terça-feira, 12 de abril de 2011

0412 ERATÓSTENES

12 DE ABRIL: Eratóstenes fundador da Astronomia científica no calendário.
ERATÓSTENES
Eratosthène, Eratosthenes of Cyrene
(nasceu cerca do ano 276 antes da nossa era, em Cyrene, norte da África, hoje Líbia; morreu cerca do ano 196, em Alexandria, Egito)

PENSADOR E ASTRÔNOMO GREGO CALCULOU A CIRCUNFERÊNCIA DA TERRA

O início do estudo ABSTRATO nas ciências foi realizado pela primeira vez no mundo pelos gregos. Outros já tinham feito a medição dos campos, dos terrenos e já tinham calculado as dimensões da pedras para a construção de seus templos. Mas só com Tales e aqueles que o sucederam os gregos tiveram o mérito de, por meio e sua imaginação, retirar, por abstração, as linhas e os ângulos que formam os objetos. Linhas e ângulos são propriedades percebidas pelos sentidos, não são objetos que existam na natureza ou coisas que se possam fabricar: são abstrações.
A função cerebral da abstração é a forma mais complexa da capacidade da inteligência humana. Envolve a observação abstrata e a elaboração abstrata. O progresso da ciência em todos os tempos se acelera com aplicação da pesquisa abstrata. O psicólogo Jean Piaget (1896-1980) confirmou experimentalmente que as crianças só conseguem pensar abstratamente após cerca da idade de sete anos. O mesmo já se tinha verificado com os povos primitivos. Somente quando evoluem do feiticismo, magia ou animismo é que conseguem pensar no politeísmo em deuses, que são conceitos abstratos, dotados de propriedades superiores, de enorme poder. Se assim é, somente povos politeístas poderiam chegar a desenvolver a abstração científica. Os politeístas da Teocracia Oriental, embora capazes de criar seus deuses abstratos, não o conseguiram, talvez por ser a casta sacerdotal o poder político totalitário impedindo a iniciativa da livre pesquisa dos laicos.
A terceira semana do mês de Arquimedes mostra os mais destacados astrônomos da Grécia e da Arábia. Foi na época em que a Astronomia, deixando de ser apenas um registro de observações dos astros, tornou-se uma ciência abstrata. Somente com a abstração e as leis abstratas foi possível, pela primeira vez no mundo realizar uma previsão dos acontecimentos astronômicos futuros. No posto de chefe de semana está Hiparco no domingo que encerra a semana.


ERATÓSTENES é considerado por importantes pensadores como o fundador da Astronomia científica por ter instalado num dos observatórios de Alexandria esferas armilares com círculos feitos de metal representando os meridianos, o equador e os solstícios de inverno e de verão. Esse instrumento de astronomia foi inventado por ele e foi usado até os anos 1600 na Europa.
A obra principal de Eratóstenes é seu ensaio para determinar, pela observação astronômica, as dimensões da terra. O método que usou era perfeitamente simples e exato. Em dois pontos da superfície da terra colocados sobre o mesmo meridiano e sendo a distância de um lugar até o outro conhecida, ele propôs observar ao meio dia, em cada ponto, a distância do sol ao zênite. Sabe-se que no mesmo meridiano a hora é a mesma para os dois lugares, já que o meridiano é a linha que liga o polo norte ao polo sul, perpendicular ao equador. O zênite do lugar é o ponto da esfera celeste que corresponde a uma linha vertical do lugar. De fato Eratóstenes mediu o ângulo que separava o raio solar incidente de uma linha vertical.
Alexandria e Syene, hoje Aswan, no interior do Egito, foram os dois pontos escolhidos. Sabia-se que em Syene no solsticio de verão, o sol brilhava na vertical, entrando até o fundo dos poços, o que significava que o raio solar ficava na vertical, ou seja, o ângulo que formava com o zênite era zero.
Em Alexandria, no mesmo momento, a distância do raio solar até o zênite era um cinqüenta avos da circunferência ou 1/50, que calculado por 360 graus da circunferência divididos por 50, dá 7 graus e 12 segundos. Esse resultado indicava que a distância entre Syene e Alexandria, avaliada pelos agrimensores de Alexandria em 5.000 stadias, corresponderiam a 1/50 da circunferência da terra, supondo a terra esférica. A circunferência seria então 50 vezes as 5.000 stadias.
No entanto, deve-se notar que os dois pontos escolhidos não estão exatamente no mesmo meridiano e que não sabemos com precisão o valor da stadia, que foi a unidade empregada. O resultado foi prejudicado, indicando um erro para mais de perto de 15 por cento. Mas a importância do cálculo reside inteiramente no valor do método empregado.
Eratóstenes fez uma observação mais exata da distância entre os trópicos, ou seja, da obliqüidade da eclítica do que seus antecessores. Esse ângulo é a inclinação do eixo de rotação da terra em relação à sua órbita. Ele achou o valor de 47 graus e 40 minutos usando os instrumentos gregos disponíveis, pouco precisos, graduados até um sexto de grau. Mais tarde os árabes empregaram instrumentos mais precisos.
Eratóstenes também produziu um catalogo das 675 estrelas fixas. Um importante trabalho foi o seu tratado sistemático de Geografia. Foi ele que deu esse nome à ciência. Leva o seu nome o Crivo de Eratótenes, um método simples para determinar os números primos. Na velhice ficou inteiramente cego, morrendo em Alexandria pelo suicídio feito pela inanição voluntária.
Fazendo o emprego da Astronomia para a determinação da grandeza da terra, Eratóstenes procurou fixar pelo mesmo método os limites da superfície habitável do planeta. Usando suas próprias palavras, seria “para corrigir a velha carta geográfica.”
Eratóstenes, com suas descobertas, mostrou que o clima, as estações do ano, o dia e a noite, a divisão do tempo dependiam das condições de latitude e de longitude. Foi um golpe mortal ao sistema de lendas religiosas absolutas, mostrando que todas essas noções eram relativas, relacionadas, científicas, não havendo lugar para as afirmações fantasiosas arbitrárias.


AMANHÃ: Ptolomeu e seu Almageste, o maior, completo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário