30 DE JULHO. Jean
Froissard: fiel historiador da guerra e da paz da vida medieval
FROISSARD
Jean Froissart
(nasceu de 1337 em
Valenciennes, França, morreu de 1405 em Chimay, no Hainaut, Bélgica)
LEALDADE DO
CAVALEIRO A SEU REI, A SUA FÉ, FIDELIDADE A SUA DAMA
ESTÉTICA
as artes da linguagem, da afeição e da expressão
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da inteligência e da
atividade
A Idade Média promoveu a liberdade do povo trabalhador, com a
indústria e o comércio livre, com a sistematização do sistema capitalista de
liberdade civil. A civilização moderna, após o fim da civilização medieval,
com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade
na atividade humana. A secularização fez a saída do ensino e das artes de
dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se
libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a
Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em
fase de transição, em tempos de revolução sem a unanimidade cristã da Idade
Média. É a passagem de uma civilização
medieval da guerra de defesa para uma civilização pacífica científica e
industrial.
Triunfos esplendidos foram
conseguidos pelo gênio artístico aos poucos se afastando da religião, apesar do
clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de
produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações
artísticas.
Nesta terceira semana o tipo
destacado como chefe de semana é Tasso. Ele tem seu dia no domingo, último dia
da semana. Aqui é relembrada a criação da poesia do espírito cavalheiresco
medieval, à idealização das virtudes da cavalaria e aos romances de aventura.
Ver em 0716 01 C O
QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com todos os grandes tipos humanos do
mês.
NOSSOS ANTEPASSADOS
INESQUECÍVEIS
Maiores figuras
humanas na antiguidade
que prepararam a
civilização do futuro.
JEAN FROISSART
(1337-1705) era filho de um pintor de heráldica, de brasões. Nasceu em
Valenciennes em 1337.
Com Froissart vamos homenagear os tempos da cavalaria do fim da
Idade Média.
O jovem poeta foi para a Inglaterra munido de recomendações de
pessoas da nobreza e da realeza para Philippina de Hainaut, esposa do rei
Eduardo III. Ela ficou para sempre sua
amiga e protetora. Com esse apoio e depois, com a ajuda de uma longa série de
grandes e destacados protetores, Froissart pode empreender por todo o ocidente
suas grandes viagens, durante as quais ele recolheu suas numerosas anotações
por cerca de quarenta anos.
Ele visitou o leste, o norte e o sul da Inglaterra, a Escócia, a
França e depois a Bretanha, a Lombardia, Roma e uma grande parte da Itália. Por
todo lugar, suas altas referências e seus brilhantes atributos lhe abriram as
cortes dos soberanos, dos príncipes e dos nobres, de sorte que ele viveu quase
constantemente em companhia dos barões, dos senhores, dos cavaleiros e das
damas. Sua curiosidade insaciável, sua notável memória e sua habilidade nas
pesquisas colocaram-no na posição de recolher as narrativas cavalheirescas que
lhe contaram os cavaleiros, os escudeiros, as damas e as donzelas de todas as
cortes que ele visitou.
Com a idade de 36 anos, ele se tornou padre na vila de Lestines,
na diocese de Liège. Então Froissart começou a compor sua famosa crônica das
ações da cavalaria na paz e na guerra. Ele usava sua posição privilegiada para
questionar as principais figuras de seu tempo e para observar os mais
importantes eventos.
Seus registros descrevem casamentos, funerais e grandes batalhas
de 1325 a
1400. Começou no Livro I com a transcrição da crônica do escritor flamengo Jean
le Bel. O Livro II cobre a história em Flandres e a paz de Tournai; o terceiro
Livro em Portugal e Espanha. O Livro IV conta a batalha de Poitiers e sua
visita a Inglaterra.
No fim de sua carreira de capelão da corte do Senhor de Beaumont
ele foi nomeado cônego e tesoureiro de Chimay em Hainaut. Ali ele
morreu cerca do ano 1405.
Froissart era o mais infatigável dos questionadores. Ele usava a
arte de fazer falar cada um, homem ou mulher, daquilo que tenha visto. A
guerra, o sitiar de uma cidade, as festas, os torneios e todos os fatos e
gestos dos cavaleiros são para ele o único fim de sua existência. Todas as
pessoas, sem diferença de nacionalidade ou de língua, lhe interessavam
igualmente, desde que fossem nobres, galantes e habituados à vida das cortes
reais.
Froissart é o mais antigo e será até o príncipe do que nós hoje
chamamos de correspondente de guerra.
Mas com toda sua paixão pelo pitoresco e seu culto pelas altas classes, ele não
é, no fundo, nem bajulador nem mercenário. As proezas cavalheirescas do homem
bem nascido, da classe alta, são a sua religião e a sua poesia. Por isso ele
foi chamado de “o Heródoto de uma idade
bárbara”.
Nas suas Crônicas, ele descreve muitos dos eventos mais
importantes do fim do século 14. Mergulhado nos ideais da cavalaria, Froissart
concentrou-se exclusivamente na vida da nobreza e da guerra.
Na abertura de sua obra ele expõe sua visão: eu escrevi esta
história
“a fim de que os honrados
empreendimentos, as nobres aventuras, as façanhas realizadas durante as guerras
entre a Inglaterra e a França sejam convenientemente contadas e mantidas em
perpétua lembrança e que sirvam de exemplo e de encorajamento para as boas
ações”.
AMANHÃ: A poesia cavalheiresca da Idade Média,
heróica, guerreira e patriótica: Luís de Camões.
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