segunda-feira, 12 de setembro de 2011

0912 ROJAS poeta trágico espanhol

12 DE SETEMBRO. Rojas de Zorrilla: O drama sobre a honra, sangue, truculência.
ROJAS
Francisco de Rojas de Zorrilla
(nasceu em 1607, em Toledo, Espanha; morreu em 1648, em Madrid)

FAMOSO POETA TRÁGICO ESPANHOL, DA HONRA, DO SANGUE, DA TRUCULÊNCIA

A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do servo da gleba do feudo, liberdade do trabalhador, do povo, com o desenvolvimento da indústria e do comércio.
Criou também a saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
O domínio das artes de linguagem, da Estética, teve na modernidade um grande desenvolvimento, gerando um número maior de grandes artistas do que na antiguidade.
O mundo antigo era a muitos respeitos mais favorável do que a modernidade à produção da grande poesia. A sociedade era mais homogênea e mais harmoniosa em sua constituição, também mais estável e mais regular em seu movimento.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução, ao passar de uma civilização medieval para uma civilização científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, os conflitos e alterações incessantes da vida estimulam a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Mas, apesar do clima de revolta, triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente. É o sinal da potente capacidade da natureza humana para criar e produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de obras artísticas.
A primeira semana compreende os autores dramáticos puros, os grandes sucessores de Shakespeare, desde Lope de Veja a Goethe. Nessa classe se encontram criadores do drama de imaginação que nos representam um mundo ideal povoado de seres fictícios. O chefe de semana é Calderon.

ROJAS ZORRILLA nasceu em Toledo em 4 de outubro de 1607. Estudou em sua cidade e em Salamanca. Já em 1631 está em Madrid, quando encenou várias peças teatrais. Suas obras foram aplaudidas não só pelo público, mas também pelo rei Felipe IV e sua corte.
Rojas tornou-se logo um protegido do rei Felipe IV e as comédias do poeta foram mostradas no palácio.
Ele produziu certa ocasião uma sátira contra seus colegas. Foi tão violenta a sátira, que os ofendidos ou alguém por eles atacou a Rojas com facadas que quase o matou.
Na inauguração de um novo teatro construído com muito luxo, compôs sob encomenda a comédia Los Bandos de Verona. O monarca, como prêmio, ofereceu-lhe o título de cavaleiro da Ordem de Santiago. Mas as primeiras informações não provavam ser ele um fidalgo nem confirmaram sua pureza de sangue. Ao contrário, negavam sua nobreza. Mas uma segunda investigação feita por Quevedo, aprovou o seu nome e Rojas foi agraciado com o título da Ordem de Santiago em 1643.
Rojas tinha começado sua carreira de dramaturgo em 1631, colaborando com Perez Montalban e com Calderon de la Barca na tragédia El Monstruo de la Fortuna. Em seguida, sozinho ou em colaboração com Vélez de Guevara, Mira de Amescua e outros autores, escreveu numerosas peças, num total de 70 obras, entre as quais se destacam: Del Rey Abajo Ninguno (Abaixo do Rei, Nenhum), um drama sobre a honra; Donde Hay Agravios No Hay Celos, Lo que Son Mujeres, E Más Impropio Verdugo, Casarse por Vengarse e outras.
Ele é o autor trágico por excelência do teatro espanhol. Nenhum outro tem a sua violência para os desenlaces. Chega ao ponto de ter a cena cheia de sangue como acontecia com os autores românticos. Rojas é trágico até o extremo, até ultrapassar os limites dados por Lope de Vega, chegando mesmo até à truculência. Na peça Cada Qual com o que lhe Cabe, chega a apresentar a mulher como vingadora de sua ofensa, matando o sedutor.
Nas peças cômicas de Rojas, ele se limita a divertir com enredos habilidosos, com animação, travessuras e muita graça. Na mais conhecida de suas comédias e uma de suas melhores peças, Entre Bobos Anda el Juego, o figurão rouba a cena, que faz um tipo de comédia qualificado: don Lucas não é o primeiro velho rico e avarento que se perde de amores por uma jovem, enquanto ela aspira ao amor de outro personagem mais merecedor de afeto tanto pela razão como pela lógica.
Escreveu Rojas também vários autos, seguindo a fórmula de Calderon, em seus argumentos e motivos. Fez duas comédias de santos: Santa Isabel, Rainha de Portugal e A Vida no Ataúde. Elas demonstram a indiferença de Rojas pelos temas religiosos.
A peça teatral mais famosa de Rojas, De Rey Abajo Ninguno é um drama sobre a honra. Ela tem tido sua leitura recomendada até hoje. O personagem principal, don Garcia, acredita ter sido ofendido pelo rei e tenta matar a sua esposa, que foge para a corte. Lá don Garcia acaba sabendo que fora um nobre e não o monarca que tentou ganhar os favores de sua esposa. A situação se coloca com muita força no sentido tradicional da honra, já que don Garcia está seguro da inocência de sua esposa.
O tema da honra é levado aqui até as suas últimas conseqüências, tornando a luta de don Garcia um conflito humano. O herói é ferido por suas dúvidas, pelo dilema da injustiça de seu ato, pela tortura cruel do pensamento. É uma luta intensa entre o amor por sua esposa inocente e o dever para com o rei. O desfecho não chega ao extremo trágico pela intervenção do destino.
O grande poeta se encontrou no começo da revolução moderna, no início da transformação da religiosidade da Idade Média na nova civilização secularizada, científica e industrial, libertada da liderança dos padres, fora das igrejas. Com toda a razão, os sacerdotes tentaram conter essa perda de crença,  e desse modo a liderança e o ensino dos religiosos passaram gradualmente para os artistas não religiosos, para os professores leigos, para os escritores, jornalistas e demais formadores de opinião todos leigos.
É a revolução cultural de nossa era, que dura por muitos séculos. É a maior revolução mental de toda a história da milenar evolução humana.
O conhecimento dessa evolução nos permite determinar donde viemos e para onde vamos. E é importante saber em que ponto hoje estamos nesse longo processo evolutivo.


AMANHÃ: Cenas de emoção e de ternura escritas com energia: Otway.


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