FEVEREIRO 29: Anaxágoras filósofo naturalista blasfemo.
ANAXÁGORAS
Anaxagoras
(nasceu cerca do ano 500, em Clazomene, Ásia Menor; morreu no ano 428, em Lampsacus, no Helesponto, Ásia Menor)
FILÓSOFO GREGO DA COSMOLOGIA E DA FORMAÇÃO DO MUNDO
A evolução intelectual livre do cruel regime teocrático de castas. Iniciando a criação da ciência pura abstrata.
Pela primeira vez no mundo acontece nas cidades da Grécia Antiga que pensadores livres dedicaram sua vida a pesquisar o homem e o mundo. Isto é, a encontrar os fatos gerais e princípios que governam tudo que somos e que nos envolve. Mas a explicação não se baseou na vontade arbitrária dos deuses, mas foi feita usando a observação dos fatos. Antes a observação se destinava a imaginar a vontade dos seus poderosos deuses.
Desde o século 7º ao 5º antes da nossa era homens como Tales, Anaximandro, Heráclito, Demócrito se consagraram a fazer o universo explicado aos humanos. Eles expuseram a filosofia e criaram a ciência como duas forças novas para o progresso da humanidade.
A criação dos sábios gregos apresenta duas fases: a primeira, de Tales a Aristóteles estudou a filosofia unida à ciência. A segunda fase se deu depois de Aristóteles em diante desenvolvendo a ciência separada da filosofia. O estudo filosófico se enfraqueceu enquanto o estudo da ciência particular se fortaleceu.
A primeira semana do mês representa o nascimento do pensamento grego, durante o qual se tentou explicar o universo por algum princípio físico, fora das lendas religiosas. Ao mesmo tempo a ciência positiva, segura, comprovada da Geometria se desenvolvia gradualmente. Tales é o principal representante da época.
A semana termina no domingo, com Tales como seu chefe.
Ver o Quadro 0226-1 do Mês de Aristóteles da Ciência Antiga. O quadro mostra os grandes homens representantes da criação da ciência abstrata.
ANAXÁGORAS nasceu numa família de posição elevada em Clazomene, na Jônia. Ele foi ainda jovem para Atenas, que começava a entrar no mais esplêndido período de sua história.
Seu caráter nobre e grave, com a fama crescente de seu ensino, atraiu em torno dele um grupo de amigos e de alunos. Entre ele estava Péricles que foi seu amigo por toda a vida e sobre quem ele exerceu uma grande influência. Ele ensinou a Péricles, no relato de Plutarco, a aplicar sua razão à interpretação da natureza, a se livrar de uma superstição aterrorizante e árida por meio de uma religião de paz e de esperança.
Mas Anaxágoras teve o destino usual dos inovadores. Sua ciência foi falsamente representada como um ataque contra a religião. Ele foi acusado de blasfemo e só escapou da morte pela intervenção de Péricles, que não pode impedir seu banimento de Atenas. Ele se retirou par Lampsacus, onde morreu com as honras de seus habitantes.
“Que o dia de minha morte seja um dia feriado para seus filhos” – foi a resposta que Anaxágoras deu àqueles que lhe perguntaram como homenageá-lo. Essa foi a razão, conta Plutarco, por que esse aniversário continuou um dia de festa até o segundo século antes de nossa era.
Anaxágoras, do mesmo modo como Anaximandro, via na criação do mundo apenas uma simples transformação. Afirmava que as diferenças entre as coisas só se poderia explicar pela existência de elementos diversos de composição. De todo o tempo esses elementos existiriam, mas sem serem combinados e estavam num estado de caos; os elementos semelhantes estavam misturados com os dessemelhantes.
Então, quando o espírito aparece, dizia ele, coloca em ordem os elementos. É feita a reunião correta dos elementos e é assim que o mundo é formado. Mas qual é esse espírito? Para Anaxágoras esse não era um ser supremo fora do universo. Era também um elemento, e um elemento material. Apenas, como Aristóteles também o representa, era um elemento distinto dos outros elementos e mais sutil, mais puro do que os outros.
A partir do momento em que o espírito dá regra ao universo, existe um princípio de ordem que a ciência pode se esforçar para conhecer. Nós devemos considerar Anaxágoras como tendo sido o primeiro a sentir a importância dessa verdade e a ver que ela conduzia à negação do azar e do destino. Esses dois nomes, dizia ele, são apenas os nomes que usamos para designar a nossa ignorância.
É dessa forma que pertence a Anaxágoras o mérito de ter reconhecido, como Aristóteles o faz mais claramente, que todo conhecimento nos vem por meio dos sentidos. Ele estabeleceu a distinção, desenvolvida pela filosofia moderna, entre a realidade objetiva e subjetiva. Em outras palavras, entre a realidade externa ao sujeito, do objeto, e a impressão que o sujeito pode ter do objeto, a impressão subjetiva. A distinção se faz entre as coisas em si mesmas e as coisas tais como nos aparecem. Para ele, nosso conhecimento está limitado às coisas como elas nos aparecem, nos acontecimentos. O conhecimento está limitado à experiência, à observação.
AMANHÃ: Demócrito o filósofo alegre.
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