terça-feira, 7 de julho de 2015

0708 INOCÊNCIO III papa sem armas com o poder moral sobre os reis e da diplomacia

JULHO 08. Inocêncio III: papa entre os mais nobres, mais enérgicos e arbitrários

INOCÊNCIO III
Innocent III, Lothaire dei Conti, Lotario Di Segni
(nasceu em 1161, no Castelo Gavignano, Roma; morreu em 1216 em Perúgia, Itália)

PODEROSO PAPA NA ÉPOCA DE MAIOR PRESTÍGIO E PODER MORAL DA RELIGIÃO CATÓLICA

As grandes contribuições da Civilização Feudal para o progresso da sociedade humana
Na terceira semana estão os fundadores da vida nos monastérios. O tipo principal é Inocêncio III, que se colocou entre os mais nobres e enérgicos papas. Sua biografia está no domingo que termina a semana.

Ver em 0618 C
O QUADRO DO MÊS DE CARLOS MAGNO A CIVILIZAÇÃO FEUDAL,
com o resultado geral do feudalismo e com os grandes tipos humanos do mês.

NOSSOS ANTEPASSADOS INESQUECÍVEIS
Maiores figuras humanas na antiguidade
que prepararam a civilização do futuro.

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INOCÊNCIO (1161-1216) nasceu na família nobre italiana dos Conti em 1161, no Castelo Gavignano, Campagna di Roma, nos Estados Papais. Recebeu no batismo o nome de Lotario di Segni, sendo educado em Pávia e em Bolonha. Em Paris estudou teologia e lei canônica com o grande canonista Huguccio de Pisa, que lhe passou suas moderadas doutrinas a serem seguidas no relacionamento entre as autoridades espirituais e os chefes temporais. Essa moderação influenciou o futuro papa por toda a vida.
Destacando-se por seu saber e sua moralidade, Lotário foi elevado a cardeal aos 28 anos e se tornou um dos mais fiéis e mais acreditados dos conselheiros do papa. Em 1198, com a idade de 37 anos, Lotário, cardeal Conti, foi escolhido para papa por unanimidade. Como sinal da pureza de seu caráter, foi aclamado com o nome de Inocêncio III. Desde sua eleição até sua morte, em 18 anos como papa, Inocêncio III colocou sempre, como indispensável à autoridade do pontífice na chefia moral do mundo católico, um poder sem armas, forte, mas somente com seu poderoso prestígio intelectual e religioso.
O papa Hildebrando, Gregório VII, havia mostrado a importância do papel da Igreja Católica e da força moral do papa na regência da civilização cristã uniforme em toda Europa do ocidente. Inocêncio III estava consciente de sua responsabilidade papal e teve sucesso em tornar realidade essa concepção, levando ao máximo a liderança da Igreja. Ele elevou muito o esplendor e a majestade da ação do papa, em modo jamais visto antes. Mas Inocêncio claramente renunciava a interferir pelas armas nos conflitos políticos e no governo temporal, com exceção do controle dos Estados Papais e dos reinos que voluntariamente reconhecessem a soberania feudal do papa. Durante o pontificado de Inocêncio, foi possível que ele usasse sua autoridade espiritual, tanto dentro da Igreja, como também em todas as questões políticas de importância sem a força das armas.
A liberdade de consciência mantida pela Igreja Católica na Idade
Média, com sua autoridade puramente espiritual sobre as opiniões, ocorreu pela primeira vez na história. E essa separação entre o poder espiritual e o poder temporal resulta do lema católico de
dar “a César o que é de César, a Deus o que é de Deus”
Inocêncio reconheceu que ele não teria completa independência do poder político se não tivesse o poder de governar os Estados Papais no centro da Itália. Caso contrário, ficaria o papa sempre ameaçado de agressão pela aristocracia ambiciosa dos feudos vizinhos. Em poucos anos, ele conseguiu retomar os territórios da Igreja, o que foi feito com luta armada, feita pelo papa somente dentro de seus próprios domínios. Com essa forte decisão, Inocêncio pode ser visto como o verdadeiro fundador dos Estados Papais livres.
Alguns historiadores de renome confundem essa ação militar do papa em seus territórios como um domínio pelas armas pelo papado em toda a Europa. De fato os papas só usaram armas dentro de seus Estados, para sua defesa. O governo da opinião pública por toda Europa feudal pela Igreja Católica foi feito por seu prestigio moral, na época por sua força da fé religiosa, sem uso de violência armada. Em outras palavras, apenas como Poder Espiritual - que é o poder de formar a opinião pública – sem armas, livre, pelo seu ensino, pela persuasão, pela consagração.
Note-se que cada feudo tinha seu governo independente. Para impor a fé pelas armas em cada poder local seria necessária a impossível conquista de todos os feudos do continente, com o fim do sistema descentralizado feudal.
Inocêncio confirmou o direito dos papas em consagrar os novos reis ao trono do Sacro Império Romano, bem como de servir de árbitro nos conflitos entre os candidatos rivais, como diplomatas. Com a morte do imperador Henrique VI, em 1197, ele usou notável paciência e habilidade no relacionamento com o belicoso Philippe II de França, que mantinha o escândalo do repúdio de sua legítima esposa. Só depois de 12 anos Philippe recebeu de volta a rainha de direito, obedecendo à ordem de Inocêncio. No conflito com o rei João Sem Terra da Inglaterra quanto à nomeação do eminente cardeal inglês Stephen Langton como arcebispo de Canterbury, Inocêncio excomungou o rei e só muito mais tarde obteve a sua obediência, numa clara vitória para a independência e poder moral da Igreja. Além disso, ainda recebeu do rei o país inteiro como feudo da Igreja Católica.
O papa Inocêncio III declarou duas cruzadas. Para a libertação do sepulcro de Cristo, promoveu a quarta cruzada. Em 1204 um grupo de cruzados mudou seu objetivo e atacou a cidade cristã de Constantinopla, hoje Istambul, e provocou o seu saque. Esse fato trágico, censurado pelo papa, acabou com as boas relações entre a igreja cristã grega e a igreja latina católica. Em 1208 Inocêncio declarou uma cruzada contra os albigenses do sul da França que pregavam uma heresia que negava a hierarquia de religiosos e a própria Igreja. A cruzada provocou lutas sangrentas, mas sem obter uma vitória definitiva final contra a heresia albigense. No pontificado de Inocêncio III foi muito importante o estabelecimento que realizou das duas grandes ordens militantes: a ordem dos dominicanos e a ordem dos franciscanos.
Inocêncio III morreu em 1216 com a idade de 55 anos. Ele é o tipo humano de tudo que há de nobre, do mais enérgico e, ao mesmo tempo, de mais arbitrário na crença absoluta do Catolicismo. Mas permanece para a modernidade a importante lição da doutrina católica da Idade Média. Como sendo a demonstração de uma doutrina de liberdade do poder da cultura, da liberdade de consciência espiritual. A lição pioneira do Catolicismo na liberdade de opinião em relação ao poder coercitivo do governo material – Poder Temporal - quando os cultos sacerdotes completavam a maturidade constitutiva da Igreja Católica, isto é, da genuína Igreja Universal da Idade Média.

AMANHÃ: Representante da monarquia e da pátria francesa: Santa Clotilde.




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