15 DE JUNHO: Bourdaloue o melhor dos pregadores religiosos no calendário histórico.
BOURDALOUE
Bourdaoue, Louis
(nasceu em 1632, em Bourges, França; morreu em 1704, em Paris;
JESUÍTA FRANCÊS CHAMADO O REI DOS PREGADORES E O PREGADOR DOS REIS
A Idade Média faz a transição entre a civilização da Grécia e Roma com os tempos modernos. A mudança foi feita com a passagem do politeísmo romano para o monoteísmo católico. O Catolicismo tem uma função importante nessa etapa da evolução social: a regeneração moral dos povos, com a educação dos sentimentos. Esse resultado foi obtido estimulando o altruísmo, que é o sentimento de associação e comprimindo os instintos egoístas, os sentimentos de proveito pessoal.
O Cristianismo é que viria atender à necessidade de regeneração moral dos romanos e à aspiração de um libertador e redentor da nação dos judeus.
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA
Pela primeira vez na história o poder das opiniões, do ensino e da consagração se torna livre em relação ao poder coercitivo político armado. Nunca ocorreu, em todo mundo, a libertação do Poder Espiritual em relação ao Poder Temporal. Desse modo se completa a instituição política liberal da religião de São Paulo, começada pelo imperador Constantino, continuada por Teodósio. Atinge seu ponto culminante pelo estabelecimento final do poder político liberal do pontífice romano sob a direção de Hildebrando, como papa Gregório VII.
A quarta semana do mês do Catolicismo mostra o seu papel de controlar e estimular a vida moral das massas após a queda do papado e da fé. Com a perda do poder político as igrejas nacionais católicas se subordinam ao poder político de cada país sem romper com o papa. O tipo principal é Bossuet, chefe de semana, tendo sua biografia no domingo último dia da semana. O protestantismo é representado por William Penn, da mais pura de suas seitas, a dos Quakers, em que a utilidade social é completamente afastada da ambição mundana.
Notar que em cada semana deste mês figura uma ou duas mulheres ilustres: a mãe de Santo Agostinho; Heloisa, com sua ternura e Beatriz; Santa Tereza d´Avila, a sublime mística espanhola.
Ver em 0521 1 O QUADRO DO MÊS DE S PAULO O CATOLICISMO com todos os grandes tipos humanos do mês.
Luis Bourdaloue nasceu em Bourges, na França. Seu pai era um jurista. Entrou para o colégio dos jesuítas, onde estudou. Tornou-se um jesuíta em 1648, e em pouco tempo mostrou sua habilidade para a oratória sagrada. Como professor lecionou por muitos anos.
Depois de servir nas províncias, foi levado em 1669 para Paris, onde começou pregando na igreja de São Luis. Em pouco tempo ganhou o título de o “rei dos pregadores e pregador dos reis”. Bourdaloue é considerado o maior pregador religioso do século 17. Nessa época o pregador nas igrejas fazia o papel comparável ao dos jornais em nossos dias.
A corte de Luís XIV e todas as classes da sociedade vinham ouvir com arrebatamento seus sermões. Madame de Sévigné em 1680 disse:
“Nós ouvíamos o sermão de Bourdaloue que nos chocava, dizendo as verdades à rédea solta, falando a torto e a direito contra o adultério: salve-se quem puder, ele vai sempre em frente”.
Um comentador recente, Sainte-Beuve, fala de sua grandeza, sua sóbria beleza e sua moralidade profunda. Apesar de rivais brilhantes, o jesuíta Bourdaloue mantinha sua posição de destaque na admiração pública e seu caráter elevado mantinha seu valor. Um contemporâneo disse que sua conduta foi a melhor resposta às Lettres provinciales. As Cartas provinciais, escritas pelo filósofo e teólogo francês Blaise Pascal, defendiam a posição da heresia dos jansenistas, que negavam o livre-arbítrio. Há uma curiosa e famosa citação da justificação de Pascal por ser a 14ª carta muito longa: “Eu teria escrito essa carta mais curta, mas não tive tempo.” Portanto, a concisão exige tempo.
Muitas personalidades eminentes, como Condé entre outros, escolheram o grande pregador jesuíta para dirigir suas consciências. Mas ele se recusou de cumprir a mesma função para a Madame de Maintenon, poderosa amante de Luis XIV.
Bourdaloue foi comparado inevitavelmente com seu contemporâneo o bispo Jacques-Bénigne Bossuet, embora seus estilos e conteúdos fossem muito diferentes. Bourdaloue sempre escreveu seus sermões, que eram exposições lógicas com penetração na natureza humana. Nunca bajulou seus fiéis, mas sua bela voz os deixava fascinados.
Bossuet, cujos sermões dependiam de alguma maneira do estímulo da ocasião, foi chamado de pregador lírico, em contraste com os sermões de Bourdaloue, que eram bem preparadas exposições dialéticas. Mas hoje Bossuet é mais lido do que Bourdaloue. Bourdaloue muito deveu à beleza de sua voz e à atração de sua personalidade.
Bourdeloue ofereceu seus últimos serviços religiosos nos hospitais e prisões. Morreu em 1704, em Paris, aos 72 anos de idade. Ele foi um dos membros da Companhia de Jesus, criada por Inácio de Loyola para proteger a Igreja Católica contra a revolução, que, desde 1300 enfraqueceu e acabou com o poder do papado, e que teve como resultado a divisão da religião na Europa do ocidente com os cristãos protestantes e sua constante divisão em numerosas seitas.
É nessa perigosa era de revolução em que nos achamos até hoje, passados 700 anos. Um estado de incertezas e de revolta geral que nos exige uma solução corretiva. Pelo estudo do passado podemos saber em que posição estamos na longa evolução da sociedade humana, que se fez em muitos milênios. Então podemos ver de onde viemos, para onde vamos.
AMANHÃ: A colônia da Pennsilvânia o projeto de William Penn.
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