16 DE JUNHO.BOSSUET:
leis sócio-históricas para descobrir as relações entre os fatos
BOSSUET
Bossuet,
Jacques Bénigne
(nasceu em
1627, em Dijon, França; morreu em 1704, em Paris)
BISPO
CATÓLICO FRANCÊS PRIMEIRO NO TRATAMENTO FILOSÓFICO DA HISTÓRIA
A
regeneração moral com a compressão do egoísmo anti-social
O
Catolicismo teve uma ação importante na evolução social da Idade Média: a
regeneração moral dos povos, com a educação dos sentimentos e costumes. Esse
resultado foi obtido estimulando o altruísmo, que é o sentimento gregário, de
associação, e comprimindo os instintos egoístas, os sentimentos de proveito
pessoal. Assim os violentos guerreiros se tornaram Cavaleiros para a proteção
da mulher, dos pobres, dos fracos e doentes; ao culto da sua dama e da Mãe de
Deus
Verifica-se
e fica bem claro na história o papel das doutrinas religiosas no ensino e
consagração para a proteção, manutenção e aperfeiçoamento da sociedade humana
em nome de um sagrado ser superior divino. As doutrinas anti-sociais perturbam
e mesmo levam à morte da própria congregação religiosa. Essa é a razão do
supremo poder de vida ou de morte da associação humana, suave e sutilmente
exercido desde os mais remotos milênios da evolução da espécie. Os sábios
sacerdotes de todas, de todas as religiões sentiram a força dessa lei
sociológica básica. Regra que obrigou e obriga a todos a eternamente proteger e
servir ao grande organismo social humano em nome de seus adorados e poderosos
deuses. Porque caso contrário, todos morreriam com a destruição da sociedade.
LIBERDADE
DE CONSCIÊNCIA
Pela
primeira vez na história o poder das opiniões, do ensino e da consagração sem
armas se torna livre em relação ao poder coercitivo político armado. É a
libertação do Poder Espiritual, da liberdade de consciência, da formação da
opinião. Liberdade completa em relação ao Poder Temporal da disciplina dos atos
pela força. A liberdade dos formadores de opinião foi feita pelo Catolicismo
pela primeira vez na história do mundo. Antes do cristianismo católico o poder
político era totalitário, não havendo liberdade de consciência em todas as
civilizações passadas, para suas religiões. Comprova-se assim que o
totalitarismo como controle das consciências é de fato um regime político
retrógrado e cruel, muito antigo, bárbaro.
A quarta
semana do mês do Catolicismo mostra o seu papel de controlar e estimular a vida
moral das massas após a queda do papado e da fé. Com a perda do poder político
as igrejas nacionais católicas se subordinam ao poder político de cada país sem
romper com o papa. O tipo principal é Bossuet, chefe de semana, tendo sua
biografia no domingo último dia da semana. O protestantismo é representado pela
mais pura de suas seitas, os quakers, em que a utilidade social é completamente
afastada da ambição mundana.
Ver
em 0521 01 B O QUADRO DO MÊS DE S PAULO O CATOLICISMO
com todos os grandes tipos humanos do mês.
Em 1652, aos 25 anos, Jacques Bossuet [pronuncia-se Bó’ ssü’ ê] foi ordenado padre, após ser preparado no
retiro de São Vicente de Paula. Depois foi para Metz onde foi elevado a cônego,
e onde tornou-se decano. Senhor imponente do cargo, conquistou logo a confiança
do rei e se destacou na Igreja e na corte real. Tornou-se célebre pelas Orações Fúnebres que pronunciava.
Indicado como bispo de Condom em 1669 aos 42 anos, deixou o cargo para cumprir
seus novos deveres na corte, como preceptor do Delfim, o primogênito do rei. O
que fez até 1681, com 54 anos. Tornou-se então o bispo de Meaux.
