23 DE OUTUBRO.
Fontenelle: a possibilidade de vida fora do planeta terra
FONTENELLE
Bernardo le
Bovier, Senhor de Fontenelle
(nasceu em 1657, em Ruão (Rouen), França; morreu
em 1757,em Paris)
FILÓSOFO
HUMANISTA PRECURSOR DO ILUMINISMO CIENTISTA LAICO
O RACIOCÍNIO CIENTÍFICO NA FILOSOFIA MODERNA
A grande revolução do
pensamento humano ocorreu com o fim da Idade Média, com a queda do papado, da
unanimidade católica e do feudalismo.
O mês de Descartes da
Filosofia Moderna descreve essa importante revolução intelectual, a maior em
toda a história da sociedade humana ao estender a razão experimental a todo
conhecimento.
Nesta terceira semana se consagra o estudo filosófico humano em
suas relações com a sociedade. Seu chefe é Leibnitz. Associados estão grandes
autores que pesquisaram os princípios fundadores das leis: Grotius, Cujas e
Montesquieu; os que se dedicaram â filosofia da história como Vico, Fréret,
Herder. Segue com Winckelmann na história da arte e Buffon na exposição das
relações da espécie humana com as outras raças animais.
Ver em 1008 C em 08 de outubro o QUADRO DO MÊS DE DESCARTES
A FILOSOFIA MODERNA, com os grandes nomes representativos da evolução social do
mês
FONTENELLE (1657-1757)
nasceu em Ruen, França. Sua mãe era irmã do grande dramaturgo poeta Pierre
Corneille e seu pai um notável advogado. Estudou no colégio dos jesuítas de
Rouen, dando mostras de uma grande aptidão para a literatura. Mesmo destinado
ao estudo do Direito, ele procurou ganhar todo tipo de conhecimento.
Em 1691 foi recebido na Academia de Ciências em Paris. Ele foi nomeado
Secretário da Academia, cargo que ocupou durante 42 anos. Morreu em Paris, em
1757, um mês antes
de completar 100 anos de idade. Disse, em seus últimos momentos, que não sofria
de mal algum, a não ser uma certa dificuldade de continuar a viver. A saúde
permanente de Fontenelle por toda sua longa vida, faz um contraste notável com
a extrema delicadeza de seu temperamento durante a infância. Seu caráter era especialmente
plácido e igual. Era doce e brilhante, dizendo-se que ele nunca ria, nem
chorava.
Fontenelle era um verdadeiro pensador, mas não fazia questão de
receber o título de filósofo. No começo dos anos 1700, do século 18. o
movimento de libertação das crendices antigas não se limitava a apenas alguns
pensadores. A liberação mental foi
divulgada em geral e Fontenelle teve
grande participação nesse movimento de ensino da ciência.
Fontenelle é o primeiro
pensador da escola de pensamento do Iluminismo, um grupo de brilhantes
filósofos não religiosos dos anos 1700, no século 18. Os pensadores do
iluminismo foram reformadores do saber, com uma firme fé na possibilidade de um
mundo melhor. Eles conseguiram juntar as novas teorias científicas à sua
aplicação prática e útil. O Iluminismo se
formou com filósofos como Francis Bacon, Descartes e Galileu que fundaram o
novo conhecimento do mundo e do homem. Fontenelle foi um grande amigo de
Montesquieu e de Voltaire.
A popularização da filosofia moderna foi feita por Fontenelle em sua História dos
Oráculos, de 1687, onde ele faz a crítica das religiões pagãs,
anteriores ao cristianismo. Ele coloca essas crenças embaixo de dúvidas que os
leitores logo vêm que são críticas válidas também para a religião cristã. Num
estudo original de historiografia, Da
origem das fábulas, de 1724, Fontenelle mostra a teoria de que fábulas
iguais surgem em culturas completamente diferentes. O que seria uma tentativa
de estudo da religião comparada.
Uma das discussões da época se referia a uma suposta inferioridade
da literatura moderna em relação à literatura da antiguidade. Os escritores e
poetas modernos não seriam melhores que os antigos. Fontenelle se opôs com
energia essa opinião. No ponto de vista puramente artistico, estético, poderia
haver dúvida a respeito. Mas Fontenelle ampliou o debate, mostrando a superioridade das novas descobertas
científicas. E demonstrou a verificação da ampliação continuada do
conhecimento em todas as suas formas. A
noção de progresso era, então, uma idéia muito nova. Porque as verdades
divinas da religião, que estavam nos livros sagrados, eram todas eternas, sem
alteração, impedidas de progresso. Só o conhecimento relativo, não absoluto,
pode melhorar quando se experimenta mais, tendo mais vivência.
Fontenelle é mais conhecido por seu livro Pluralidade dos Mundos,
que indica a possibilidade de vida fora da terra. É uma explicação da
astronomia popular simplificada, divulgando as novas descobertas científicas,
muito importantes para a nova sociedade que se formava. Essa obra e os Elogios dos Sábios, com a biografia dos
pensadores da Academia de Ciência, são de leitura recomendada até nossos dias,
como uma forma didática de obtenção do conhecimento.
A Pluralidade dos mundos
tem um valor histórico como o melhor monumento de homenagem a uma teoria que
teve uma enorme repercussão para o desenvolvimento da visão do mundo na
modernidade. A descoberta do movimento da terra e das leis da astronomia
científica mostraram com precisão o lugar do homem na natureza. Foi uma lição vigorosa de modéstia
muito necessária: estamos num pequeno planeta, secundário, girando em torno de
uma estrela menor. O homem não é o rei da natureza, dono do centro do universo.
Fontenelle é, portanto, o primeiro dos grandes filósofos do
ILUMINISMO. Que foi um forte e elevado movimento intelectual de emancipação,
libertando os humanos da superstição e da ignorância. Uma tarefa ainda em
execução em nossos dias.
AMANHÃ: Somente os humanos respeitam os idosos e os seus mortos:
Giambattista Vico.
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