ABRIL 01. Hipócrates: observação
sem preconceitos e pesquisa dos fenômenos da doença
HIPÓCRATES
Hippocrates
(nasceu cerca do ano
460 antes da nossa era, na ilha de Kos, na Grécia; morreu em 377, na Larissa,
Tessália, na Grécia)
MAIOR MÉDICO DA
GRÉCIA ANTIGA PAI DA MEDICINA
ABSTRAÇÃO
AS BASES DA
CIÊNCIA ABSTRATA INFALÍVEL
Os gregos antigos
tiveram grandes filósofos até a obra de Aristóteles. Depois dele, os pensadores
passaram ao estudo das ciências particulares. A filosofia ficou sem maior
desenvolvimento.
As leis abstratas são infalíveis. Como Tales disse, quer
os deuses queiram, quer os deuses não queiram.
O que tornou os gregos
antigos célebres foi que descobriram o estudo
abstrato dos fenômenos dos seres, pelo estudo de suas propriedades, dos
acontecimentos, das ocorrências.
Mas só com Tales e aqueles que o sucederam
tiveram o mérito de, por meio de sua imaginação, retirar, por abstração, as
linhas e os ângulos que se formam nos objetos. Linhas e ângulos são
propriedades percebidas pelos sentidos, não são objetos físicos concretos.
A função cerebral da abstração é a forma mais complexa da capacidade
da inteligência humana. O psicólogo Jean Piaget (1896-1980) confirmou
experimentalmente que as crianças só conseguem pensar de modo abstrato após
cerca da idade de sete anos. O mesmo ocorre nos povos primitivos.
A primeira semana do mês de Arquimedes consagra os sábios
que pesquisaram a medicina e os conhecimentos biológicos preliminares que
resultaram dessas pesquisas. Ali figuram os nomes dos principais anatomistas da
universidade de Alexandria no Egito e daqueles entre os autores árabes que
escreveram sobre medicina.
A presidência da semana é de Hipócrates.
Ver o Quadro 0326 C do mês de Arquimedes Ciência Antiga. O quadro mostra os grandes homens representantes
da criação dos fundamentos do conhecimento biológico na antiguidade.
NOSSOS ANTEPASSADOS INESQUECÍVEIS
Maiores figuras humanas na antiguidade
que prepararam a civilização do futuro.
FELIZ
QUEM HONRA SEUS ANTEPASSADOS
HIPÓCRATES (460-377
aC) nasceu na ilha de Kos, uma das Esporades, perto da costa da Carie, na
Grécia. Ele pertencia a uma família cujos membros praticavam a arte médica
durante várias gerações, como sacerdotes do deus Asclepios. Viajou muito e
residiu algum tempo na corte do rei Perdiccas da Macedônia. Seu avô tinha
também o nome de Hipócrates e também vários de seus descendentes. Essa é a
razão por atribuir a ele muitas obras que não são de sua autoria. Mas o
julgamento unânime dos estudiosos lhe dá merecida fama.
Na Grécia, como em todos
os lugares, a medicina teve uma origem religiosa. Uma casta de sacerdotes-médicos que
descendiam de um herói da lenda ou de um deus Asclepios, em latim Esculapius ,
estava espalhada nas ilhas e no continente grego durante os séculos que vão
entre Homero e Ésquilo. Os templos de
Esculápio eram os hospitais da Grécia. Áreas especiais serviam ao parto das
mulheres grávidas e de lugar para o tratamento dos doentes. O tratamento consistia
no uso de remédios físicos e morais. Poções simples para ação sobre a pele e
músculos eram combinados com o jejum e a oração. Nas religiões os médicos eram os sacerdotes, como os curandeiros da
feitiçaria, no fetichismo antigo.
Herdeiro duma grande massa de conhecimentos teocráticos antigos,
Hipócrates foi levado a empregar o novo espírito positivo que, depois de um
século, impregnou todo o mundo grego: o
espírito de observação sem preconceitos e de pesquisa exata das leis naturais e
dos fatos gerais aplicados aos fenômenos da doença. É significativo que ele
renegue a doutrina de que uma certa doença seja especialmente de origem divina.
Ele afirma que nenhuma é mais divina que a outra. Todas o são e todas são
sujeitas à sua própria lei de desenvolvimento.
A glória de Hipócrates
foi escapar do círculo vicioso da falta de uma teoria para guiar a pesquisa que
deve gerar a teoria.
Ele seguiu uma longa série de observações delicadas e bem conduzidas, guiadas
por duas idéias profundamente positivas:
a sinergia ou concurso das funções e a ação do meio sobre o organismo.
Hipócrates procurava estabelecer a prognose, isto é, uma previsão do curso que a doença sempre
acontece. O seu Tratado do prognóstico
mostra essa intenção de prever para agir. O médico, diz ele, que prevê o
caminho da doença a partir da condição presente do doente dirige melhor a cura
e esse praticante merece confiança. Essa confiança era de uma importância
fundamental, porque, de acordo com o primeiro de seus aforismas, “Não é suficiente ao médico fazer o que ele
julga bom, é necessário que ele o faça de modo que o paciente, o enfermeiro e
todas as circunstâncias ambientes possam colaborar com ele”.
Todo esse livro protesta contra o excesso de especialismo. Ele
coloca a prognose antes do diagnóstico. É de grande importância de
ter presente ao espírito de unidade essencial da doença, de medir sua
intensidade, de ter em conta a constituição pessoal e as circunstâncias
ambientes. Foi o que Hipócrates ensinou aos médicos.
Hipócrates deixou uma obra-prima sobre o meio ambiente: seu Tratado do ar, da água e dos lugares. É
um estudo do clima no sentido mais extenso, contendo um conjunto de
considerável de belas e sábias observações sobre o ar e os ventos dominantes,
sobre a luz do sol, água, solo; sobre a influência das estações e da vegetação
dominante. Contém observações sobre as tendências físicas dos diferentes povos
da Europa e da Ásia, que uma vez formadas por essas influências, se perpetuam
por hereditariedade.
Os livros atribuídos a Hipócrates são os Aforismas, os Prognósticos,
Epidêmicas, Do regime na doença aguda, o tratado sobre O ar, a água e os lugares
e um livro sobre os Ferimentos na cabeça.
Quanto ao Juramento Hipocrático
exigido a todos os membros do corpo médico, há consenso em lhe atribuir a
autoria. Para ser admitido o candidato jurava por Apolo e por Esculápio de
dar um respeito filial a seu mestre; de dividir seu saber com seus
companheiros; de ter na casa do doente uma conduta irrepreensível e de jamais
divulgar um segredo.
Hipócrates, por sua ampla
concepção dos fenômenos mórbidos, não só fundou a arte médica, então livrando-a
dos obstáculos religiosos teocráticos e destinando-a para ter um papel tão
importante na civilização ocidental. Além disso, preparou o caminho para o estudo científico da vida
que logo seria fundado por Aristóteles e continuado pela grande escola de
Alexandria em sua
Biblioteca.
AMANHÃ: A memorável Geometria de Euclides.
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