A primeira questão como bispo foi apresentar-se como o orador da
assembléia do clero que Luis XIV convocou para sustentar sua orgulhosa demanda
com o papa em relação à nomeação dos prelados pelo rei e para defender os
direitos da Igreja Galicana, a igreja da França. De sua autoria são também os
quatro artigos que, denunciados pelo papa, o rei Luis XIV fez promulgar como
lei do Estado Francês. O que marcou uma época na historia da França e da Igreja
Romana. A partir desse momento, Bossuet se dedicou plenamente à sua diocese,
cumprindo seus deveres de bispo com um zelo exemplar e ainda sem parar de
escrever. Em 1700, com 73 anos, dirigiu outra assembléia em que combateu várias
heresias.
Bossuet morreu em Paris em 1704 aos 77 anos de idade, sendo
enterrado na catedral de Meaux.
Ele foi o mais eloqüente e o mais famoso pregador de sua época. E
até hoje é apreciado em suas obras literárias, incluindo as orações fúnebres
que produziu. Fez a defesa da ortodoxia e da ordem da Igreja Católica Romana.
Mas todos os seus atos, mesmo os mais famosos, são marcados por favorecer o seu
chefe da nação, o seu rei. A seu respeito, disse Arnauld que
“Existe todavia um `verumtamem´, um porém, um contudo, que
eu entendo como sendo que ele não devia contas a Deus: é que ele não tinha a
coragem de contrariar o seu rei. É a condição daqueles tempos, mesmo para os
que têm as grandes luzes”. Chamado de “Águia
de Meaux”, foi o mais ativo antagonista dos perturbadores imediatos da
Igreja Romana. Ele manteve com os protestantes uma controvérsia que durou tanto
quanto durou sua vida.
O principio
do livre exame na religião com a leitura da Bíblia por todos foi uma
conseqüência direta da secularização e das mudanças sociais
que ocorreram a partir de 1301 em diante, até chegar à Reforma protestante de
Lutero, em 1517. A
religião não conseguiu resistir ao exame pessoal de seus mistérios, feito
individualmente pelos adeptos usando o livre exame de sua doutrina. Os
mistérios devem ser aceitos por fé, mesmo que absurdos. A partir dessa
época o poder central do papa ficou cada vez mais ameaçado, e tanto os reis
como os padres achavam que poderiam pensar de forma racional dentro da
religião, como em outros assuntos, A partir do enfraquecimento do papado, cada
igreja nacional se subordinou a seu próprio governo político, acabando seu
vinculo administrativo com a sede romana, sem ruptura. Era o fim do poder do papado.
As heresias se multiplicaram, e, no tempo de Bossuet, ele combateu
o jansenismo, que não aceitava o
livre arbítrio e pregava que a graça seria inata, dada a poucos. Outra heresia
da época foi o quietismo, que dava
ênfase à salvação da alma de cada crente, levando ao extremo da total
inatividade. O quietismo revela o
conflito da religião com sua utilidade social.
Bossuet escreveu muitas obras, sendo as mais notáveis A Política Sagrada, em 1671, O Discurso sobre a Historia Universal de
1681 e o Resumo da Historia da França,
de 1670. Ele realizou, pela primeira vez, a apreciação filosófica direta do
conjunto do passado da sociedade humana.
Bossuet participou do trabalho de preparação da Sociologia como estudo
científico verificável da sociedade com sua elaboração histórica, onde, pela
primeira vez, o fenômeno político é considerado como sujeito a leis
invariáveis, e que, pelo tratamento racional, uns fatos podem ser determinados
pelos outros. O que só se comprova raciocinando com o fenômeno abstrato.
A
razão do grande serviço prestado por Bossuet resulta do objetivo que procurava,
que foi propor o estudo da historia
sistemática como a base necessária da educação política.
Por seus trabalhos literários e sua por sua filosofia, Bossuet é
um exemplo bem definido de que o gênio estético convive com a criação
intelectual na mesma pessoa, e cada habilidade é posta em ação pela necessidade
ditada pela situação do momento.
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