JUNHO 17. Bossuet: leis
sócio-históricas para descobrir as relações entre os fatos
BOSSUET
Bossuet, Jacques
Bénigne
(nasceu em 1627, em
Dijon, França; morreu em 1704, em Paris)
BISPO CATÓLICO
FRANCÊS PRIMEIRO NO TRATAMENTO FILOSÓFICO DA HISTÓRIA
A regeneração moral
com a compressão do egoísmo anti-social
Ver em 0520 C O QUADRO DO
MÊS DE S PAULO O CATOLICISMO com todos os grandes tipos humanos do mês.
NOSSOS ANTEPASSADOS INESQUECÍVEIS
Maiores figuras humanas na antiguidade
que prepararam a civilização do futuro.
FELIZ
QUEM HONRA SEUS ANTEPASSADOS
Jacques Bossuet (1627-1704) [pronuncia-se Já’
que Bô’ ssüê] foi ordenado padre
em 1652, aos 25 anos, após ser preparado no retiro de São Vicente de Paula.
Depois foi para Metz onde foi elevado a cônego, e onde tornou-se decano. Senhor
imponente do cargo, conquistou logo a confiança do rei e se destacou na Igreja
e na corte real. Tornou-se célebre pelas Orações
Fúnebres que pronunciava. Indicado como bispo de Condom em 1669 aos 42
anos, deixou o cargo para cumprir seus novos deveres na corte, como preceptor
do Delfim, o primogênito do rei. O que fez até 1681, com 54 anos. Tornou-se
então o bispo de Meaux.
A primeira questão como bispo foi
apresentar-se como o orador da assembléia do clero que Luis XIV convocou para
sustentar sua orgulhosa demanda com o papa em relação à nomeação dos prelados
pelo rei e para defender os direitos da Igreja Galicana, a igreja da França. De
sua autoria são também os quatro artigos que, denunciados pelo papa, o rei Luis
XIV fez promulgar como lei do Estado Francês. O que marcou uma época na
historia da França e da Igreja Romana. A partir desse momento, Bossuet se
dedicou plenamente à sua diocese, cumprindo seus deveres de bispo com um zelo
exemplar e ainda sem parar de escrever. Em 1700, com 73 anos, dirigiu outra
assembléia em que combateu várias heresias.
Bossuet morreu em Paris em 1704 aos 77
anos de idade, sendo enterrado na catedral de Meaux.
Ele foi o mais eloqüente e o mais
famoso pregador de sua época. E até hoje é apreciado em suas obras literárias,
incluindo as orações fúnebres que produziu. Fez a defesa da ortodoxia e da
ordem da Igreja Católica Romana. Mas todos os seus atos, mesmo os mais famosos,
são marcados por favorecer o seu chefe da nação, o seu rei. A seu respeito,
disse Arnauld que
“Existe todavia um `verumtamem´,
um porém, um contudo, que eu entendo como sendo que ele não devia contas a
Deus: é que ele não tinha a coragem de contrariar o seu rei. É a condição
daqueles tempos, mesmo para os que têm as grandes luzes”. Chamado de “Águia de Meaux”, foi o mais ativo
antagonista dos perturbadores imediatos da Igreja Romana. Ele manteve com os
protestantes uma controvérsia que durou tanto quanto durou sua vida.
O principio do livre exame na religião com
a leitura da Bíblia por todos foi uma conseqüência direta da secularização e das mudanças sociais que
ocorreram a partir de 1301 em diante, até chegar à Reforma protestante de
Lutero, em 1517. A
religião não conseguiu resistir ao exame pessoal de seus mistérios, feito
individualmente pelos adeptos usando o livre exame de sua doutrina. Os
mistérios devem ser aceitos por fé, mesmo que absurdos. A partir dessa época o
poder central do papa ficou cada vez mais ameaçado, e tanto os reis como os
padres achavam que poderiam pensar dentro da religião, como em outros assuntos,
de forma racional. A partir do enfraquecimento do papado, cada igreja nacional
se subordinou a seu próprio governo político, acabando seu vinculo
administrativo com a sede romana, sem ruptura. Era o fim do poder do papado.
As heresias se multiplicaram, e, no
tempo de Bossuet, ele combateu o jansenismo,
que não aceitava o livre arbítrio e pregava que a graça seria inata, dada a
poucos. Outra heresia da época foi o quietismo,
que dava ênfase à salvação da alma de cada crente, levando ao extremo da total
inatividade. Revela o conflito da religião com sua utilidade social.
Bossuet escreveu muitas obras, sendo as
mais notáveis A Política Sagrada, em
1671, O Discurso sobre
a Historia Universal de 1681 e o Resumo da Historia da França, de 1670. Ele realizou, pela
primeira vez, a apreciação filosófica direta do conjunto do passado da
sociedade humana.
Com seu Discurso Bossuet participou
do trabalho de preparação da Sociologia
como estudo científico verificável, positivo, da sociedade, com uma elaboração
histórica onde, pela primeira vez na
história, o fenômeno político
é considerado como sujeito a leis
invariáveis, e que, pelo tratamento racional, uns fatos podem ser
determinados pelos outros. O que só se comprova a nível de fenômeno abstrato.
Ou seja, quando a pesquisa usa os fenômenos bem definido como um acontecimento
não físico, geral, válido como qualificador de qualquer dos seres qualificados.
A razão do grande serviço
prestado por Bossuet resulta do objetivo que procurava, que foi propor o estudo
da historia sistemática como a
base necessária da educação política.
Por seus trabalhos literários e por sua
filosofia, Bossuet é um exemplo bem definido de que o gênio estético convive
com a criação intelectual na mesma pessoa, e cada habilidade é posta em ação
pela necessidade ditada pela situação do momento.
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