domingo, 20 de julho de 2014

0721 C DEFOE prova que a pessoa humana tudo deve à sociedade, a vida e o saber

21 DE JULHO. Defoe: náufrago, só, já levou a educação, saber, técnica da sociedade

DANIEL DEFOE
(nasceu no ano 1660 da nossa era, em Londres; morreu em 1731 em Londres, Inglaterra)

FECUNDO ESCRITOR E JORNALISTA INGLÊS TREZE VEZES POBRE E TREZE VEZES RICO

ESTÉTICA
as artes da linguagem, da afeição e da expressão
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da inteligência e da atividade

A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do povo trabalhador, com a indústria e o comércio, com a sistematização do sistema capitalista de liberdade civil. Criou também a saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução. É a passagem de uma civilização medieval da guerra de defesa para uma civilização pacífica científica e industrial.
Triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente da religião apesar do clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações artísticas.
A primeira semana tem Ariosto como chefe, mostrado no domingo último dia da semana. Ali estão autores que criaram pinturas ideais da natureza humana sob todas as suas formas, com a poesia de costumes, mostrada nas suas manifestações da história da sociedade moderna.
Ver em 0716 01 C   O QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com todos os grandes tipos humanos do mês.

NOSSOS ANTEPASSADOS INESQUECÍVEIS
Maiores figuras humanas na antiguidade
que prepararam a civilização do futuro.

DEFOE [pronúncia Di-fô’ oxítona] era filho de Jacques Foe, um esforçado e próspero fabricante de velas e açougueiro, descendente de belgas. Daniel, mais tarde, adotou o sobrenome de Defoe. Seus pais eram não-conformistas, divergentes da igreja anglicana, e por isso Daniel não pode estudar nas universidades inglesas todas oficiais. Ele estudou em excelente academia, onde aprendeu várias línguas e onde formou seu estilo literário, claro, simples e fácil na arte de escrever.
Daniel foi destinado a ser um pastor presbiteriano, mas desistiu, e, em 1683 começou a vida de comerciante. Ele chamava o comércio o seu ”amado tema” e foi um dos seus permanentes interesses na vida. Ele trabalhou com vários artigos, para isso viajando no país e no estrangeiro, e tornou-se um versado e agudo conhecedor da economia. A muitos respeitos estava à frente do seu tempo.
Mas os desacertos, os obstáculos, de uma forma ou outra, prejudicavam seus negócios, apesar de seus esforços e de sua inteligência. Ele escreveu sobre sua sorte:
     “nenhum homem tentou tantos negócios diferentes,
      e treze vezes eu fui ora rico, ora pobre.”
De fato, essa foi a dura verdade. Ele enriquecia por um tempo, e logo vinham os prejuízos. Ele tinha a coragem para negócios de risco, mas de muito lucro, e de muita perda. Num dos casos ele bancou o seguro de navios durante a guerra com a França. Ele foi um dos 19 seguradores que se arruinaram pesadamente em 1692. Quando ele tinha uma lucrativa cerâmica de tijolos e telhas perto de Tilbury, a falência veio durante o tempo em que ele ficou preso por questões políticas.
Em 1684 ele casou-se com Mary Tuffley, filha de um rico comerciante não-conformista, que não aceitava a religião anglicana. Esse casamento durou 47 anos e deu-lhe oito filhos, dos quais seis chegaram à maturidade.
Daniel logo se interessou pela política. Quando Guilherme de Orange conquistou a Inglaterra, ele deu as boas vindas a seu exército com um panfleto-“Gulherme, o Glorioso, Grande e Bom”. Durante o seu governo, Daniel tornou-se seu leal adepto, escrevendo como seu principal panfletista. Em 1701, em resposta aos ataques ao rei por ser estrangeiro, Defoe publicou seu forte e inteligente poema “O Verdadeiro Inglês de Nascimento”, um trabalho de grande popularidade ainda atual e relevante ao expor a falsidade do preconceito racial.
O mais famoso e hábil panfleto de Defoe foi o irônico “O Mais Fácil Meio para Acabar com os Não-Conformistas” de 1702. Foi a descrição anônima do melhor método para que os altos dignitários da Igreja Anglicana acabassem com aqueles que dela divergissem. Mas era uma paródia, que, no fim do texto, mostrava que a justificação e a maneira de fazer eram absurdas. Mas os bispos tomaram a sério o panfleto. E ficaram furiosos quando a pilhéria foi exposta. Defoe foi perseguido e preso em 1703.
A produção de Defoe, como autor de novelas, de revistas, como panfletário e jornalista, é enorme, com mais de 500 livros, panfletos e tratados. Sua obra mais conhecida é o Robinson Crusoe, escrita entre 1729 e 1722. Sua leitura, até hoje é altamente recomendável. O aspecto característico de seus textos é a precisa e minuciosa observação da vida, que faz o leitor perceber que resultam de fatos reais.
O náufrago que parece a todos “fora, isolado da sociedade”, no entanto, na verdade, “recebeu tudo da sociedade”. Ele, de fato, tudo aprendeu com a humanidade: seu raciocínio, suas esperanças e seus cuidados, sua habilidade industriosa, os instrumentos com que trabalha. Robinson Crusoe é a prova mais perfeita da impossibilidade de separar o indivíduo como um ser independente da humanidade, do agrupamento humano que lhe deu a vida, lhe deu o sustento, lhe deu a educação. E é, assim, que se percebe que a pessoa humana tudo deve à sociedade. O indivíduo sozinho é uma figura de ficção, é uma abstração, não existe de fato.
E a prova contundente mostrada por Daniel Defoe tem muito mais força porque não é mostrada por um filósofo a defender uma tese teórica, mas é mostrada por um artista, que busca apenas reproduzir a tragédia de um náufrago.
Daniel Defoe se mostra, portanto, depois da Idade Média, como um dos novos formadores de opinião laicos, não religiosos, pode ser respeitado para sempre.

AMANHÃ: Primeiro exemplo de poesia histórica com o cavalheirismo elegante da Idade Média: ARIOSTO.


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