sexta-feira, 24 de outubro de 2014

1024 C VICO homem o único animal que presta culto aos mortos antepassados

24 DE OUTUBRO. Giambattista Vico-três eras: dos deuses, dos heróis, dos homens

VICO
Giovanni Baptista Vico, Giambattista Vico, João Batista Vico
(nasceu em 1668, em Nápoles, Itália; morreu em 1744, em Nápoles)

FILÓSOFO ITALIANO DA HISTÓRIA PRECURSOR DA SOCIOLOGIA CIENTÍFICA ABSTRATA

O RACIOCÍNIO CIENTÍFICO NA FILOSOFIA MODERNA
A grande revolução do pensamento humano ocorreu com o fim da Idade Média, com a queda do papado, da unanimidade católica e do feudalismo.
O mês de Descartes da Filosofia Moderna descreve essa importante revolução intelectual, a maior em toda a história da sociedade humana ao estender a razão experimental a todo conhecimento.
Nesta terceira semana se consagra o estudo filosófico humano em suas relações com a sociedade. Seu chefe é Leibnitz. Associados estão grandes autores que pesquisaram os princípios fundadores das leis: Grotius, Cujas e Montesquieu; os que se dedicaram â filosofia da história como Vico, Fréret, Herder. Segue com Winckelmann na história da arte e Buffon na exposição das relações da espécie humana com as outras raças animais.
Ver em 1008 01 C  em 08 de outubro o QUADRO DO MÊS DE DESCARTES A FILOSOFIA MODERNA, com os grandes nomes representativos da evolução social do mês

JOÃO BATISTA VICO (1668-1744) era filho de um livreiro de Nápoles. Foi educado num colégio dirigido pelos jesuítas, mas se tornou livre das crenças religiosas da época por suas próprias leituras. Vico estudou filosofia, lingüística e jurisprudência. Teve tanto sucesso no estudo das leis, que, aos 16 anos ele defendeu seu pai num processo judicial. O bispo de Ischia o colocou como professor orientador particular de seu sobrinho. Pouco tempo depois, ele retornou a Nápoles, onde, em 1697 tornou-se professor de Retórica. Sua grande obra, a Scienza nuova, foi publicada em 1725. Em 1735 foi posto como historiógrafo do rei de Nápoles. Vico morreu em 1744.
A Ciência nova de Vico era de fato a aplicação dos princípios científicos positivos de Francis Bacon aos fenômenos da sociedade humana. Vico se convenceu, com um vigor extraordinário da idéia central de que se pode formar uma História ideal, eterna, representando as leis da evolução da raça humana. Mas só se chegará a esse resultado observando o que existe de uniforme no meio de todas as diversidades de costumes, de línguas e de acontecimentos dos diferentes povos.
O seu grande livro tinha por destino achar essas leis gerais que dirigem o destino das nações. Vico viu claramente que no primeiro estado das nações o desenvolvimento foi inconsciente. O jogo das paixões naturais levava a conseqüências que ninguém esperava.
Foi necessário um grande número de séculos para que a filosofia se formasse. Deve-se procurar os princípios do desenvolvimento na linguagem, nas instituições básicas, na poesia primitiva. Vico encontra uma linguagem mental comum a todas as nações. Há uma tendência universal, entre os homens que ignoram as causas naturais das coisas a atribuir aos objetos as paixões da própria natureza humana. Da mesma forma como quando se diz que os ímãs “amam” o ferro.
Vico diz ainda que a mais sublime obra da poesia é dar inteligência e sentimento às coisas inanimadas. É o que faz a criança e a humanidade em sua infância. Então, todos os homens foram poetas, dessa maneira.
Essa é a mais clara descrição do FETICHISMO primitivo, que foi a primeira forma dos homens representarem a visão da natureza, a visão do mundo, a filosofia.
A partir dessa base, Vico estabelece uma teoria da evolução histórica.
Ele mostra que idéias iguais ou uniformes surgem entre as nações inteiramente separadas no espaço e no tempo sem algum contato recíproco. Essas idéias devem ter um fundo comum de verdade.
Em todas as nações e tribos encontramos três instituições: a religião, o casamento e os funerais. Vico confirma essas observações com grandes referências à literatura antiga e às suas viagens modernas. As nações, na idade primitiva, são incapazes de pensar por meio de abstrações, de atributos gerais das coisas. Mas elas dão uma vida e uma personalidade às suas idéias e cada qualidade abstrata se mostra num deus ou num herói.
Vico concluiu que cada civilização o governo passa por 3 estados:
1 a era dos deuses, com o rude terror da teocracia, forma a família;
2 a era dos heróis, como em Homero e Roma, cria governos de aristocracias opressoras;
3 a era dos homens, era final de repúblicas e monarquias.
Vico mostrou dessa forma, que, com o estudo sistemático da sociedade humana pode-se descobrir quais são as leis permanentes que dirigem o progresso da humanidade. Ele indica etapas HISTÓRICAS. Na sociologia moderna mais recente, a evolução é mostrada como o progresso no MODO usado para explicar cada idéia, como em matemática, em física ou em psicologia, na vida, na doença ou na morte.
Porque, em cada etapa histórica, cada indivíduo apresenta diferentes maneiras de pensar em cada tema, na mesma época. Em cada etapa na história, não há igualdade no modo de pensar de todos. A lei dos 3 ESTADOS de Augusto Comte NÃO É HISTÓRICA, mas indica como a MENTE HUMANA evolui, em cada assunto, o que tem conseqüências históricas.
Vico indicou claramente que o culto dos antepassados, dos mortos, é uma característica que só a espécie humana tem, única raça que o realiza entre todos os animais, com exclusividade.
Em outras espécies, como nos cães, há provas de afeição e lembrança. Mas só os homens fazem o culto dos antepassados. Essa é a razão emocional que dá aos humanos a capacidade de formar uma sociedade com progresso permanente. Pelo acúmulo do conhecimento de cada geração devido ao amor e respeito aos mais velhos e ao passado.
O sentimento gregário, o altruísmo, é o motor do progresso. O conflito, a ruptura, gera a destruição, a pobreza, a morte.
O progresso é verificado na pesquisa da sucessiva alteração para melhor no aperfeiçoamento da sociedade humana.
O individuo morre, mas o agrupamento humano em sociedade continua vivo em aperfeiçoamento contínuo. O progresso pode ser verificado na história pelo resultado final apesar de oscilações, de estagnação, de recuos, dos riscos e obstáculos. O progresso social não é retilíneo, é oscilante.

AMANHÃ: A arte de escrever a História: a historiografia crítica da Nicolas Fréret.


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