25 DE SETEMBRO. Madame de Motteville: A memória política da Europa no século 17.
MADAME DE MOTTEVILLE
Françoise Bertaut de Motteville
(nasceu cerca 1620, morreu em 1689)
ESCRITORA DA MEMÓRIA POLÍTICA EUROPÉIA DO SÉCULO 17
A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do servo da gleba do feudo, liberdade do trabalhador, do povo, com o desenvolvimento da indústria e do comércio.
Criou também a saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
O domínio das artes de linguagem, da Estética, teve na modernidade um grande desenvolvimento, gerando um número maior de grandes artistas do que na antiguidade.
O mundo antigo era a muitos respeitos mais favorável do que a modernidade à produção da grande poesia. A sociedade era mais homogênea e mais harmoniosa em sua constituição, também mais estável e mais regular em seu movimento.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução, ao passar de uma civilização medieval para uma civilização científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, os conflitos e alterações incessantes da vida estimulam a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Mas, apesar do clima de revolta, triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente. É o sinal da potente capacidade da natureza humana para criar e produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de obras artísticas.
Esta terceira semana tem como chefe Molière, no domingo que a encerra. Contém os grandes cômicos, mestres do teatro satírico dos costumes. Entre os doze nomes somente dois são autores de peças de teatro. Em comparação, entre os poetas antigos no mês de Homero, há quatro autores de comédia. No mundo moderno a comédia de costumes passou do teatro para o romance.
Ver em 0910 1 O Quadro do Mês de Shakespeare, O Drama Moderno, com os grandes tipos representantes da evolução social do mês.
MADAME DE MOTTEVILLE, Françoise Bertaut, registrou em suas memórias cheias de graça e de sensibilidade a história da corte real da França, de Richelieu e de Mazarin. Ela nasceu cerca de 1521 na família Bertaut, bem relacionada na corte real e na Igreja oficial. Seu pai é um nobre da Câmara Real; seu tio é o bispo Bertaut, poeta conhecido. Sua mãe, de família nobre da Espanha, muito ligada à pessoa da rainha Ana da Áustria e sua secretária particular.
Por meio de sua mãe, a jovem Françoise foi destinada ao serviço da rainha Ana desde sua infância, em 1528. Mas o cardeal Richelieu, para evitar a reunião de espanhóis no palácio, insistiu para que a inteligente criança ficasse longe da corte. Ela foi então para a Normandia aos 10 anos de idade. Lá foi educada com grande cuidado e com excelente formação.
Em 1639, com 18 anos de idade, casou-se com Langlois de Motteville, presidente do Tribunal de Contas da Normandia, de 80 anos, mas com saúde e vigor, então viúvo pela segunda vez. Françoise aceitou de boa fé essa união mal escolhida e teve uma conduta correta. Depois de dois anos do casamento ela ficou viúva. Resolveu conservar sua liberdade e não mais se casou.
Logo após a morte de Richelieu e do rei Luis XIII, Mme. de Motteville retomou seu lugar junto à pessoa da rainha Ana da Áustria, então regente do reino, em 1643. Oficialmente tinha a posição de dama da Câmara da rainha, mas seu papel real era o de sua confidente.
Ela permaneceu na corte por 23 anos, até a morte de sua protetora em 1666. Então ela se retirou do mundo e consagrou sua vida às obras de caridade e a escrever suas Memoires, Memórias, que, então, completou.
Françoise de Motteville pertenceu ao círculo social de Madame de Sevigné. Depois de uma vida de discrição e bondade exemplares, ela morreu em 1689, com a idade de 68 anos.
As Memórias foram publicadas pela primeira vez em 1723 em cinco volumes. Elas contam a história íntima da corte real da França de 1614 a 1666, entrando em curiosos detalhes sobre a vida de Ana da Áustria depois de seu casamento com o rei Luis XIII da França. Ana é filha do rei Philippe III da Espanha sendo o centro das lembranças que foram anotadas por Françoise como forma de guardar a descrição de sua rainha.
As Memórias escritas por Françoise de Monteville têm sua leitura recomendada até nossos dias, por seu valor histórico confiável.
Madame de Motteville foi a confidente ideal para um soberano: era discreta, mas apresentava reticências prudentes; era observadora, investigante, laboriosa, sendo paciente e mantendo o controle completo sobre si mesma. Não faltava jamais ao devotamento à sua rainha e à honra e ao respeito de si mesma.
Os registros de Madame de Motteville são o ensinamento e o julgamento de uma mulher calma, clarividente, sincera, colocada durante toda uma geração no centro da política européia, tendo assim um alto valor documental. São a pintura dos costumes e dos atores da época.
AMANHÃ: As mais belas cartas em toda a literatura, em estilo simples e engenhoso: Madame de Sévigné.
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