18 DE JULHO: RABELAIS
fazia rir dos sofismas, do obscurantismo hermético religioso
RABELAIS
François
Rabelais, Alcofribas Nasier em pseudônimo
(nasceu no ano 1494 da
nossa era, em Poitou, França; morreu em 1553, em Paris)
PADRE E MÉDICO
PIONEIRO DO HUMANISMO ANTI-RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO E NA CIÊNCIA
Estética, as artes da linguagem, da afeição e da expressão.
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da atividade e da inteligência.
A civilização moderna, após o fim
da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma
grande variedade na atividade humana, pela
liberdade do povo trabalhador, com a indústria e o comércio, com a
sistematização do sistema capitalista de liberdade civil. Criou também a
saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos.
As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como
ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem
conflito.
Na modernidade nos encontramos em
fase de transição, em tempos de revolução.
É a passagem de uma civilização medieval da guerra de defesa para uma
civilização pacífica científica e industrial.
Triunfos esplendidos foram conseguidos
pelo gênio artístico independente da religião apesar do clima de revolta. É o
sinal da potente capacidade da natureza humana de produzir, mesmo em situação
de desvantagem, um conjunto glorioso de criações artísticas.
A primeira semana tem Ariosto como
chefe, mostrado no domingo último dia da semana. Ali estão autores que criaram
pinturas ideais da natureza humana sob todas as suas formas, com a poesia de
costumes, mostrada nas suas manifestações da história da sociedade moderna.
Ver em 0716 01 C O
QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com todos os grandes tipos humanos do
mês.
NOSSOS ANTEPASSADOS
INESQUECÍVEIS
Maiores figuras
humanas na antiguidade
que prepararam a
civilização do futuro.
RABELAIS
(1494-1553). Padre e escritor, Rabelais foi um ilustre pensador, consagrado por
sua obra-prima Gargântua e Pantagruel.
Ele foi dos primeiros a difundir os novos ideais do humanismo anti-religioso,
fazendo o elogio da educação, e recomendando que se beba da “sagrada garrafa”
do saber e das luzes.
RABELAIS
nasceu em Chinon, Touraine, França, cerca de 1490. Seu pai era um rico dono de
hospedaria que o colocou num convento de frades beneditinos para estudar. Mais
tarde, ele foi para um monastério franciscano de Fontenay-le-Comte, onde foi
ordenado como padre em 1511.
Seus
estudos brilhantes, especialmente na língua grega, junto com seu espírito de
deboche, fizeram o ciúme e a ira dos frades, que o condenaram à prisão
perpétua. Ele foi libertado pela intervenção enérgica do Tenente-general do
distrito, ele obtendo do papa Clemente VII em 1524 a permissão de entrar
numa abadia de beneditinos, onde não se demorou muito.
Mas
a perseguição se tornou cada vez mais ameaçadora e ele deixou o lugar e foi, em
1530, para Montpelier, então uma das primeiras escolas de medicina da Europa.
Ele tomou parte nas lições públicas sobre medicina, em especial sobre os
autores da Grécia e recebeu o grau de bacharel apenas um mês depois de sua
matrícula.
Em
seguida, foi para Lion, onde se encarregou de editar e de publicar diferentes
obras, particularmente as de Hipócrates e de Galeno, mantendo uma ativa
correspondência com os sábios da época. Foi em Lion que ele pensou em escrever
sua obra famosa, o Pantagruel.
Continuando essa idéia de ridicularizar as histórias inúteis dos romances de
cavalaria, idéia que Cervantes depois desenvolveu. Ele se serviu da caricatura
para satirizar as loucuras, o pedantismo e a falsa religiosidade de seu tempo.
Rabelais usou os novos conhecimentos científicos que iluminavam a Europa para
fazer essa caricatura. E ele foi um dos primeiros a sentir e a divulgar o novo
espírito das luzes do saber.
A
audácia dos ataques contra o papado levaria Rabelais a ser queimado vivo na
fogueira se não fosse a intervenção do rei Francisco I e de outros amigos
influentes. Um grande número de altos sacerdotes franceses foi a favor do
espírito da reforma protestante. Mas Rabelais logo percebeu claramente que a
nova reconstrução protestante de Calvino ameaçava instalar outra tirania
espiritual religiosa tão dura quanto a tirania antiga e ainda menos social do
que a antiga. Ele, atacando as duas ao mesmo tempo, não deixava margem a
nenhuma onde se abrigar.
Rabelais
publicou sua obra aos poucos, com longos intervalos. A segunda publicação
ocorreu em 1533, com o início do Pantagruel.
A primeira parte saiu no ano seguinte. O terceiro livro só foi publicado em
1546 e o quarto somente cinco anos mais tarde. O quinto livro só saiu após a
sua morte.
Seus
textos mostram um uso abundante do idioma francês da renascença, com um notável
resultado, no burlesco e na sátira. Com o pseudônimo de Alcofribas Nasier ele
publicou “As horríveis e espantosas
façanhas e proezas do muito renomado Pantagruel, rei dos Dipsodes” em 1534.
Nada com essa apreciada qualidade foi feito antes, em francês, nesse gênero. No
estilo do falso herói, do romance da cavalaria, ele fazia rir de todo tipo de
sofisma, de obscurantismo religioso, de hermetismo e secretismo, além de rir do
escolasticismo da Sorbonne.
Para
evitar as perseguições que se preparavam contra ele, Rabelais se refugiou em
Roma, onde seu amigo o cardeal Du Bellay estava com poder. O cardeal conseguiu
do papa Paulo III o perdão das penas canônicas que cometeu ao violar os seus
votos de monge.
Voltando
a Montpelier, ele recebeu o título de médico, com que ele pode clinicar em
várias partes da França. Rabelais passou os seus últimos anos de vida como
pároco de Meudon, perto de Paris, sempre muito festejado pelos grandes sábios
de seu tempo.
Ele
morreu em Paris em 1553, conservando até sua última hora o mesmo espírito
crítico. Pela tradição, quando recebeu o sacramento da extrema-unção, ele teria
dito: “Minhas botas estão prontas para a
grande viagem”. E juntou: “Eu vou
procurar o grande Pode Ser”.
Rabelais
mostra claramente como o catolicismo, com a formação de seu cuidadoso sistema
de ensino construiu o fundamento do espírito das luzes no saber da modernidade,
sendo seus próprios sacerdotes os primeiros pesquisadores da ciência. Apesar
disso, em parte, certos teólogos cristãos tentaram impedir o progresso científico,
ao ver na ciência a grande adversária da doutrina teológica.
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