19 DE JULHO. Cervantes: estilo eloqüente e sábio para o
povo nos problemas reais
CERVANTES
Miguel de
Cervantes Saavedra
(nasceu no ano 1547, em
Alcalá de Henares, Espanha; morreu em 1616, em Madrid)
LOUCURA DE DON
QUIXOTE E IDIOTIA DE SANCHO PANÇA ANTECIPAM A PSICOLOGIA MODERNA
ESTÉTICA
as artes da linguagem, da afeição e da expressão
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da inteligência e da
atividade
A primeira semana tem Ariosto como
chefe, mostrado no domingo último dia da semana. Ali estão autores que criaram
pinturas ideais da natureza humana sob todas as suas formas, com a poesia de
costumes, mostrada nas suas manifestações da história da sociedade moderna.
Ver em 0716 01 C O
QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com todos os grandes tipos humanos do
mês.
NOSSOS
ANTEPASSADOS INESQUECÍVEIS
Maiores
figuras humanas na antiguidade
que
prepararam a civilização do futuro.
CERVANTES nasceu em 9 de outubro de 1547 em
Alcalá de Henares, perto de Madrid, Espanha, numa antiga família de Castela.
Estudou dois anos na
universidade
de Salamanca e depois em Madrid.
Na grande batalha de Lepanto em 1571,
Cervantes se destacou e foi gravemente ferido. Quando em viagem, ele foi
aprisionado pelos mouros, em 1576. Ficou três anos cativo e escravizado na
Algéria, até que foi libertado com pagamento de resgate. Casou-se em 1581,
dedicando-se à literatura em Valadolid e em Madrid.
Inicialmente fez ensaios na redação de dramas. Continuou
produzindo numerosas obras menores. Cervantes começou a primeira parte do Dom
Quixote e a publicou em 1605, conquistando grande popularidade. Em 1615 ele
publicou a segunda parte da obra. Cervantes morreu em 1616, no mesmo ano da
morte de Shakespeare.
A grande obra de Cervantes, oferecendo grande prazer à leitura, é
cheia de sabedoria. Um escritor é grande de fato, quando, dentro de seu gênero,
mostra um saber de valor para que o público possa resolver os difíceis
problemas da vida e da natureza humana. A história de Dom Quixote fornece a explicação para as duas formas de
doença mental dentro dessa obra-prima da literatura universal. O autor
mostra de um lado a agitação da loucura do cavaleiro e de outro lado a
imobilidade da idiotice de seu escudeiro. Um tem suas imagens interiores mais
fortes do que as da realidade. Sancho Pança, ao contrário, não elabora em cima
das imagens que observa na vida real.
Para Dom Quixote há um excesso na ação da imaginação em relação às
informações recebidas pelos sentidos, no estado de loucura. Para Sancho, ao
contrário, as imagens do exterior, recebidas pelos sentidos, se impõem,
impedindo o exercício da imaginação, levando ao estado de idiotia. A saúde
mental é obtida quando as imagens exteriores são mais nítidas do que a imagens
interiores, memorizadas pela mente. E, com a saúde mental, as imagens
interiores não são totalmente anuladas pela observação exterior, sendo menos
nítidas e menos fortes.
Na loucura a imaginação
vence a observação. A
imaginação registra e usa, a seu modo, as imagens que são vistas, as sonoras
que são ouvidas e outras, todas internas ao cérebro. A pessoa então confunde o
que percebe com aquilo que imagina. O imaginário é tomado como sendo a
realidade. Aquilo que Dom Quixote pensa, ele toma como real. Ele está diante de
um grande moinho de vento, com suas enormes pás, mas o que Quixote vê é o
gigante que faz na imaginação, e que deve ser vencido.
No caso de Sancho Pança, o outro modo acontece. O que ele vê, o
que sente, as imagens que percebe, se sobrepõe a todo o pensamento. A
imaginação não usa as imagens recebidas do mundo real. Não há processamento das
percepções. Há uma paralisia no pensamento. Nesse caso, a imaginação, a criação
de novas idéias não se faz. A pessoa não reage às situações, ou reage muito
lentamente.
É notável como a arte de Cervantes se antecipa ao conhecimento das
funções do cérebro, na moderna psicologia. A produção literária de Cervantes é
riquíssima, relacionada em longa relação de obras. Inclui prosa, com pastorais,
novelas e o Don Quixote, além de drama, com tragédias e comédias, sendo
numerosas as obras em
poesia. A fama de Cervantes é universal, aparecendo
continuamente hoje, no teatro, em filmes, na ópera, no balet e até em
espetáculos cômicos. Cervantes é tido como o autor da primeira grande novela da
literatura mundial, e ainda como o fundador da literatura de língua espanhola.
Cervantes mostrou em sua obra grande simpatia em relação ao papel
social da mulher, e numerosos papeis femininos como Marcela e Dorotea no Don
Quixote e Isabela Castrucho em Persiles y Sigismunda expressam de fato a defesa
da posição da mulher na sociedade.
Mas, para sempre, Cervantes será considerado o maior dos grandes
autores espanhóis, com sua obra-prima Don Quixote. Em razão de seu estilo
eloqüente e notável visão, Cervantes recebeu um aplauso universal comparável ao
que foi dado a grandes nomes como Homero, como Dante Alighieri ou como William
Shakespeare.
AMANHÃ: Um cético descrente sem maldade, consciente da fragilidade
humana: La Fontaine.
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