terça-feira, 9 de agosto de 2011

0809 FENELON PADRE ILUMINISTA

09 DE AGOSTO: Fenelon: Trabalhou como homem e padre em favor do trabalhador pobre.

FENELON
François de Salignac de la Mothe-Fénelon (1651-1715)
(nasceu em 1651, em Perigord, França; morreu em 1715, em Cambrai)

TEÓLOGO FRANCÊS ARCEBISPO E ESCRITOR ILUMINISTA LIBERAL

A Estética, as artes da linguagem, da emoção e da expressão.
É parte da Filosofia. O sentimento é o motor da atividade e da inteligência.

O Calendário Filosófico consagra dois meses do ano à Estética moderna. O mês de Dante com o nome de Epopéia Moderna coloca também os nomes de representantes da poesia romântica. O outro mês é o de Shakespeare, dedicado ao drama moderno.
A civilização moderna, após o fim da Idade Média, com a queda do papado e do Feudalismo nos anos 1300, sofre uma longa e demorada revolução. Criou-se uma grande variedade na atividade humana, pela liberdade do povo, pela paz necessária para a indústria e o comércio. Criou também a saída das artes e do ensino de dentro das igrejas e dos conventos para os espaços laicos. As artes se libertaram do controle dos teólogos e de seus sacerdotes, como ocorreu com a Filosofia. Em ambos os casos sem luta, gradualmente, sem conflito, de modo quase desapercebido.
Na modernidade nos encontramos em fase de transição, em tempos de revolta.Os formadores de opinião da Idade Média, fortes e sistemáticos, perderam a unanimidade na sociedade. Mas a nova classe de formadores é heterogênea, sem unidade de doutrina. Ainda não está pronto o sistema próprio da nova civilização de liberdade, a ser pacífica, científica e industrial. A diversidade infinita de atividade social, de conflitos e alterações incessantes da vida estimula a originalidade mental, mas não são favoráveis à perfeição da criação artística.
Triunfos esplendidos foram conseguidos pelo gênio artístico independente apesar do clima de revolta. É o sinal da potente capacidade de produção da natureza humana.
Nesta quarta semana a poesia dos sentimentos domina a semana. Aqui estão os líricos, os místicos, panteístas, os poetas da mente humana em todas as suas manifestações e suas emoções, desde Tomás de Kempis e Bunyan até Byron Shelley.
Ver em 0716 1 O QUADRO DO MÊS DANTE, A EPOPÉIA MODERNA, com os grandes tipos humanos do mês.


FENELON nasceu no castelo de Fenelon, em Perigord, na França, de família nobre e antiga, que já tinha fornecido muitos membros de valor.
Ainda na infância, Fenelon se destacou por sua fraca saúde, sua natureza delicada e sensível, manifestando cedo dons intelectuais raros. Nos primeiros anos seu pai orientou o ensino, indo depois para a escola dos jesuítas.
Conta-se que seu primeiro sermão, aos 15 anos de idade obteve um sucesso extraordinário. Mas ele só foi ordenado religioso com 24 anos. Desde então, dedicou-se ao serviço dos pobres e fez da educação da juventude seu objetivo principal. Nesse primeiro período é que escreveu seu tratado sobre a EDUCAÇÃO DAS MOÇAS.
Depois da revogação do Edito de Nantes, que antes instituía a liberdade dos protestantes na França, a igreja católica fez grandes esforços para chegar a uma conciliação e enviou uma missão para as províncias. As raras qualidades de Fenelon, seu fervor, sua simpatia, indicaram-no como um chefe perfeito para esse serviço. Ele cumpriu sua obra com um espírito de moderação, dispensou a escolta militar que lhe foi oferecida e obteve grande sucesso.
O destaque que ele ganhou com sua missão levou o rei de França a nomeá-lo em 1689 como preceptor do jovem duque de Borgonha, herdeiro do trono francês. O jovem príncipe era singularmente obstinado e irritadiço. Mas Fenelon, com seu entusiasmo, pensava em fazer dele um novo São Luiz, um rei filósofo. Fenelon conseguiu a confiança e a amizade de seu aluno. Mas o príncipe não viveu o bastante para realizar as altas esperanças nele depositadas.
Foi para seu aluno que Fenelon escreveu seu famoso livro AS AVENTURAS DE TELÊMACO e também outras obras. Telêmaco em suas aventuras estava à procura de seu pai, Ulisses, e representou os símbolos das idéias fundamentais de Fenelon em política. O rei da França se sentiu ofendido pela afirmação no livro de Fenelon de que o rei existe para servir seus súditos, além de discordar da guerra e acreditar na fraternidade das nações.
Em 1693 foi eleito para a Academia Francesa de Letras e foi nomeado em 1695 arcebispo de Cambrai, uma cidade do nordeste da França.
Uma longa controvérsia colocou o rei, junto com Bossuet e os defensores da ortodoxia católica contra Fenelon, que passou a defender a heresia dos quietistas, de Madame Guyon. O seu livro EXPLICAÇÃO DAS MÁXIMAS DOS SANTOS foi uma defesa do quietismo. A obra foi censurada pelo papa, e Bossuet, com o apoio do rei, fez a condenação do livro pela Universidade da Sorbonne. Fenelon se submeteu à censura da igreja e ficou recolhido à sua diocese de Cambrai, onde passou o resto de sua vida, em socorro dos pobres, ensinando e aconselhando seus fiéis. Ele tornou-se o objeto de peregrinações de todas as partes da França, amado pelos protestantes e pelos católicos.  Fenelon morreu em Cambrai, em 7 de janeiro de 1715, com 64 anos de idade.
Fenelon foi um teólogo e um homem de letras com visão liberal em política e em educação, tendo exercido uma duradoura influência na cultura européia. É considerado um dos precursores do movimento intelectual chamado iluminismo, a filosofia do pensamento secular, laico.
A publicação de sua correspondência mostra que Fenelon mantinha um contraste entre suas tendências, ao mesmo tempo como antigo e moderno, cristão e profano, um místico e um estadista, um democrata e um aristocrata, gentil e obstinado, franco e sutil.
Fenelon se impressionou com a condição de pobreza do camponês e trabalhou como homem e como padre em favor do trabalhador pobre. Sua vida foi simples, harmoniosa e tudo que disse e que fez mostra um espírito de piedade verdadeiro e simples. Seu nome brilha entre os mais belos. Ele foi considerado o último poeta da vida contemplativa.

AMANHÃ: A majestade épica da sublimidade religiosa ressoando na língua alemã: Klopstock.


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