17 DE SETEMBRO. Tirso de Molina: As mais aplaudidas e melhores tragédias na secularização da arte.
TIRSO DE MOLINA
Pseudônimo do Frade Gabriel Téllez
(nasceu cerca 1571, em Madrid; morreu em 1648, em Soria, Aragón, Espanha)
NOTÁVEL DRAMATURGO DA ERA DE OURO DA LITERATURA NA ESPANHA
A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do servo da gleba do feudo, liberdade do trabalhador, do povo, com o desenvolvimento da indústria e do comércio.
Criou também a saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
O domínio das artes de linguagem, da Estética, teve na modernidade um grande desenvolvimento, gerando um número maior de grandes artistas do que na antiguidade.
O mundo antigo era a muitos respeitos mais favorável do que a modernidade à produção da grande poesia. A sociedade era mais homogênea e mais harmoniosa em sua constituição, também mais estável e mais regular em seu movimento.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução, ao passar de uma civilização medieval para uma civilização científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, os conflitos e alterações incessantes da vida estimulam a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Mas, apesar do clima de revolta, triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente. É o sinal da potente capacidade da natureza humana para criar e produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de obras artísticas.
A segunda semana tem os representantes do progresso social na classe dos dramáticos puros, grandes sucessores de Shakespeare, de Lope de Veja a Goethe. São os criadores do drama de imaginação que nos representa um mundo ideal povoado de seres fictícios. Goethe, o autor do Faut, mostrou um elevado vôo de imaginação. A chefia da semana é de Corneille, no último domingo.
Ver em 0910 1 O Quadro do Mês de Shakespeare, O Drama Moderno, com os grandes tipos representantes da evolução social do mês.
TIRSO DE MOLINA é o nome literário, o apelido chamado de NOM DE PLUME, ou nome de pena ou caneta, literário, do frade católico com o nome de batismo de Gabriel Téllez.
Tirso recebeu sua educação na Universidade de Alcalá. Ele teria se tornado frade da Ordem de Nossa Senhora das Mercês em 1601 e no fim da vida foi o abade do mosteiro em Soria, cidade do norte da Espanha. Morreu como abade em Soria em 1648 com cerca de 80 anos de idade.
Como historiador da Ordem, escreveu a História general de la Orden de la Merced em 1637.
Como autor de pecas de teatro teve uma fecunda produção. Chegaram até nós cinco volumes de seus dramas. Eles foram todos publicados durante sua vida de religioso. Ele escreveu também muitas comédias publicadas à parte.
Suas peças, em grande parte, não se recomendavam para uma moral rigorosa e, por isso, foram proibidas pela Santa Inquisição. É um dos exemplos da revolução mental da modernidade, iniciada espontaneamente pelos próprios sacerdotes católicos. Neste caso, estamos na fase em que a arte já deixou as igrejas para se fazer nos palcos seculares, tanto populares como da nobreza.
A mais famosa de suas tragédias é El Burlador de Sevilla. Essa peça é que introduziu na literatura mundial o herói-vilão Don Juan. Essa figura teve origem nas lendas populares espanholas e foi criada no teatro, com grande originalidade, por Tirso de Molina. O anti-herói veio a ser um dos mais famosos em toda a literatura universal com a ópera Don Giovanni (1787) de Mozart. Pelo teatro de Molière ficou conhecido pela peça Festin de Pierre. Foi a base do Don Juan de Byron.
O tema do Don Juan foi usado na Inglaterra por Sir Aston Cokayne. Thomas Shadwell criou o personagem em The Libertine em 1676. Bernard Shaw fez a comédia Man and Superman em 1903 sobre o tipo do libertino e Richard Strauss compôs o poema sinfônico Don Juan em 1889. Juan é mostrado como um herói tragicômico, destruído por sua busca sem fim da mulher ideal.
As comédias de Tirso Cigarrales de Toledo, publicadas em 1624, são versos, histórias, dramas, como recreações do tempo de verão por um grupo de nobres. O nome cigarral significa casa de campo no dialeto de Toledo. São baseados no Decameron de Boccaccio.
Como dramaturgo, Tirso de Molina foi muito prolífico, com mais de quatrocentas peças, mas poucas foram guardadas até hoje.
Um paradoxo teológico é encenado na peça El Condenado por Desconfiado, no caso da salvação da alma de um perigoso ladrão arrependido, comparada com a danação de um religioso por ter tido uma única falta numa dúvida em sua fé. O conflito psicológico e as contradições são bem mostrados.
Ironia e tragédia estão presentes na obra de Tirso, como se encontra em Shakespear. Em seus dramas históricos isso pode ser visto, como em Antona Garcia , de 1635, em La Prudencia en la Mujer , de 1634.
Até nossos dias a tragédia histórica La Prudencia en la Mujer tem sua leitura recomendada, descrevendo a história da rainha Maria de Castela, uma viúva jovem, assediada por três pretendentes violentos.
Tirso de Molina é um dos grandes dramaturgos da Era de Ouro da literatura espanhola. Ele se mostrou brilhante, com as mais aplaudidas comédias e suas melhores tragédias são as mais importantes da época de secularização da arte, ou seja quando a arte se livra da orientação do cristianismo e de seus temas religiosos.
AMANHÃ: Força, beleza e elevação na arte dramática: o holandês Joost van den Vondel.
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