se torna livre em relação ao poder coercitivo político armado. É a libertação do Poder Espiritual, da liberdade de consciência, da formação da opinião. Liberdade completa em relação ao Poder Temporal da disciplina dos atos pela força. A liberdade dos formadores de opinião foi feita pelo Catolicismo pela primeira vez na história do mundo. Antes do cristianismo católico o poder político era totalitário, não havendo liberdade de consciência em todas as civilizações passadas, para suas religiões. Comprova-se assim que o totalitarismo como controle das consciências é de fato um regime político retrógrado e cruel, muito antigo, bárbaro.
Nesta terceira semana são indicados os fundadores da vida nos mosteiros, que foi o grande reservatório da força moral durante a primeira parte da idade média. Note-se, pela vida de São Bernardo que preside a semana e pela vida de São Bento que a começa, com que eficácia essa força, desse modo colocada em reserva, foi de fato empregada.
A semana se encerra no domingo, com a biografia de seu tipo mais eminente, São Bernardo.

Ver em  0521 01 B O QUADRO DO MÊS DE S PAULO O CATOLICISMO com todos os grandes tipos humanos do mês.


ANSELMO (1033-1109) nasceu em Aostia, nos Alpes italianos. Seu pai era da Lombárdia aliado por seu casamento aos condes do país. Dedicado ao estudo, Anselmo foi levado pela reputação do prior Lanfranc a entrar para o Mosteiro du Bec por ele dirigido na Normandia.
Tornou-se monge no ano 1060, depois prior em 1063 e finalmente abade no ano 1078 continuando a nobre tradição de disciplina, de saber e de educação estabelecida por Lanfranc.
No ano de 1093 foi sagrado arcebispo de Canterbury e recebeu a investidura do rei então no poder, Guilherme II, filho do conquistador da Inglaterra. Um sério conflito se levantou entre o religioso e o rei sobre a importante questão da obediência ao Papado. Anselmo deu ao rei a sua benção, pegou seu bordão de peregrino e partiu para o exilo.
Anselmo ficou três anos ausente da Inglaterra, de 1097 a 1100. Viajou pela Itália e pela França, sempre venerado como um santo. Com a coroação de Henrique I, Anselmo retornou ao país, mas confirmou ao rei a resolução de manter o decreto romano contra a investidura leiga. Ou seja, a nomeação e direção dos membros do clero não deveriam ser feitas pelo rei, permanecendo prerrogativa exclusiva do papa.
O grave conflito terminou no ano de 1107 com um compromisso do rei favorável à liberdade da Igreja Católica Romana. Ocorreu da mesma maneira como na disputa entre Hildebrando, então papa Gregório VII contra o Imperador. Essa questão era da maior importância para manter os mestres religiosos libertados do poder político do rei. Isto é, manter livres os formadores de opinião que na época eram os religiosos fora do poder totalitário político.
Nunca na história ocorrera a separação entre o poder temporal e o poder espiritual, realizado somente na Europa católica do ocidente.
Anselmo morreu em 1109, sendo inumado na catedral de Caterbury. Conservou para sempre a reputação de escritor genial e foi chamado como o primeiro dos filósofos escolásticos. Porque procurou demonstrar os mistérios da fé católica por meio de argumentos racionais de Platão, o que se tornou a característica da escolástica, o estudo feito nas universidades medievais.
A escolástica foi alterada em 1273 com a Summa Teológica de Tomas de Aquino Tornou-se a conciliação do cristianismo católico não mais com Platão, mas então com a filosofia de Aristóteles, à época recuperada e difundida no ocidente pelos árabes.
A escolástica aristotélica permaneceu no ensino europeu até o filósofo, matemático e cientista René Descartes (1596-1650). Ele desde jovem estudou com os jesuítas sob a escolástica tomista. Mas conseguiu realizar a dificílima transição do raciocínio idealista para o pensar positivo, seguro, científico.
Mas quando Galileu foi processado pela Santa Inquisição por provar que a terra se movia, Descartes se preveniu ao se transformar de pensador científico para um filósofo mascarado. Ocultou-se então sob a máscara do raciocínio metafísico bem elaborado com sua obra MEDITAÇÕES METAFÍSICAS. Essa obra falsificadora é ainda levada a sério por pensadores e muitos crentes religiosos. Assim, com essa colossal mentira conseguiu escapar ileso da cruel Santa Inquisição que queimava na fogueira, torturava e expropriava os bens dos hereges. Tudo dentro da justiça dos cânones religiosos. Foi no violento movimento do clero católico desesperado chamado de Contra-Reforma.
Ficou famosa a demonstração que Santo Anselmo propôs para provar a existência de Deus, com o argumento da perfeição absoluta da divindade.


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