13 DE OUTUBRO.
Campanella: a revolta contra o aristotelismo deformado da escolástica
CAMPANELLA
Tomás
Campanella, Tommaso Campanella, Giovanni Domenico Campanella
(nasceu em 1568, em
Nápoles, Itália; morreu em 1639, em Paris, França)
DOMINICANO
ITALIANO FILÓSOFO DA EXPERIÊNCIA E DA NATUREZA
O RACIOCÍNIO CIENTÍFICO NA FILOSOFIA MODERNA
A grande revolução do
pensamento humano ocorreu com o fim da Idade Média, com a queda do papado, da
unanimidade católica e do feudalismo.
O movimento
intelectual na Europa do ocidente nos anos 1300, século XIV até os anos 1700,
século XVIII, passou a ter duas correntes. Um movimento foi de decomposição e
destruição da filosofia monoteísta antiga e o outro movimento foi de composição
e preparação da nova filosofia positiva, clara e distinta.
Descartes mostrou que
o método de pensar moderno baseia-se
numa evidencia verificável, na observação, na experiência. Explicou
que não são evidencias aceitáveis a autoridade de líderes e profetas, nem
escritos novos ou antigos, por mais veneráveis e respeitáveis que sejam.
Homens como Kepler e
Galileu, Descartes e Francis Bacon ao mesmo tempo em que construindo a nova
filosofia perturbaram o antigo modo de pensar. A revolta começada por Descartes
conduziu finalmente a assaltos ainda mais poderosos, contra as crenças
recebidas do que a ação de alterações religiosas feitas pelos reformadores
protestantes.
Descartes é o representante mais completo do
movimento duplo de composição e decomposição. Começou a grande revolução
matemática que permitiu a Newton interpretar o sistema solar. Abriu-se o
caminho para a operação destrutiva do século XVIII que afinal levou à Revolução
Francesa contra a política antiga de privilégios. Hobbes e Espinosa continuaram
o movimento de demolição. A teodicéia de Leibnitz era ainda mais perigosa.
Locke renunciou francamente ao conhecimento do absoluto divino. Hume e Diderot
demonstraram sua impossibilidade. Kant completou a operação. Eles foram todos
tanto construtores como destruidores.
O mês de Descartes da
Filosofia Moderna descreve essa importante revolução intelectual, a maior em
toda a história da sociedade humana ao estender a razão experimental a todo conhecimento.
A primeira semana
deste mês mostra os representantes da filosofia Escolástica. É a tentativa
sistemática de Alberto Magno, de Tomás de Aquino e de outros para empregar a
lógica de Aristóteles na defesa das crenças e para reconciliar a fé com o
pensamento científico. O ceticismo inicial é também representado por nomes como
Ramus, Erasmo e Montaigne. O chefe de semana é Santo Tomás de Aquino.
Ver em 1008 C em 08 de outubro o QUADRO DO MÊS DE DESCARTES
A FILOSOFIA MODERNA, com os grandes nomes representativos da evolução social do
mês
NOSSOS ANTEPASSADOS
INESQUECÍVEIS
Maiores figuras
humanas na antiguidade
que prepararam a
civilização do futuro.
CAMPANELLA (1568-1639) nasceu em Stillo na Calábria, Itália. Aos
14 anos tornou-se membro da Ordem dos dominicanos e se consagrou ao estudo da
filosofia.
Em suas mãos a filosofia tomou a forma de uma revolta contra a deformação
da doutrina de Aristóteles, então predominante na religião. O aristotelismo se tornara um sistema
pedante que tinha pouco do ensino racional de Aristóteles que se conhecia com
esse nome no tempo de Roger Bacon e de Tomás de Aquino. O aristotelismo escolástico
era então ensinado como obrigatório pelos padres da hierarquia religiosa
católica como uma fortificação mental para justificar e defender as opiniões e
as instituições da Igreja.
Em 1591 as tendências revolucionárias de Campanella se mostraram
em seu tratado Philosophia sensibus
demonstrata, Filosofia demonstrada pelos sentidos, publicada em Nápoles. Nesse
livro ele reflete a influência recebida do pensador italiano Bernardino
Telesio, opositor ao aristotelismo escolástico.
Campanella recomenda um estudo filosófico apoiado na experiência
da natureza. E ele ataca aqueles que especulam somente sobre suas próprias
noções arbitrárias, sem tomar conhecimento das informações que a experiência
fornece da natureza. Suas afirmações o colocaram como suspeito das mesmas
idéias que levaram Giordano Bruno a ser queimado vivo na fogueira, pela Santa
Inquisição.
Ele fugiu de Nápoles e foi para a Toscana, onde, durante vários
anos, teve a proteção do Gran Duque. Mas em 1599 foi acusado de cumplicidade
numa conspiração para destruir o domínio da Espanha sobre a Itália, com a ajuda
dos turcos. Nesse caso nunca foram dadas as provas contra Campanella, embora
fosse provável que ele tivesse aversão ao governo espanhol sobre a Itália,
poder que era de opressão e de obscurantismo religioso atrasado.
Campanella ficou preso por 27 anos, durante os quais foi tratado
com rigor e com tortura. Depois de algum tempo ele teve mais liberdade na
prisão, já que a maior parte de suas obras foi escrita lá e publicada na
Alemanha.
Em 1626, por intercessão do papa Urbano VII, ele foi posto em
liberdade, ficando, porém, ainda submetido a apertada vigilância. Ele fugiu
então de Roma em 1634 e foi para Marselha. Ele foi apresentado ao rei Luis XIII
e a Richelieu, de quem recebeu uma pensão em dinheiro. Ele morreu
em 1639 no convento dos Jacobinos da Rua St-Honoré, em Paris.
A filosofia de Campanella marca a transição da filosofia da Idade
Média para uma nova forma de pensar, científica, positiva, comprovada. Na
filosofia medieval as doutrinas teológicas da Igreja Católica tinham sido
reunidas e sustentadas pela autoridade de Aristóteles.
A nova filosofia científica moderna, inaugurada por Roger Bacon e
por Descartes, passou a ser uma filosofia em que a meditação sobre os atributos
divinos é deixada de lado, para ser feito e estudo científico da natureza e do
homem.
Campanella registra o início da maior revolução mental já ocorrida
na grande evolução do pensamento. Estava no começo a grande renovação mental da
raça humana. A passagem do pensar mítico para o pensar científico, da
civilização da guerra para a civilização industrial e pacífica.
AMANHÃ: O grande mérito de conciliar a escritura da Bíblia com a
ciência: Tomás de Aquino.
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