20 DE SETEMBRO. Voltaire: O teatro como instrumento de luta contra a opressão religiosa e política.
VOLTAIRE
Pseudônimo de François-Marie Arouet
(nasceu em 1694, em Paris; morreu em 1778, em Paris, França)
GRANDE DRAMATURGO FRANCÊS DE TRAGÉDIAS HISTÓRICAS
A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do servo da gleba do feudo, liberdade do trabalhador, do povo, com o desenvolvimento da indústria e do comércio.
Criou também a saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
O domínio das artes de linguagem, da Estética, teve na modernidade um grande desenvolvimento, gerando um número maior de grandes artistas do que na antiguidade.
O mundo antigo era a muitos respeitos mais favorável do que a modernidade à produção da grande poesia. A sociedade era mais homogênea e mais harmoniosa em sua constituição, também mais estável e mais regular em seu movimento.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução, ao passar de uma civilização medieval para uma civilização científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, os conflitos e alterações incessantes da vida estimulam a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Mas, apesar do clima de revolta, triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente. É o sinal da potente capacidade da natureza humana para criar e produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de obras artísticas.
Nesta segunda semana são lembrados os representantes do progresso coletivo na classe dos dramáticos puros, grandes sucessores de Shakespeare, de Lope de Veja a Goethe. São os criadores do drama de imaginação que nos representa um mundo ideal povoado de seres fictícios. Goethe, o autor do Faust, mostrou um elevado vôo de imaginação. A chefia da semana é de Corneille, no último domingo.
Ver em 0910 1 O Quadro do Mês de Shakespeare, O Drama Moderno, com os grandes tipos representantes da evolução social do mês.
VOLTAIRE foi o nome literário adotado na idade de 24 anos pelo filho mais novo de François Arouet, tabelião em Paris e de tradicional família do Poitu. Ele nasceu em Paris em 1694 e foi educado pelos jesuítas no colégio aristocrático de Louis-le-Grand onde se destacou logo por sua audácia e seu talento.
Voltaire é homenageado neste calendário, que é um instrumento de educativo resumido da longa evolução construtiva de nossa sociedade em todos os seus aspectos, na arte, no saber da filosofia e na tecnologia, na indústria. Voltaire está aqui como escritor de peças teatrais, como dramaturgo e não como filósofo. Como pensador e crítico, Voltaire não teve um papel intelectual construtor. Muitos outros personagens históricos que não tiveram uma obra construtiva não têm lugar no calendário.
A proposta de Voltaire foi destruir a religião, mantendo a monarquia. Jean-Jacques Rousseau foi o divulgador, não o criador, da proposta invertida de manter a religião, destruindo a monarquia. Mas os filósofos modernos têm o desafio de construir tanto a nova formação da opinião como o moderno regime político.
Voltaire produziu imensa quantidade de escritos, mas aqui se mostram apenas a suas peças de teatro, como arte, de sua fecunda obra, feita numa longa vida de 84 anos, como poeta dramático.
Voltaire após os seus estudos foi logo admitido na companhia dos jovens nobres brilhantes e dissolutos. Por duas vezes ficou preso na fortaleza da Bastilha e por duas vezes foi agredido a pauladas pelas vítimas de seu espírito crítico maldizente.
Com a idade de 32 anos foi para a Inglaterra onde ficou por três anos, talvez os anos mais importantes de sua vida, que lhe deram a chave de sua futura carreira. Depois, durante vinte anos, ele se ocupou principalmente da poesia.
Voltaire passou a maior parte de seu retiro na fronteira, em Ciry, no castelo de Madame du Châtelet. Quando ela morreu em 1749 ele foi visitar o imperador Frederico o Grande da Prússia, em Berlin, onde viveu por três anos. Em 1755 ele fixou residência perto do lago de Geneva e se dedicou inteiramente à sua inesgotável atividade literária até 1778. Nesse ano ele fez uma entrada triunfal em Paris, depois de 28 anos de ausência. Três meses depois, ele morreu com a idade de 84 anos, em maio de 1778.
A hostilidade do rei Luis XV, de sua corte e dos jesuítas forçaram o chefe mais típico da literatura francesa a passar quase toda sua vida hora de sua pátria ou em qualquer retiro obscuro, tendo quase todas as suas obras características publicadas no estrangeiro.
Até hoje se recomenda a leitura de nove de suas tragédias: Brutus, Zaïre, Alzire, Mérope, Semiramis, Oreste, Rome Sauvée, l’Orphelin de la Chine e Tancredo. Recomenda-se também seu texto Século de Luiz XIV.
Voltaire deixou de produzir apenas poesia para fazer de seu teatro histórico um instrumento de libertação espiritual. Pregava o fim da opressão religiosa retrógrada e de uma autocracia cruel sem limites.
Desse modo, Voltaire se coloca entre os benfeitores permanentes do gênero humano na qualidade de grande poeta dramático.
AMANHÃ: O único poeta criador que encanta pela ternura e pela emoção: Metastásio.
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