08 DE JULHO. Inocêncio
III: papa entre os mais nobres, mais enérgicos e arbitrários
INOCÊNCIO III
Innocent III,
Lothaire dei Conti, Lotario Di Segni
(nasceu em 1161, no Castelo
Gavignano, Roma; morreu em 1216 em Perúgia, Itália)
PODEROSO PAPA NA
ÉPOCA DE MAIOR PRESTÍGIO E PODER MORAL DA RELIGIÃO CATÓLICA
As grandes contribuições da
Civilização Feudal para o progresso da sociedade humana
Na terceira semana estão os fundadores da vida nos monastérios.
O tipo principal é Inocêncio III, que se colocou entre os mais nobres e
enérgicos papas. Sua biografia está no domingo que termina a semana.
Ver em 0618 C
O QUADRO DO MÊS DE CARLOS MAGNO A CIVILIZAÇÃO FEUDAL,
com o resultado geral do
feudalismo e com os grandes tipos humanos do mês.
NOSSOS ANTEPASSADOS INESQUECÍVEIS
Maiores figuras humanas na antiguidade
que prepararam a civilização do futuro.
FELIZ
QUEM HONRA SEUS ANTEPASSADOS
INOCÊNCIO (1161-1216) nasceu na família nobre
italiana dos Conti em 1161, no Castelo Gavignano, Campagna di Roma, nos Estados
Papais. Recebeu no batismo o nome de Lotario
di Segni, sendo educado em Pávia e em Bolonha. Em Paris
estudou teologia e lei canônica com o grande canonista Huguccio de Pisa, que
lhe passou suas moderadas doutrinas a serem seguidas no relacionamento entre as
autoridades espirituais e os chefes temporais. Essa moderação influenciou o
futuro papa por toda a vida.
Destacando-se por seu saber e sua moralidade, Lotário foi elevado
a cardeal aos 28 anos e se tornou um dos mais fiéis e mais acreditados dos
conselheiros do papa. Em 1198, com a idade de 37 anos, Lotário, cardeal Conti,
foi escolhido para papa por unanimidade. Como sinal da pureza de seu caráter,
foi aclamado com o nome de Inocêncio III.
Desde sua eleição até sua morte, em 18 anos como papa, Inocêncio III colocou
sempre, como indispensável à autoridade do pontífice na chefia moral do mundo
católico, um poder sem armas, forte, mas somente com seu poderoso prestígio intelectual
e religioso.
O papa Hildebrando, Gregório VII, havia mostrado a importância do papel da Igreja Católica e
da força moral do papa na regência da civilização cristã uniforme em toda Europa do
ocidente. Inocêncio III estava consciente de sua responsabilidade papal e teve
sucesso em tornar realidade essa concepção, levando ao máximo a liderança da
Igreja. Ele elevou muito o esplendor e a majestade da ação do papa, em modo
jamais visto antes. Mas Inocêncio claramente renunciava a interferir pelas
armas nos conflitos políticos e no governo temporal, com exceção do controle
dos Estados Papais e dos reinos que voluntariamente reconhecessem a soberania
feudal do papa. Durante o pontificado de Inocêncio, foi possível que ele usasse
sua autoridade espiritual, tanto
dentro da Igreja, como também em todas as questões políticas de importância sem a força das armas.
A liberdade de consciência mantida pela Igreja Católica na Idade
Média, com sua
autoridade puramente espiritual sobre as opiniões, ocorreu pela primeira vez na
história. E essa separação entre o poder espiritual e o poder temporal resulta
do lema católico de
dar “a César o que é de César, a Deus o que é de Deus”
Inocêncio
reconheceu que ele não teria completa independência do poder político se não
tivesse o poder de governar os Estados Papais no centro da Itália. Caso
contrário, ficaria o papa sempre ameaçado de agressão pela aristocracia
ambiciosa dos feudos vizinhos. Em poucos anos, ele conseguiu retomar os
territórios da Igreja, o que foi feito com luta armada, feita pelo papa somente dentro de seus próprios domínios.
Com essa forte decisão, Inocêncio pode ser visto como o verdadeiro fundador dos Estados Papais livres.
Alguns historiadores de renome confundem essa ação militar do papa
em seus territórios como um domínio pelas armas pelo papado em toda a Europa.
De fato os papas só usaram armas dentro de seus Estados, para sua defesa. O governo da opinião pública por toda
Europa feudal pela Igreja Católica foi feito por seu prestigio moral, na época por
sua força da fé religiosa, sem uso de violência armada. Em outras palavras,
apenas como Poder Espiritual - que é o poder de formar a opinião pública – sem
armas, livre, pelo seu ensino, pela persuasão, pela consagração.
Note-se que cada feudo tinha seu governo independente. Para impor
a fé pelas armas em cada poder local seria necessária a impossível conquista de
todos os feudos do continente, com o fim do sistema descentralizado feudal.
Inocêncio confirmou o direito dos papas em consagrar os novos reis
ao trono do Sacro Império Romano, bem como de servir de árbitro nos conflitos entre os candidatos rivais, como
diplomatas. Com a morte do imperador Henrique VI, em 1197, ele usou notável
paciência e habilidade no relacionamento com o belicoso Philippe II de França,
que mantinha o escândalo do repúdio de sua legítima esposa. Só depois de 12
anos Philippe recebeu de volta a rainha de direito, obedecendo à ordem de
Inocêncio. No conflito com o rei João Sem Terra da Inglaterra quanto à nomeação
do eminente cardeal inglês Stephen Langton como arcebispo de Canterbury,
Inocêncio excomungou o rei e só muito mais tarde obteve a sua obediência, numa
clara vitória para a independência e
poder moral da Igreja. Além disso, ainda recebeu do rei o país inteiro como
feudo da Igreja Católica.
O papa Inocêncio III declarou duas cruzadas. Para a libertação do
sepulcro de Cristo, promoveu a quarta cruzada. Em 1204 um grupo de cruzados
mudou seu objetivo e atacou a cidade cristã de Constantinopla, hoje Istambul, e
provocou o seu saque. Esse fato trágico, censurado pelo papa, acabou com as
boas relações entre a igreja cristã grega e a igreja latina católica. Em 1208
Inocêncio declarou uma cruzada contra os albigenses do sul da França que
pregavam uma heresia que negava a hierarquia de religiosos e a própria Igreja.
A cruzada provocou lutas sangrentas, mas sem obter uma vitória definitiva final
contra a heresia albigense. No pontificado de Inocêncio III foi muito
importante o estabelecimento que realizou das duas grandes ordens militantes: a
ordem dos dominicanos e a ordem dos franciscanos.
Inocêncio III morreu em 1216 com a idade de 55 anos. Ele é o tipo humano de tudo que há de
nobre, do mais enérgico e, ao mesmo tempo, de mais arbitrário na crença
absoluta do Catolicismo. Mas permanece para a modernidade a importante
lição da doutrina católica da Idade Média. Como sendo a demonstração de uma doutrina de liberdade do poder da cultura,
da liberdade de consciência espiritual. A lição pioneira do Catolicismo na
liberdade de opinião em relação ao poder coercitivo do governo material – Poder
Temporal - quando os cultos sacerdotes completavam a maturidade constitutiva da
Igreja Católica, isto é, da genuína Igreja Universal da Idade Média.
AMANHÃ: Representante da monarquia e da pátria francesa: Santa
Clotilde.
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