0716 3 OS TROVADORES DA IDADE MÉDIA
16 DE JULHO: OS TROVADORES: A nova arte músical secular medieval.
OS TROVADORES
Les Troubadours, The Troubadours, The Trouvères, The Trouveurs
(viveram aproximadamente entre 1090 até 1290)
SECULARIZAÇÃO DA NOVA ARTE MUSICAL CRIADA PELOS TROVADORES MEDIEVAIS
Estética, as artes da linguagem, da afeição e da expressão.
É parte da Filosofia. A emoção é o motor da atividade e da inteligência.
O Calendário Filosófico consagra dois meses do ano à Estética. O mês de Dante com o nome de Epopéia Moderna coloca também os nomes de representantes da poesia romântica. O outro mês é o de Shakespeare, dedicado ao drama moderno.
A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, criou uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do povo, da indústria e do comércio. Criou também a saída das artes de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolução, ao passar de uma civilização medieval para uma civilização pacífica, científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, de conflitos e alterações incessantes da vida estimula a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente apesar do clima de revolta. É o sinal da potente capacidade da natureza humana de produzir, mesmo em situação de desvantagem, um conjunto glorioso de criações artísticas.
As semanas deste oitavo mês do calendário mostram os representantes de todos os países desde o século XII até o século XIX. Dos quarenta e nove nomes, um terço são autores que escreveram em verso.
A primeira semana tem Ariosto como chefe, mostrado no domingo último dia da semana. Ali estão autores que criaram pinturas ideais da natureza humana sob todas as suas formas, com a poesia de costumes, mostrada nas suas manifestações da história da sociedade moderna.
Ver em 0716 1 O QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com todos os grandes tipos humanos do mês.
A Idade Média reuniu as condições favoráveis ao desenvolvimento da poesia. A guerra de conquista foi substituída pela guerra de defesa do grande império romano. O nível dos costumes, da moralidade, se elevou com a cavalaria e com o respeito pela mulher. Mas a situação da sociedade era muito instável, ao passar do regime de feudos e de castelos do feudalismo da Idade Média para o moderno regime de burgos, de vilas e cidades livres do barão feudal, com a independência da indústria e do comércio. Foi o fim de uma civilização de guerra de defesa com seus líderes religiosos para uma nova civilização de paz e de indústria, com a formação de novas lideranças dentro da sociedade. Até mesmo a linguagem, que dá a medida de muitas situações, estava em mudança, deixando de lado o latim de toda a Europa para os idiomas regionais. A perda do poder da religião também fez o latim perder a posição de língua internacional no continente mais adiantado do mundo.
A era medieval produziu as Niebelungen e a Chanson de Roland. Mas os costumes mostrados por esses dois poemas sofreram, tanto como a linguagem, rápidas e muitas vezes violentas transformações.
Mas, no sul da França, foi diferente. A região da Provença foi cedo incorporada à civilização de Roma. E ficava fora da corrente central da invasão das tribos bárbaras que devastavam a Itália. A terra que abrigou os godos, os mais simpáticos invasores do norte, ficou protegida da agressão dos vândalos e dos hunos. É natural que a língua de Provença, o provençal, tenha atingido uma rápida maturidade. Dante chegou a tentar o uso do provençal para escrever a Divina Comédia.
O romance heróico e as canções de amor eram produto dos TROVADORES, os autores dessa arte. No norte da França o nome desses menestréis foi o de TOUVÈRES. Eles tiveram grande influência sobre a sociedade da época, sendo patrocinados por monarcas como Ricardo I da Inglaterra e como Afonso II de Aragão.
A arte dos trovadores é a maior influência para o desenvolvimento secular da música da Idade Média na modernidade. Corresponde, na arte, à secularização da sociedade, em todos os aspectos, ao sair do feudalismo para entrar na civilização moderna. A secularização mostra a libertação gradual das populações do poder cultural do Catolicismo, feito dentro das igrejas e dos conventos, até então progressista. A arte, como a ciência e a política passa sem rutura, aos poucos, para fora das igrejas, para os palcos e arenas laicas.
Dois dos trovadores estão mencionados por Dante. No Purgatório, Canto XXVI, ele encontra Arnaud Daniel, que é chamado de - o melhor dos artistas na língua provençal. Dante confessa que tomou dele a forma lírica de alguns de seus poemas. Outro trovador, citado por Dante, é Bertrand de Born, um feroz guerreiro da Gascônia que promoveu os conflitos entre o rei Henrique II da Inglaterra e seu filho primogênito. Por esse motivo Dante o coloca no Inferno, junto com Maomé e de outros que semearam a discórdia entre os homens (Canto XXVII).
O nome de TROVADOR é derivado do occitanian “trobar”, inventar, achar, em francês, “trouver”. O trovador, assim, é aquele que inventa novos poemas, com novos versos para combinar com seus elaborados enredos de amor. Muito de sua arte foi preservada, em “chansonniers” ou catálogos de canções.
A influência dos travadores sobre a sociedade ocorreu de forma sem precedentes na história da poesia medieval. As cortes reais acolhiam os trovadores, que tinham grande liberdade de expressão, frequentemente intervindo até nos conflitos políticos. Mas seu grande papel foi criar entre as damas da nobreza uma aura de cultura e de emoção que nada até então tinha produzido.
A poesia dos trovadores formou uma das mais brilhantes escolas que existiu, e que conseguiu influenciar toda a poesia lírica que depois se produziu na Europa.
AMANHÃ: Lançamento das bases do humanismo na Renascença: Bocácio.
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