0812 MILTON O PARAÍSO PERDIDO
12 DE AGOSTO: MILTON: Um poeta revolucionário moderno, partidário de Satan.
MILTON
John Milton
(nasceu em 1608, em Londres; morreu em 1674, em Buckinghamshire, Inglaterra)
GRANDE POETA INGLÊS, AUTOR DO POEMA PARAÍSO PERDIDO
A Estética, as artes da linguagem, da emoção e da expressão.
É parte da Filosofia. O sentimento é o motor da atividade e da inteligência.
O Calendário Filosófico consagra dois meses do ano à Estética moderna. O mês de Dante com o nome de Epopéia Moderna coloca também os nomes de representantes da poesia romântica. O outro mês é o de Shakespeare, dedicado ao drama moderno.
A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, sofre uma longa e demorada revolução. Criou-se uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do povo, pela paz necessária para a indústria e o comércio. Criou também a saída das artes e do ensino de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito, de modo quase despercebido.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolta. Os formadores de opinião da Idade Média, fortes e sistemáticos, perderam a unanimidade na sociedade. Mas a nova classe de formadores é heterogênea, sem unidade de doutrina. Ainda não está pronto o sistema próprio da nova civilização de liberdade, a ser pacífica, científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, de conflitos e alterações incessantes da vida estimula a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente apesar do clima de revolta. É o sinal da potente capacidade de produção da natureza humana.
Nesta quarta semana a poesia dos sentimentos domina a semana. Aqui estão os líricos, os místicos, panteístas, os poetas da mente humana em todas as suas manifestações e suas emoções, desde Tomás de Kempis e Bunyan até Byron e Shelley.
Ver em 0716 1 O QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com os grandes tipos humanos do mês.
Poeta entre os maiores da Inglaterra e da literatura, Milton viveu na época do desenvolvimento e do declínio do grande movimento do puritanismo e da revolução inglesa de Oliver Cromwell. John Milton descendia de uma família de pequenos proprietários abastados, estabelecidos há longo tempo no condado de Oxford. Seu pai, John Milton, tinha sido deserdado por seu avô católico, por ter se tornado protestante. Ele se estabeleceu como tabelião em Londres.
O poeta nasceu ali, em 9 de dezembro de 1608. Milton recebeu uma educação muito cuidada, sendo, desde sua infância, um devorador de livros. Ele estudou na Escola Saint-Paul aos 10 anos e aos 16 anos passou para o Christ College, em Cambridge, onde obteve o diploma de mestre em arte aos 24 anos.
Milton se destacou por sua paixão pela poesia clássica, por sua independência e reserva, sua pureza, simplicidade de vida e sua amizade por um ou dois amigos selecionados. Ele saiu de Cambridge em 1632 com o conhecimento de latim, grego, francês, italiano e do hebreu, habilitado na esgrima e a todos os exercícios necessários a um adulto educado da época.
Ele se retirou, então, para a casa de campo de seu pai em Horton, perto de Windsor, no sudeste da Inglaterra, resolvido a se consagrar por toda a vida à poesia. Tinha feito grandes projetos de elevado ideal. Milton foi feliz ao encontrar em seu excelente pai um homem de alto julgamento e de grande cultura, que encorajou as inspirações de seu filho para uma existência toda voltada para a arte. Por seis anos o poeta permaneceu em retiro, absorvido pelo estudo, pela meditação e pela poesia.
A vida de Milton então pode ser vista como uma peça de teatro em três atos. O primeiro ato é o calmo retiro tranqüilo em Horton, escrevendo seus primeiros versos. No segundo ato ele respira a atmosfera quente e desagradável da paixão partidária e dos ódios religiosos; então é hora dos seus panfletos de batalha, em prosa. No ato final são produzidos seus três grandes poemas, o PARAÍSO PERDIDO, O PARAÍSO RECONQUISTADO e SANSÃO, então o autor sendo pobre, cego, sem amigos.
Milton tinha feito muitos panfletos em defesa da liberdade civil e religiosa entre os anos de 1641 e 1660, apresentando-se como republicano. Serviu no governo de Oliver Cromwell como secretário para as línguas estrangeiras. Ele perdeu sua visão entre 1651 e 1652, mas continuou seu trabalho, produzindo continuamente com a ajuda de sua filha, de dois sobrinhos, amigos, discípulos e de empregados.
Com o fim da república e com a restauração da monarquia com o rei Charles II em 1660, Milton foi preso, mas logo foi perdoado e solto. Os últimos anos de vida do poeta foram de trabalho, embora com sérios problemas. Tinha uma economia doméstica de poucos recursos, a cegueira, a dor da doença da gota. Ele morreu em 1674, com 66 anos de idade.
O grande poema PARADISE LOST (Paraíso Perdido) conta a história da rebelião de Satan contra Deus e sua expulsão do paraíso. Conta a tentação e expulsão de Adão e Eva do Jardim do Eden. Os primeiros dois livros se concentram na figura do Satan e suas legiões, quando estão no inferno. Os anjos decaídos são mostrados individualmente e é descrita a geral idolatria pagã no mundo do oriente. O debate entre os anjos decaídos no inferno é de grande força realística.
A guerra no céu é uma grande metáfora representando a dispersão provocada pela anarquia do pecado.
A descrição de Satan é feita em escala super humana, a força, a coragem, a capacidade de liderança são bem mostradas, mas essas qualidades são todas perdidas por serem colocadas a serviço do mal e do engrandecimento pessoal, da vaidade.
O primeiro grande discurso de Satan ao seu ajudante Belzebu mostra o desafio a Deus, com orgulho egoísta, a falsa idéia de liberdade e a alienação a todo o bem. Dentro do inferno, Satan mantém a falsa aparência de uma atitude heróica, mas, fora do inferno, ele perde sua valentia, tomando a desesperadora consciência de seu próprio mal e de sua danação, o que dá uma dimensão trágica à poesia.
No poema é patente a força de imaginação e de organização do autor. Em todo o texto, em grande ou em pequena escala, na idéia abstrata ou no ato concreto, a tese e o material é interligado perfeitamente pela visão paralela e pelo contraste. É em razão dessa obra-prima poética que se pode afirmar que o PARADISE LOST não pode ser imitado. Recomenda-se, em nossos dias, a leitura desse poema e os Poemas Líricos de Milton.
A crítica mostrou que Milton é um revolucionário moderno, sendo partidário de Satan, sem o saber, projetando a si próprio na imagem do diabo, que, afinal, é o verdadeiro herói do poema.
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